domingo, 22 de agosto de 2010

ENTRE BLOGUEIROS E TWITTEIROS

A moda atual de redes de relacionamentos entre os internautas fez surgir o Twitter que pode ser criado sem qualquer ajuda de um profissional da área de informática. Todo mundo tem procurado criar o seu microblog e por lá deixa a sua marca sem qualquer corte à liberdade de escrever o que bem quiser em 140 caracteres (ou toques, como se diz na imprensa). Escreve sobre o que está fazendo, o que pensa, o que espera publicizar, faz reply de um link ou frase interessante ou não, retruca a um amigo que está na mesma faixa de seguidores, bloqueia os “chatos”, segue alguns interessantes, desabafa sua raiva contra o Remo ou o Paissandu (no caso do Pará), enfim, concentra nessa faixa de caracteres tudo o que o espaço comporta. Conforme diz Gabriela Zago em seu blog (IUS Communication) trata-se de “uma ferramenta que permite atualizações rápidas e curtas e, se possível, a partir de uma multiplicidade de suportes diferentes. É possível atualizar o Twitter, por exemplo, pela web, por instant messaging (IM), ou até pelo celular - por short message service (SMS) ou internet móvel.”(publicado em 02/2010)

Criado em 2006 por Jack Dorsey da start-up Obvius Corp., o Twitter foi o precursor de outros microblogs, ( o SEESMIC, o BRIGHT KITE, que não se limitam ao texto, mas pode-se postar vídeos, fotos etc.) e tornou-se referência para milhões de pessoas. Nesse suporte, além do que você revela em microtexto, há lugar para os seguidores (followers) ou os que lêem seus tweets, e os que você segue (following). Qualquer pessoa pode ler seus posts e optar em seguir você, ou você pode autorizar uma pessoa a ser seu seguidor ou não, ou seja, você pode bloquear quem não lhe parece interessante. Se você optar pelo reply (referência abaixo de seus tweets) estará respondendo a outros posts, mas se fizer o retweet, você vai replicar o que seus seguidores postaram.

Para um/a tweeteiro/a, há uma serie de novos termos que deverá aprender caso deseje participar da nova política de “inclusão social” com abertura para uma faixa significativa de formas de presentificar-se nos atuais processos da mídia digital contemporânea. Do simples termo aos meios de uso dessa tecnologia há hoje uma significativa dicionarização de processos. Por exemplo, o direct message (mensagem direta) é a mensagem privativa que é lida somente pelo destinatário. Sua estratégia é colocar a letra D antes do login da pessoa. Hahstag é o meio de acelerar e facilitar a busca de mensagens ou de algo que interesse de forma especifica ou do que alguém está fazendo ou dizendo. Para isso o símbolo # na frente de uma palavra tende a sinalizar essa convenção ou como dizem essa etiqueta tag.

O enfoque sobre essa nova moda de exposição da pessoa de forma a ser percebida por outras, deixando o anonimato dos diários de nossos avôs/avós (muito comum em uma época) tende a demonstrar que essa tecnologia está sendo usada indiscriminadamente, desde aqueles que nada têm a comentar a não ser futilidades do dia-a-dia somente deixando a maré da presença para fins de exibicionismo, como também pelos lideres políticos (ou simplesmente candidatos a...) de um modo geral e, sem dúvida, já deixou um indicador de sucesso à popularidade, na campanha de Barack Obama à presidência dos EUA. Se o leitor se interessar em observar essa nova maneira de “fazer política” ou como é possível tratar, de um novo palanque além do eletrônico (TV) usado pelos aspirantes a um cargo de representação política num momento em que explodem as fases da eleição geral de 2010 entre os brasileiros, é bom visitar as micro-páginas desses twitteiros.

Se o futuro candidato está com mandato parlamentar (ou é aspirante) ele recorre aos mecanismos que ampliem seu espaço de informação aos eleitores. Utiliza-se da campanha “tradicional” (uso dos recursos de comunicação através de distribuição de material gráfico, comícios, reuniões abertas e fechadas com centros comunitários, operação corpo-a-corpo etc.); da campanha eletrônica (uso dos mesmos recursos do tipo anterior numa base de exposição mais ampliada – a TV, ferramenta usada pelos partidos para a campanha eleitoral gratuita, servido para apresentação de entrevistas e debates entre os candidatos); e, finalmente, da campanha em “meios digitais” ou a internet, que a Sociedade da Informação passou a usar correspondendo a novas formas de criar sedução a um eleitorado que está teclando em toda parte onde possa conseguir uma rede virtual. É o meio de levar a informação de forma ampliada, ilimitada e instantânea, com facilidade de acesso aqueles que usam a ferramenta.

Esta novidade tecnológica transformou as atitudes e o comportamento daqueles/as que lutavam ontem com os seus “santinhos” de casa em casa e hoje podem dispor de meios para chegar a mais de cinco milhões de pessoas em um segundo. O interessante é que os/as candidatos/as recebem imediatas respostas desses seus eleitores potenciais, sejam positivas, negativas ou explicitamente críticas. Trata-se de uma troca de mensagens que pode inclusive, modificar a forma de campanha daquele/a que está no processo. Uma revista nacional contratou uma empresa para monitorar durante uma semana cerca de 10 milhões de usuários do Twitter, no Brasil, objetivando descobrir o que circulava em torno da próxima campanha presidencial e dos potenciais candidatos/a. As observações levaram à montagem do perfil dos concorrentes que estão “melhor na foto”. Também se pode, dessa forma, precipitar discursos de campanha que não são permitidos de forma tradicional.

Inegável, portanto, a presença de blogueiros e twitteiros fazendo a festa democrática eleitoral de 2010.


(Texto publicado em "O Liberal", março 2010)

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