Nos últimos
meses os/as brasileiros/as que têm acesso à midia impressa, televisada ou nas
redes sociais, estão convivendo com um sistemático bombardeio noticioso sobre
as eleições municipais de outubro/2012. Dos arranjos iniciais dos partidos em
torno da escolha de nomes para a composição de uma chapa majoritária (e, também
da proporcional) à formação conflituosa das coligações partidárias visando uma
série de atribuições para vários tempos (da campanha, ao momento exitoso), das
evidências de uma lei da ficha limpa (Lei Complementar nº. 135/2010) tendente a desonerar esse povo
de investir seu voto em alguém que esteja numa relação do Tribunal de Contas da
União constando dos nomes de todos os agentes públicos interessados em concorrer
a um cargo eletivo nessas eleições. Esta
relação agrega figuras como os atuais e antigos secretários municipais,
prefeitos e ex-prefeitos, secretários estaduais de agora e de outras gestões,
ex-governadores e parlamentares estaduais ou federais. É uma lei que atinge a todos os políticos que tiveram suas contas
julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU), portanto, considerados
fichas sujas. Nesse plano, a Lei revela-se promissora em criar um novo conceito
de democracia no país, enterrando, gradualmente, os nepotismos, os
coronelismos, os “jetons” (pra não dizer outro termo) que têm financiado uma
grande maioria de governantes e legisladores seja na
esfera federal, estadual ou municipal. Houve um recuo dessa situação agora em junho
(26/06) quando o TSE reconsiderou a regra editada em março, retomando o
entendimento que já estava sendo aplicado desde a última eleição, na resolução que proibia a candidatura
de políticos que tiveram as contas rejeitadas em campanhas anteriores. Com a
decisão, candidatos "fichas-sujas" poderão disputar as eleições
municipais de outubro. O entendimento desse órgão é que não se pode alterar o texto de uma
lei que está em vigor (Agência
Brasil).
Ficou evidente, conforme vários fatos e imagens que
circularam intensamente nestes ultimos meses (também “conversas de bastidores”)
que os/as cidadãos/ãs reconhecem que as coligações partidárias em nível de
Brasil (e o Pará não fica de fora) priorizaram, em grande sentido, o interesse
no tempo de exposição de seus candidatos/as, na mídia. Contudo, essas alianças levaram
em conta, também, algumas outras variáveis como as arestas partidárias convividas
pós-eleições 2010 (não inclusão de nomes indicados para determinado cargo),
além da avaliação, entre lideranças partidárias, sobre a posição atual ocupada
pelos seus partidos de se lançarem mais ousadamente no ambiente político (cf. a
situação do PSB nacional). Avaliaram seus custos e avanços no processo de
crescimento com alianças antigas e resolveram investir em outras com as quais pudessem
potencializar a força que ganharam no processo. Por outro lado, alguns “casamentos”
históricos se desfizeram em “divórcios” cujos resultados só serão medidos na pós-eleição.
Como o eleitorado ainda reconhece fortemente a
ideologia partidária definindo siglas de direita, centro e esquerda, algumas
alianças feitas numa agregação singular entre esses níveis ainda tendem a pesar
nas escolhas que serão feitas e/ ou nas visões que tem sobre incoerências na
definição do jogo político. Contudo, há que se pensar no que dizem Miguel &
Machado (2007): “O
arranjo institucional brasileiro tem privilegiado a constituição de coligações,
independentemente da orientação ideológica dos participantes. A ausência de
lealdades fortes, que vinculam parcelas do eleitorado a determinadas legendas,
faz com que o ônus simbólico de coligações ideologicamente estranhas seja, para
quase todos os partidos, reduzido”. Panebianco (2005: 12) ao enfatizar sua
teoria sobre o “paradigma dos fins”, reconhece alguns objetivos dos partidos
entre os quais a
sobrevivência desta organização que para ele é a meta comum dos diversos líderes,
sendo esta a condição continuada da busca individual dos objetivos específicos
de cada partido.
O/a eleitor/a ainda vai enfrentar três meses
de campanha eleitoral recebendo o bombardeio pelas mídias e redes sociais de
nomes de candidatos/as a prefeito e vereador, além do número destes, dos
jingles e do palavrório de benesses que mostram as políticas de governo dos que
estão no poder e/ ou de seus indicados/as, e as promessas dos neófitos de quais
investimentos serão aplicados com recursos públicos num plano de gestão. Embora
reconhecendo as partes contrárias do jogo, entre governo incumbente e oposição,
essas informações ainda podem se constituir em algo incerto. O que fazer,
então, para uma boa escolha? Pesquisar por conta própria quem é quem que se
apresenta no horário eleitoral gratuito será um meio de saber decidir se sua
escolha beneficiará a exclusão dos “fichas sujas” e a inclusão de novos
aspirantes para a arena decisória.
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