Sem ser versada em política internacional, mas partícipe de uma
sociedade integrada às demais (para não falar em globalização) e, portanto,
preocupada com a situação mundial e o papel que representamos nesse processo,
pergunto: o que interessa para nós, brasileiros/as, especificamente para os/as
amazônidas, a reeleição de Barak Obama na presidência dos Estados Unidos?
Em primeiro lugar cabe considerar a inegável importância do país desde a
2ª Guerra Mundial, especialmente com a demonstração do poderio bélico
adquirido. Este poderio manteve uma hegemonia de terror durante a chamada
“guerra fria” quando se confrontava com o arsenal nuclear da URSS (que estava
muito mais a frente) e era levada, a um ponto critico, a luta surda entre
sistemas capitalista e comunista. Hoje, com o fim da União Soviética, a
persistência norte-americana no cenário internacional se dá com a primazia de
que tratou Samuel Huntington em 1993:“É errôneo
pensar que a principal razão pela qual os Estados buscam a primazia
internacional consiste em capacitar-se para vencer guerras e que, portanto, se
uma guerra é improvável, a primazia não é importante. Os Estados buscam a
primazia para manter a sua segurança, promover seus interesses e conformar o
ambiente internacional de forma a refletir os interesses e valores deles. Ela é
desejável não fundamentalmente para obter vitória em uma guerra, mas para
alcançar os objetivos do Estado sem recurso a ela. A primazia é, pois, uma
alternativa à guerra” (apud Cesar
Guimarães, 2002, tratando do conceito de primacy, por S. Huntington).
Barack Obama conseguiu se reeleger com a maioria
dos colégios eleitorais que pedem um total de 538 votos. Poucos candidatos à
reeleição no país perdem o pleito. Lembro de Jimmy Carter, depois um
conselheiro em termos de politica externa. Mas até George w. Bush, com uma
primeira eleição tumultuada, ganhando sérias acusações de fraude, conseguiu
reeleger-se, ajudado certamente pelo trauma de 11-09-2001.
A crise econômica que veio do governo Bush e
atingiu o mundo num “replay”, embora moderado, do que aconteceu em 1929, deu
muito trabalho à campanha atual de Obama. Mas, ao que parece, os planos sociais
falaram mais alto, um deles, inclusive, acenava para um sistema de saúde
publica ainda inédito numa nação tida como poderosa.
Mas o que nos importa, e já mencionei
anteriormente, é o papel dos EUA no mundo de hoje, especialmente nos países
sul-americanos. Lutamos por nosso patamar comercial, e isso parece mais
evidente no relacionamento que nos cabe nesses tempos tumultuados pelas
ondulações econômicas.
Os países europeus sofrem hoje um grave problema de
divisas apelando para medidas de contenção que gera revolta popular. Contudo,
que é temido para quem está longe é a armação bélica que começou com a
derrubada de ditadores, hoje atingindo a Síria, e, especialmente, ameaças de
quem já tem ou está procurando ter armas nucleares.
Agora mesmo os jornais noticiam a disposição de
Israel em atacar o Irã. Seria a questão de “antes da defesa o ataque” propalado
em tempos idos por alguns governantes. Por seu turno, o Teerã já informou que
possui misseis que podem atacar Tel-Aviv. Lembro do livro “Fail Safe”(1962) que
gerou os filmes “Limite de Segurança”(1964), deSidney Lumet e
“Dr.Fantástico”(Dr Strangelove, 1964), de Stanly Kubrick. Nestes, a sentença do
fim do mundo é o resultado das tensões. No caso de uma participação
norte-americana na briga, estaríamos assegurando a comentada profecia maia,
sugerida pelo fim do calendário desse povo centro-americano, de uma catástrofe
a encerrar este 2012 ?
Outras guerras, outras ameaças, outros problemas
internacionais. Obama herdou a campanha no Afeganistão começada por George W.
Bush depois do ataque terrorista a World Trade Center. O presidente democrata
prometeu a volta de seus soldados daquele país. Também é comentada a saída norte-americana
do Iraque, país conturbado desde a luta ocidental, capitaneada pelos EUA contra
o governo despótico de Saddam Hussein. Até hoje carros-bombas matam civis neste
e em outros estados árabes. E a figura dos EUA prossegue (embora menos do que
na Era Bush) como vilã.
Ainda há o relacionamento com Cuba, hoje menos
atritoso do que nos governos anteriores da nação vizinha. E ainda a Venezuela
de Chavez, que estende bandeira socialista moldada na campanha histórica de
Simon Bolivar.
Respeitar ideologias e edificar uma relação
comercial favorável (ou menos protecionista para o lado norte-americano) é o
que se espera nesses próximos quatro anos do primeiro presidente negro de uma
nação que vendeu o estigma racista por muito tempo e ainda “ostenta” esse estigma,
haja vista a eleição atual de Obama quando os brancos formaram a minoria de
seus eleitores.
Que Deus ilumine a todos do planeta, especialmente
a quem cabe tratar de paz. E ela só é conseguida com a sabedoria que se guia
pelo respeito a cada cultura.
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