sábado, 22 de janeiro de 2011

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO



Na era da democracia, o uso das midias via internet permitiu que houvesse um tempo real de comunicação entre as pessoas conectadas, facilitando a troca de conhecimentos, a coleta de dados, e possibilitando ampliar a interlocução entre os/as cidadãos/ãs, que às vezes se intimidam em “jogar conversa” num diálogo frontal provocado pela opinião de um determinado interlocutor discordante.

A velocidade das noticias e o acesso às informações possibilitadas desde os anos noventa do século vinte, modificou as relações sociais e com isso transformou o mundo. Do modo de ser personalista dos individuos à capacidade de confrontar-se com o coletivo (múltiplas vozes, multiplos discursos, multiplas opiniões), o passo foi marcante. Mas nem por isso tornou-se pacifico o alcance das coisas.

O/a internauta que navega entre as páginas exibidas no vídeo de seu computador teve que aprender o mecanismo de acesso nesse aparelho, além de um novo vocabulário para se comunicar com a sua própria máquina, sob pena de empacar no primeiro termo que estivesse á sua frente. Por exemplo: spam, link, nickname, url, email, download – as mais rotineiras e, talvez, mais fáceis para alguns – necessitam de um dicionário em inglês e, às vezes, o essencialmente técnico para elucidar o significado desse quadro referencial. Aos que ainda não se dispõem a aceitar essas inserções em novos conhecimentos e aos que se recusam a trabalhar com essas novas ferramentas diz-se que são “analfabetos” e passam a fazer parte da nova política pública de inclusão social (não é esse o objetivo da criação de infocentros nas escolas e, principalmente, na zona rural?).

As inovações tecnológicas que ocorrem mundialmente sempre trazem sequelas e sempre revolucionam os costumes e o modo de ser das profissões e das maneiras de relacionamento das pessoas. Acentuam as homogeneidades e criam novas necessidades. Se Johannes Guttenberg em 1439 revolucionou a imprensa ao inventar o tipo mecânico móvel para a impressão de livros e jornais, possibilitando a rápida publicação e consequente disseminação de idéias e noticias, promovendo um dos mais importantes eventos da era moderna, não é possivel desconsiderar que com isso as revoluções no pensamento e nas idéias da época ficassem de fora das mudanças. A ciência nascente, o obscurantismo religioso e o ideário do renascimento prodigalizaram a revolução social e atingiram as massas que assim passaram a ter informação sobre certas situações e atos praticados pelo poder oficial de governos e da igreja, instituições que tinham acesso ao conhecimento produzido por seus membros, mas restringiam sua difusão, um meio mais eficaz de manter o elitismo da aprendizagem e a própria autoridade. O saber era poder e assim, as amarras aos sistemas de dominação prevaleciam e ocultavam as opiniões discordantes sobre regras e leis que dispunham sobre a vida das pessoas.

Com o telégrafo inventado por Samuel Finley Breese Morse em 1835, o que já havia sido um meio mais eficaz de publicar e desenvolver a leitura e o saber das coisas ampliou a revolução das letras, pois livros e jornais deixaram as fronteiras dos territórios e rapidamente chegaram a outros países. Novas práticas e costumes foram sendo forjados com essa tecnologia, principalmente entre os que faziam os jornais que precisavam ultrapassar seus concorrentes para chegar á exclusividade do seu noticiário. O “furo”, a “notícia em primeira mão” passou a ser uma batalha tanto pessoal (jornalista) quanto institucional (dono do jornal). Mas, com as taxas de urbanização tão baixas e os provaveis usuários leitores ainda diminutos, haja vista o alto índice de analfabetismo, como atingir os que ainda necessitavam de aprender a ler? Políticas para a criação de escolas públicas possibilitando a formação dos leitores ( havia limites à aprendizagem das mulheres só mais tarde eliminados das normas sociais), certamente passaram a ser um novo dispositivo dos governos que então observavam que com as novas tecnologias haveria a disseminação de seus próprios projetos. John Stuart Mill, filósofo, pensador, economista inglês e membro da Câmara dos Comuns eleito como candidato radical por Westminster (1865) defende o reconhecimento da igualdade das mulheres e o sufrágio feminino apelando para a necessidade de este gênero receber educação, onde se incluia o aprender a ler.

Como se vê, em cada ponto de intercessão entre o avanço tecnológico e o processo de aprendizagem da população para dar consistência às tecnologias de ponta, inscrevem-se os metodos modernos de difusão. Hoje, o que se expõe numa forma de politica chega depressa ao público alvo. Ou, generalizando, a quem ainda se mostra insensível a certos fatos pelo absoluto desconhecimento deles.

A internet assumiu no plano real o cenário imaginado pelos escritores de ficção nos anos há muito passados. Se, por exemplo, George Orwell usava de uma comunicação instantânea com uma população através de monitores de TV no seu romance “1984”, nem foi preciso estacionar no ano proposto pelo escritor. Na virada do século (do XX para o XXI), mensagens, discursos, slogans, o que outrora era maquinismo dos comicios de rua e de impressos por diversas formas (incluindo-se os chamados “santinhos”/ fugurinhas com propaganda de determinado candidato a cargo eletivo) chegam rápido ao destinatário, divulgando idéias que podem ser acatadas ou contestadas.

O futuro abrirá ainda mais espaço à comunicação social. Consequentemente, os governos precisarão de novas midias para ganharem a confiança do povo. Por outro lado, o mesmo caminho tecnológico incitará o senso critico das massas.

(Texto anteriormente publicado em "O Liberal"(PA), em 21/01/2011. Desenho de abertura estraído de ma-marconcine.zip.net)

Um comentário:

  1. mais uma vez Luzia Parabéns e obrigado pela visita e comentário no meu blog! só faltou vocÊ ser minha seguidora hahahhaha vou aguardar!

    José Azevedo

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