Virginia Nicolau da
Costa Garcia de Souza filha do casal amigo Alicinha e Tótó Nicolau da Costa e
irmã de Kikica Loureiro, Mõnica e Alberto, recebeu o derrareiro chamado para
estar presente em outro plano de vida ao qual todos têm de seguir, mas não nos
acostumamos a ele. Faleceu no final de dezembro/2012 deixando saudosos os seus
queridos familiares e amigos. Na última quarta feira fez-se a celebração
religiosa para marcar sua presença de saudade. Para esse momento, sua irmã
Kikika escreveu um belo texto lido por ela na missa de 7° dia em Belém. No RJ,
a mensagem foi lida pela sua prima Verinha Pinheiro. Na publicação do texto de
Kikika neste blog quero registrar minha profunda amizade pela familia e minha
certeza de que Virginia está “encantada”, não nos deixou, como bem disse
Guimarães Rosa:“O mundo é mágico. As pessoas não morrem, ficam encantadas”.
AS PRECES DE KIKIKA
Quatro dias após ter
completado 59 anos, Virgínia partiu, no dia 26 de dezembro ás 8.50 h, deixando
um vazio enorme em nossas vidas. Fomos pegos de surpresa. Custei a entender o
que Luis Cláudio estava tentando me dizer. Depois de tanta luta, 4 cirurgias de
troca de prótese da cabeça do fêmur, 2 transplantes todos bem sucedidos,
estávamos acostumados a vê-la batalhar muito, sofrer, mas,com muita garra e
vontade de viver, sair bem sucedida. Em se tratando de saúde, nada era fácil
para ela.
A renitente hepatite
C a acompanhava desde os seus 23 anos, quando teve que se submeter a algumas
transfusões de sangue para poder viajar p N York onde faria seu tratamento para
leucemia.
Após seu transplante
de medula, doada pelo Alberto, ficou totalmente curada da leucemia, mas a
hepatite continuou lá. Fez tratamento por mais de dez anos para negativá-la sem
ter êxito. Vinte e quatro anos depois foi submetida ao primeiro transplante de
fígado, em Pittsburg, com sucesso. Estávamos cientes que Virginia teria q fazer
um novo transplante de fígado, pois a hepatite já tinha feito estrago no novo
fígado, mas suas funções hepáticas estavam administradas. O maior impasse era
que o problema de sua perna não conversava com o do fígado. No dia 17 de
novembro passado, em razão de complicações na sua recente cirurgia de troca da
prótese da cabeça do fêmur, foi inscrita na fila de transplante para um novo
fígado. Onze dias depois, com um gesto generoso, amoroso, corajoso e nobre
Bianca doou 2/3 de seu fígado a sua tia querida. Dificílima cirurgia, por se
tratar de um retransplante, entretanto, mais uma vez ela venceu. Todos os dias
ocorriam intercorrências diferentes, mas, com a maestria e competência do Dr.
Paulo Chapchap e sua equipe, tudo se resolvia. Dr. Paulo foi incansável. De uma
dedicação e carinho para com ela inesgotáveis.
A vida foi para com
Virgínia, madrasta, mas, paradoxalmente, minha mana querida era cheia de vida,
luz e alegria. Adorava comemorações. Não eram festas, como ela dizia, e sim
celebração de vida. Tudo era motivo para ser comemorado e razão também para a
família se reunir. As 2 comemorações que estavam sendo planejadas eram seu aniversario,
no último dia 22, que, 5 dias após o transplante, fez o seu amigo/irmão Manoel
telefonar para o cabeleireiro, maquiador e Mazô (banqueteira) para deixar
agendado o dia 22 para um almoço, e os 60 anos de casados de papai e mamãe, no
próximo dia 18 de março, que ela estava organizando fazer uma noite à
portuguesa, com cantores de fado e tudo o mais.
