domingo, 4 de dezembro de 2011

PRÉ-CANDIDATURAS: NOVAS VARIÁVEIS?

(ofincess.blogspot.com)

Em que pese a campanha sobre a divisão do Pará estar em ritmo acelerado, com as mídias e as redes sociais se enfrentando em torno dessa situação, os líderes partidários paraenses trocam idéias com sua base de eminências e militâncias ativas para chegar a um nome de consenso que possa converter o capital político e social acumulado de determinado prócer, em votos nas próximas eleições municipais de 2012. Pesam nessa balança de pré-candidaturas os envolvidos em frentes emergentes de ação contabilizada pelas criticas da população. Serviços públicos que cometem deslizes estão na “ordem do dia” para que sejam defenestrados os responsáveis pelo mau desempenho. Se não há indicativo ostensivo de culpados, cobra-se ao partido incumbente uma decisão imediata para resolver o problema e/ou culpa-se aquele que deixou o cargo na situação desastrosa. Outra estratégia refere-se à discussão sobre questões polêmicas do tipo construção da Usina de Belo Monte que tem aglomerado a sociedade civil paraense e até mesmo internacional em torno da necessidade de deter esse programa devido os malefícios que trará quando estiver ativa. Aliás, numa recente reunião (29/11) entre o Ministério de Minas e Energia, o responsável pelo consórcio de empreiteiras de Belo Monte, deputados e a Prefeita de Altamira (do PSDB) responsabilizada pelos atrasos do programa, esta esclareceu que “desde o início do processo de implantação da obra, a prefeitura estaria no apoio ao projeto”. Pergunta-se: esta posição da prefeita vai onerar sua indicação à reeleição e/ou um nome de sua confiança caso não possa mais candidatar-se? Conseguirá votos na cidade de origem sabendo-se que o Movimento Xingu Vivo alarga-se consideravelmente?

As variáveis do processo de escolha, também uma forma de recrutamento partidário aos nomes de filiados/as e/ou à formação de coligações para o tempo eleitoral, têm mantido algumas pré-candidaturas na “boca do povo”. Já me referi aqui, em outro texto, ao PSDB, PTB, PPS, mas outros partidos também estão conversando entre si e seus aliados sobre as pré-indicações de candidaturas à prefeitura de Belém que possam ser exitosas no próximo pleito municipal.

Sabe-se, por exemplo, ao acessar os blogs oficiais dos partidos e/ou em conversas com certas lideranças que, embora algumas organizações mantenham em seu estatuto a realização de prévias para chegar a um denominador comum sobre esses pré-candidatos, se houver essa consulta haverá dissensão entre os grupos que se formam nos partidos e têm opção por um nome. No PT, por exemplo, está previsto a realização de prévias para escolha do nome do/a candidato/a à prefeito/a de Belém. Embora a decisão tenha sido tomada na reunião do Diretório Municipal, votadas duas propostas – se tirada em convenção ou pelas prévias – venceu esta última. Contudo, em conversa com um membro do partido que mantém o “discurso competente”, ele me informou que esse processo é bastante desgastante, haja vista que aquele que for indicado nem sempre receberá o apoio dos que perderam. E essa situação é difícil, disse-me ele, para contornar e levar à unidade do partido. Assim, as“costuras” estão sendo feitas em torno de um nome de consenso e a desistência de prévias. A voz corrente tem apontado para os nomes de Waldir Ganzer, Mário Cardoso, Carlos Bordalo, Alfredo Costa, Edilson Moura e, mesmo, de Ana Julia Carepa. Cláudio Puty já propôs publicamente seu nome “para o bem do partido”(?), considerando sua votação expressiva para a câmara de deputados em 2010. Pergunta-se: em se dando a necessidade de unidade, sem prévias já estabelecidas, quem iria ao pódio da pré-candidatura em fevereiro (data de apresentação do/a candidato/a oficial)?

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) tem recebido significativo apoio popular à pré-candidatura do deputado Edmilson Rodrigues que está propiciando visibilidade, não só pelo potencial de votos recebidos em 2010, como pelo capital político considerável que tem (p. ex, saiu do governo municipal de Belém, em 2004, no segundo mandato, com 60% de aprovação popular), mas, também, por estar sempre na mídia por seus pronunciamentos da tribuna da AL. A senadora Marinor Brito está sendo cogitada para uma composição com o colega, contudo, de um líder do partido ouvi ponderações sobre essa situação, sem descartar as insinuações populares. Pelo próprio processo programático desse partido sabe-se que dificilmente ele fará composições com outros que não tenham o perfil político assumido.

Outro partido que costura nomes é o PSB, apontando-se a pré-candidatura do deputado Cássio Andrade. Na verdade, esse nome seria mais um “balão de ensaio” visando uma composição com o partido do governo e/ ou a necessidade de sair do jogo caso seja oportuno para o PSDB. Mas o vereador José Carlos também se lançou pré-candidato, em outubro último.

O PMDB cultiva os nomes de José Priante e Elcione Barbalho, aquele com uma avaliação significativa de intenção de votos (pesquisa feita em junho/201s1). O PCdoB ensaia apresentar o ex-candidato a deputado federal Jorge Panzera.

Entre conversas, desconversas e muitas opiniões, o certo é que está entrando nesta fase de decisão de pré-candidaturas, uma nova variável no jogo político que se articula para eleger o prefeito de Belém. Trata-se da questão do separatismo, presente na maioria das postagens entre blogs e demais redes sociais, sentimento de amor pelo Pará unido e Belém governado por quem é fiel à terra. Os nomes dos trânsfugas são citados, suas fotos expostas e as mensagens cada vez mais incisivas procuram desqualificá-los. Creio que depois do 11 de dezembro, chegará por aqui a “terra arrasada” de algum partido que já projetou o nome de seu candidato e supôs imbatível nas urnas. Então teremos a chance de ver o que virá de embates sobre quem abandonou o mastro que lhe deu guarida por tanto tempo e hoje quer levar consigo o naco da terra alheia.

(Texto originalmente publicado em "O Liberal" (PA), de 02/12/2011)

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