Campanha eleitoral é um conjunto de estratratégias organizadas para a exposição do desempenho dos partidos e de seus candidatos/as diante do eleitorado, em busca de angariar votos.
No próximo dia 3 de outubro, 135.804.433 eleitores/as brasileiros/as estarão a postos, para sufragar os/as candidatos/as que concorrem nestas eleições gerais aos cargos majoritários e proporcionais e que foram “passados a limpo” em sua avaliação. Inúmeros motivos têm sido levantados para verificar o comportamento desse eleitor/a na hora da decisão do voto.
Há estudos demostrando que em países do chamado primeiro mundo (EUA, Inglaterra, Alemanha) somente 25 a 30% do eleitorado acompanha e se interessa por temas políticos. Este percentual é muito menor nos países de baixo indice sócioeconomico ou emergentes, como o Brasil, considerando-se também o baixo nivel de informação, baixo interesse partidário e de atividades nesse campo, salvo o ato de votar que tem cunho obrigatório e, nas democracias eleitorais, se assenta como nivel de participação ativa. Assim, os estudos feitos para avaliar os parâmetros do eleitor médio em torno da política oferecem uma representação do desinteresse que este tem por esta prática. Mas é preciso notar que a visão ampla da política está centrada numa única área, que é a eleitoral. O conceito de política é muito mais abrangente do que restritivo.
No que é possivel observar, a população das cidades e dos municipios é sacudida por informações bem mais diretas dos partidos e candidatos locais nos períodos de eleições, quando o assedio pessoal e midiatico se torna estratégico para conquistar votos. A estranheza é que não há encontros regulares com o/a eleitor/a ao longo de quatro anos quando alguns estão com mandatos. E aqui entram os mecanismos mais enfáticos da personalização política, bombardeando o eleitorado de informações sobre feitos, defeitos e não-feitos de concorrentes dos partidos da situação e da oposição. A propaganda de uns exaltando suas qualidades e benfeitorias e de outros desfazendo o mérito dos que dizem ter realizado este ou aquele benefício para o povo em gestões presentes ou passadas, às vezes se torna uma arma de dois gumes, sendo vista como evidência de publicidade para cativar eleitores e não para prestar contas das realizações ou apresentar programas do que será realizado numa vitória do/a candidato/a. Já ouvi depoimentos de pessoas que estão assistindo ao programa eleitoral gratuito no rádio e na TV considerando que tudo o que dizem os competidores não passa de propaganda vazia encarada sem crédito mais objetivo de re-avaliar a decisão a tomar para mudar ou apoiar o voto a ser sufragado.
Na década de 1940, um estudo dos cientistas políticos Lazarsfeld e Katz (Universidade da Columbia/EUA) considerava “o fluxo de informação em dois graus signifi[cando] que muitas pessoas recebem a sua informação de maneira indireta e que muitas delas validam e incorporam o que leram ou ouviram somente depois de haver trabalhado este material com outras pessoas”. É possivel, então, que muitos/as brasileiros/as estejam acompanhando “en passant” o noticiário da política real do país, mas sejam ou estejam sendo “sacudidos” pelos emblemáticos discursos que ouvem através da televisão ou pelas mensagens (positivas sobre uns, negativas sobre outros) que recebem de amigos ou dos próprios partidos via internet. O choque dessas informações vai acioná-los para terem melhor conhecimento dos fatos e assim considerar mais racionalmente a decisão do voto.
Para medir a "razão" da escolha do voto do eleitor para a câmara dos deputados, entre os internautas que acessam o seu blog, Jairo Nicolau (http://eleicoesemdados.blogspot.com ), professor do IESP/UERJ, apresentou algumas frases situando variáveis como: voto ideológico, partidário, personalizado, regional, em grupos de interesse, em branco, nulo ou outros. O script com maior percentual até o momento é o personalizado (34%), seguindo-se o idelogico (27%) e o partidário (20%).
Esse resultado ratifica a tradição do modelo de voto no Brasil (personal vote) e deixa exposto o que se está levantando em torno das campanhas serem um vetor de estratégias montadas pelos/as candidados/as usando novas ferramentas de comunicação (marketing, pesquisas de opinião) tecnologias variadas (bandeirolas, banners, faixas e cartazes), discursos nas midias (twitter, blogs, orkut) sobre sua trajetoria na política e na gestão de governo. Procuram impactar as escolhas fornecendo atalhos cognitivos sobre a sua prática política. Estes atalhos, como diz Popkin (1994), “poupam os eleitores de, constantemente, procurar por fatos políticos relevantes”.
(Publicado em "O Liberal" em 16/09/2010)
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