sábado, 1 de setembro de 2012

ENTRE A CARREIRA POLÍTICA E A ESCOLHA

 


 
As pesquisas eleitorais conceituadas estão mostrando pêndulos de interesse do/a eleitor/a por este ou aquele candidato ou candidata ao cargo majoritário (executivo municipal) às próximas eleições, num momento que alguns subsidios de capital social estão sendo expostos pelos competidores, em suas campanhas políticas, como sejam bandeirolas, caminhadas nas ruas, nos meios midiáticos em que a imagem leva ao comprador do produto que tem tv aberta, rádio, imprensa e o que dispõem de outras mídias como as redes sociais (facebook, blogs, sites, orkut, twiter, myspace, etc. ), são subsidios que tendem ao reconhecimento desta ou daquela figura publicizada como o/a escolhido/a para sufragar. Aos os cargos parlamentares municipais, a situação é um pouco diferente, haja vista a proporção de candidaturas e o tempo exíguo em exposição pública. Mas em cada distrito eleitoral, os vários campos de exposição dos concorrentes são abertos e, assim, o eleitorado hoje tem mais chances de reconhcer quem é quem no processo, avaliando a carreira política de candidatos/as.

Na minha concepção, uma carreira política tende a acumular três níveis de trajetória pessoal, ou seja, o percurso que um/a cidadão/ã faz em várias áreas de sua vida. Na trajetória política, o capital social acumula-se em práticas sociais e nos movimentos políticos, considerando-se desde a fase estudantil. A trajetória profissional capitaliza valores no âmbito da profissão exercida. E a familiar extrai valores dessa base afetiva quando estes valores são herdados da geração anterior. Assim, um/a candidato/a tem este acúmulo como motivação e interesse na competição eleitoral.

Considerando que cidadãos/as ascendem ou descem esta escada em arranjos formais ou informais, explora-se o como e o porquê uma pessoa se torna “política” (no sentido weberiano), e se para isso há uma escala de valores numa trajetória pessoal que cria um padrão de carreira onde estão centradas as motivações pessoais e  partidárias dos aspirantes que desejam concorrer.

O cientista político David Samuels (1998), ao se perguntar qual a estrutura de carreira política no Brasil e quais conseqüências são observáveis sobre a ambição política dos candidatos, no país, explica, numa tese doutoral, em meio à metodologia qualitativa e fórmulas matemáticas, que os brasileiros não constroem carreiras congressionais porque estão mais interessados nas carreiras no plano local, diferentemente dos parlamentares norte americanos que apresentam alta taxa de candidaturas para reeleição. Diz que os candidatos brasileiros buscam a reeleição, porém não buscam o carreirismo num plano federal porque os benefícios do plano municipal e estadual são maiores em relação aos custos de uma baixa visibilidade congressional num distrito como o Estado e numa representação plurinominal. E que o estudo da estrutura de carreira política não pode se resumir às questões micro, “mas as questões macro do desenvolvimento institucional e político, como mudança de regime e outras questões que interessam os teóricos democráticos”. A maior evidência empírica que o autor apresenta é sobre a ambição política do competidor. Diz ele que esta “...inicia e finda no nível subnacional, com o legislativo nacional servindo meramente como um trampolim para altos cargos tipicamente no ramo executivo do governo municipal e estadual”.

E como o eleitorado observa esses detalhes para chegar às urnas com sua escolha definida? Há também teorias que dispõem, dentro do mainstream de cada área das Ciências Sociais, um enfoque diverso.

A sociologia, por exemplo, explica o comportamento eleitoral através das influências do ambiente sócio-econômico-cultural vivenciado pelos indivíduos, “gerando determinadas clivagens sociais que se expressam através de partidos específicos, com os quais setores do eleitorado se identificam” (Matta-Machado,1992). Corresponde a dizer que o eleitor/a é influenciado pelas interações intergrupais que realiza no ambiente social votando ou não nos candidatos que estão ao seu alcance interacional.

A corrente psicosociológica se baseia em variáveis que privilegiam as atitudes dos cidadãos com outros fatores característicos como etnia, escolaridade e status socioeconômico. Explicando a maior ou menor participação eleitoral “além de fatores institucionais e legais, influências interpessoais e barreiras não psicológicas – dificuldades físicas, por exemplo –, percepções, motivações e atitudes como: a força da preferência partidária, a percepção de que o resultado da eleição será apertado, o interesse com relação à política e à campanha, a preocupação com o resultado eleitoral, os sentimentos de eficácia política e da obrigação de votar.”(idem, 1992)

         A terceira vertente explicativa sobre a decisão do voto tem enfoque da teoria econômica sobre a racionalidade da escolha do eleitor. Os pressupostos de Anthony Downs (1957), baseados no individualismo metodológico, explicam as ações intencionais dos indivíduos para maximizar seus benefícios e otimizar seus ganhos no mesmo diapasão do mercado econômico:“De modo a atingir seus fins privados, eles formulam as políticas que acreditam que lhes trarão mais votos, assim como os empresários produzem produtos que acreditam que lhes trarão mais lucros pela mesma razão. (...) os cidadãos se comportam racionalmente em política.”(Down, p. 313).

         Em todas, a evidência ao personal vote é um fato.
 
 (Texto originalmente publicado em "O Liberal/PA", de 31/08/2012)

 

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