O dicionário Merrian-Webster diz que terror é o “uso da violência física ou psicológica através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada”, cujo efeito é incutir esse medo obtendo-se efeitos psicológicos que vão além do círculo das vítimas abarcando a população do território.
Segundo Walter Laqueur, 94, historiador e comentarista politico polonês “nenhuma definição pode abarcar todas as variedades de terrorismo que existiram ao longo da historia”. Cabe a definição hoje, 11 de setembro, quando se completam 14 anos do atentado ao World Trade Center em Nova York, tido como um dos mais dramáticos atos terroristas efetuados na era moderna.
No plano internacional, a luta surda contra instituições, sejam ou não de governo, faz a vez das guerras não declaradas. A diferença repousa justamente na falta de um respaldo legal para efetuar o ato de violência. E por mais paradoxal que pareça, nas guerras há esse liame legal onde se destrói amparado por uma legitimidade expressa em documentos (escritos ou orais).
No mundo moderno a tecnologia exibe forças que substanciam os atos de terror. E terror é sinônimo de medo. Nos anos 1960/70 EUA e URSS mantiveram uma relação de temor, uma nação da outra, cientes de que cada uma delas possuía armas nucleares e em um confronto poderiam ser destruídas – e levar consigo boa parte do mundo.
Mas será que terrorismo é só ameaça de bombas ou de destruição material? Na própria definição, segundo o Departamento de Defesa dos EUA, “terrorismo é um tipo muito específico de violência, bastante sutil, apesar de o termo ser usado para definir outros tipos de violência considerados inaceitáveis”. Dessa forma, um assalto a mão armada como tantos que a crônica policial registra diariamente em quase todas as cidades do planeta, é um ato de terrorismo. E a violencia doméstica, ora enfatizada em debates interessantes, é terrorismo. Tambem tipos de propaganda de ação subliminar, incitando pessoas a tomarem medidas que não se pode chamar de “civilizadas”, enquadra-se nesse termo.
Através dos tempos encontram-se episódios de violência contra a pessoa, desfigurando o sentido de humanismo, uma “filosofia moral que coloca os humanos como principais, numa escala de importância”. O ato de tratar mal alguém já é uma forma de processo desumano, ou, pelo medo que isso causa, a terrorismo.
No úlltimo dia 7 de agosto completou-se 9 anos de promulgada a Lei Maria da Penha, ou a Lei nº 11.340 “que objetiva maior rigor nas punições sobre crimes domésticos, normalmente aos homens que agridem fisicamente ou psicologicamente a uma mulher ou à esposa.” Sem dúvida uma forma de combater o terrorismo caseiro. E nesse caso observa-se a validade do conceito através do medo que o ato de violência implica nos alvos das medidas dramáticas. Viver no terror é, portanto, um ato que se mede plural e particularmente.
A grande pergunta que se faz é por que o ser humano passa a odiar seu próximo de forma extrema. Os casos em que os terroristas ofereceram suas próprias vidas pelo objetivo de destruição, como os que pilotaram os aviões de encontro aos edificios no caso do Worl Trade Center (ou dos “kamikases”, pilotos japoneses que se atiravam sobre os alvos inimigos durante a 2ª Guerra Mundial), a resposta paira nos supostos terrenos da religião e do ardor patriotico. Mas não se deve deixar de pensar nos esquemas de mercado em que as nações subliminarmente subscrevem um tipo de terrorismo. Os crentes de que estão sendo alvos de uma defesa ao seu deus ou a seu credo são incontaveis no tempo. E os que se deixam morrer numa guerra é mais do que a simples obediencia a superiores que dizem comandar uma luta pela preservação de um ideal patriótico. Curiosamente, numa linha espiritual nada disso tem valor posto que o espirito não deve obediencia aos fatos terrenos mas à situação que o espera depois da morte.
Um conceito de humanismo que no sentido amplo tende a valorização do ser humano relacionando-se com a generosidade e compaixão como atributos das realizações humanas vem com o Renascimento, no século XIV, um movimento intelectual italiano objetivando romper com a Igreja e o pensamento religioso da Idade Média. No filme “Ted 2” (2015) a síntese do advogado de defesa de um brinquedo de pelúcia que aspira ser um ser humano é de que o conceito de humano passa pela dedicação que este deseja a seu proximo. No dizer do cristão, seguindo o mais evidente mandamento exposto por Jesus: “amar o proximo como a si mesmo”. Desse modo, se todos seguissem esse mandamento não haveria terrorismo.
Pode-se achar uma fantasia a relação hegemônica dos chamados “homo sapien”. Para se amar o proximo é preciso perdoar esse proximo. Sim, pois tambem é de todas as crenças o fato de que “errar é humano”. E se não se tratar de um erro é de uma interpretação. “Quem somos nós para julgar”? O livre-arbitrio traz embutido as paixões que se pode considerar naturais, ou, nos termos médicos, fisiológicas. Um conjunto de fatores orgânicos, como os hormonios, geram atitudes dispares que nem sempre se coadunam com uma postura benéfica a todos. E o que causa medo é que nem sempre se pode definir o certo e o errado e da mesma forma perdoar alguém que em um momento tenha agido errado pensando que está certo.
Há muitos estudos sobre o terror que embasam certos principios apontando a violência inerente ao ser humano. Nesse caso, este aspecto já resvala para outros planos secundando perfis referentes à agressividade humana comprometendo o processo civilizatório como regulador dos impulsos agressivos (Freud). Mas não entro nessa questão.Dom Orani Tempesta definiu a reação a um assalto que sofreu no Rio de Janeiro como um caso a merecer educação aos jovens assaltantes. Não só o b-a-ba, mas uma educação polimorfa que começa no lar e segue na escola, modulando as manifestações de ira social. E as Marias da Penha onde entram?
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