Virginia era uma
pessoa de personalidade forte, opinativa, determinada, amorosa, caridosa,
agregadora e também um pouco autoritária, o nosso general. O seu interior, todavia,
não era bem interferir em nossas vidas e sim uma constante preocupação com a
família, parentes e amigos. O seu benzinho, como ela chamava carinhosamente
Luis Cláudio, deixava-a esbravejar e no final, inteligentemente, fazia do jeitinho
que ele queria.
Esta era sua maior
virtude, se importar com as pessoas. No mundo de hoje, que não se tem tempo
para nada, muito menos ouvir os problemas dos outros, ela se interessava em
saber sobre todos. A distância para nós nunca foi problema. Apesar de nós, os 4
irmãos, vivermos longe um do outro, sempre fomos muito unidos. Ela falava c
papai e mamãe ao telefone 5 vezes por dia. Tudo que pudesse facilitar a vida
deles ela providenciava. Papai chamava- a de minha filhinha. Ela se dizia a
preferida do papai e com certeza tinha mérito para tal, pois era imbatível.
Comigo e Mônica, dia sim dia não, nos falávamos. Alberto estava morando em S
Paulo há 5 anos e estavam sempre juntos. Ela dizia que cuidava mais dele do que
ele dela. Na realidade, ela cuidava de todos nós. Era muito presente em nossas
vidas. Ligava para as sobrinhas, queria saber dos namorados, ligava para os
tios, para suas amigas do colégio Moderno, seu xodó, André Carrapatoso, David
Abud, e as "coroas", como carinhosamente chamava Lila, Marisa,
Mizinha, Lea e Regina. Sempre tinha uma palavra de incentivo e de força para
aqueles que passavam por momentos difíceis de saúde como o que ela passou.
Além de sua família,
seus sogros e sua cunhada Mariza, que sempre a apoiaram incondicionalmente, ela
tinha uma legião de fieis amigos em S Paulo, como Chica Halley, Manoel
Bragheroli , Maria Antônia Civita, Moshe e Suzy Sendacs, Laura Gillon, etc. Ela
sabia cultivar suas amizades. Como ela me ensinou, ela regava seu jardim. Seus
médicos eram todos seus amigos, freqüentavam sua casa e faziam viagens juntos,
a exemplo do Dr. Paulo Fontes, Sérgio Simon, Paulo Chapchap e Edmundo
Foi muito feliz. Seu
companheiro, Luis Claudio, foi um marido maravilhoso, muito seu amigo, que
esteve ao seu lado em todas as situações e não mediu esforços para vê-la sempre
bem.
Num dos emails
recebidos após sua partida, um especialmente chamou- nos atenção, pois
demonstra bem a bela e rara história de amor que os dois viveram. A pessoa
relata que Virginia não só dedicou um profundo amor ao Luis Cláudio como também
lhe deu oportunidade de fazer desabrochar nele a real e rara dimensão
altruísta, como retribuição ao amor a ele dedicado, o que Luis retornou dizendo
que tudo era em retribuição ao que recebia de amor, luz e vida.
Mas quis Deus
leva-lá para mais pertinho Dele. Estava precisando de um anjo lá no céu. Sua
árdua missão aqui na terra já terminara.
Sempre aprendi que o
nosso Pai maior, com sua infinita bondade, sabe o que faz. Pecadora que sou,
pois sou humana e falível, só Ele não falha, fico me questionando e querendo
saber o porquê das coisas e porque uma pessoa tão boa como Virginia, que só fez
o bem, só deu amor, luz e vida tenha passado por tantas provações.
Perdoe- me meu Deus
por ser pecadora. Rogo ao Senhor para que ela seja um espírito de muita luz e
parta em paz. E a nós seus familiares e amigos que aqui ficamos que o Senhor no
dê força e conformação para suportar a ausência física prematura da nossa tão
amada Virginia.
Vai em paz mana
querida. Tu sempre serás para nós exemplo de força, coragem, superação,
determinação, bondade e dignidade.Longe dos olhos mas muito perto dos nossos
corações.
Kikika
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