Depois das eleições chega-se à “hora da verdade”. O/a eleitor/a que avaliou as promessas de campanha dos diversos candidatos/as (aos cargos majoritários e proporcionais) passa a ser o cobrador dessas benesses prometidas. E chega o tempo em que os próprios candidatos/as, hoje vitoriosos, devem considerar o que foi cogitado, muitas vezes a conselho de marqueteiros que vislumbraram formas de incentivo à campanha para vencer o pleito.
É comum imbuir na pretensão ao cargo eletivo resolução rápida de problemas que dificilmente seriam solucionados com brevidade ou explorar a construção de uma Utopia a desafiar, até por corrigir alguns preconceitos emitidos na idéia histórica, na sociedade concebida por Sir Thomas More.
Hoje, o triângulo das promessas, ou o que mais se evidencia na expectativa popular, é composto de saúde, segurança e educação. As três vertentes estão ligadas, no sistema político em que vivemos, à economia. Mas como na história das mil e uma noites, o eleitorado não pensa em gastos financeiros. Pensa, sim, no ganho de seu salário, acomodando este fator aos itens sugeridos. Então seria como pedir ao Gênio da Lâmpada que o livre dos assaltos nas ruas, que lhe dê socorro médico a tempo e a hora e que lhe facilite a educação de filhos/as (e a si próprio).
As pessoas dificilmente mostram-se satisfeitas com o que conseguiram ganhar ou com a continuidade de um bem. Geralmente querem a melhoria do que alcançaram e esperam obter outros serviços aos quais não tiveram acesso. E não se diga que a ambição de tempos melhores é uma forma de evitar o conformismo. É simplesmente a idéia de que outras benfeitorias podem trazer a satisfação de suas necessidades básicas.
Na democracia, a síntese de governo como “do povo para o povo” requer uma responsabilidade que manipula variáveis muitas vezes conflitantes. Nem sempre o que é bom para uns é bom para outros. No caso, espera-se que se contente a maioria. E para isso é cobrado dos poderes constituídos uma resolução abrangente. Mas é difícil para os membros desse poderes conseguirem casar as suas idéias com as possibilidades reais do Estado. Entra em cena o fator econômico que muitas vezes é escamoteado do eleitorado como um “ponto” do teatro. Surge, então, outro item importante na troca de governo: a continuação ou não do que foi ou do que está sendo feito. Por exemplo: se o país conseguiu driblar uma grande crise econômica de caráter internacional pela habilidade com que foi trabalhada a economia nacional, pergunta-se: uma nova orientação é extremamente necessária apenas por ser nova? Ou é importante a adequação de algumas arestas dessas políticas para enfrentar as supostas “bolhas” que estão sendo denunciadas por alguns jornalistas políticos e economistas? Se um Ministério ou uma Secretária de Estado está cumprindo com eficiência a sua missão este órgão deve ser mexido para que assuma uma assinatura diferente?
Há de se considerar que os caminhos da utopia precisam ser palmilhados mesmo que não se encontre um fim. Os pólos do citado triângulo (saúde, segurança, educação) sempre estão precisando de formas (nem se diga “reformas”, mas simplesmente métodos mais objetivos). Como são ângulos extremamente heterogêneos, a dificuldade de se tratar de tudo e de todos em um período de governo é mesmo um processo fantasioso a voltar aos contos árabes. De qualquer forma, há meios de demonstrar como serão tratados os problemas. Por exemplo: mais postos de atendimento para saúde, mais hospitais (e, principalmente, mais médicos); mais efetivos políciais nas ruas e meios de rápido atendimento à população; e mais escolas com professores. Tudo isso requer mais financiamento porque é necesssário o provimento digno de salários a esses profissionais. E não se pede uma solução “mágica” como o retorno do CPMF, uma válvula que se fecha por um lado e abre por outro (sabe-se do quanto o mercado sofre com um imposto a mais – e, no caso, inclemente). Precisa-se, isto sim, de um bom planejamento. E nada se faz do dia para a noite desde que não se jogue um problema para frente - ou, como diz o povo, “empurrar com a barriga”.
Os/as eleitos/as comemoram a aprovação nas urnas, mas devem saber que sua carreira política requer estratégias que desafiam capacidades. E o tempo, no caso, sempre é um inimigo, posto que as pessoas que os elegeram não esperam na hora da cobrança.
O desejo do cidadão e da cidadã é que uma consciência política atue entre os/as eleitos/as acima de suas ambições particulares ou partidárias.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
EXPECTATIVAS & FRUSTRAÇÕES
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Oi Luzia! Cristina me mandou o link do teu blog. Parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirEu tenho um há algum tempo, de crônicas em geral. Pra liberar a inspiração. Dê uma olhada.
www.diariodeumamulherdespeitada.wordpress.com
Expectativas e frustrações pós-eleições... Acontece que para a maioria prevalecem as frustrações. No caso do Pará, isso é muito mais evidente. Só em Belém, a chuva de hoje - pleno verão amazônico - deixa entrever o que vai ser o próximo inverno. E obras importantes como a Avenida Independência parecem tão vulneráveis a uma chuva. Então, as pessoas são entrevistadas na TV sobre os problemaas e, ao se ouvir as pessoas - de um lugar seguro, não atingido pelos alagamentos e suas mazelas - suas expressões de deseperança, permitem compreender os paradoxos dos comportamentos eleitorais. Esta é uma forma de participação política cheia de problemas, a participação por representação, não acha?
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