sexta-feira, 29 de junho de 2012

ENTRE COLIGAÇÕES E CONVENÇÕES



Nestes últimos dias, as averiguações sobre articulações, conchavos, coalisões com expectativas racionalizadas de custos e ganhos (benefícios) sobre indicações de candidaturas partidárias aos cargos majoritário e representativo municipal no Brasil, ganham informativo nos blogs e demais redes sociais numa especulação que chega ao ápice expressivo, em algumas, de projeções advinhatórias. O motivo é conjecturar sobre as definições de nomes dos concorrentes desses cargos que serão apresentados pelos partidos para homologação no dia D da Convenção, esta, a agência formal da Justiça Eleitoral. Amanhã, 30, será esse dia em que os partidos apresentarão uma lista onde devem constar seus indicados aos cargos de prefeito e de vereador, para a eleição municipal de outubro próximo. Mas têm até o dia 5/07 para inscrever em definitivo nos T.R.Es.

No Pará, o jogo especulativo tem exposto cenários interessantes em que os partidos grandes procuram afinar seus objetivos e interesses aos partidos médios, sem esquecer que há, ainda, como fiel da balança, a figura do micro partido. Por outro lado, variáveis com expressivo significado nacional com projeções para as eleições gerais de 2014 se acumulam nessa odisseia de situar uma chapa expressiva que leve à vitória e crie dividendos para o pleito futuro.

Em recente artigo elaborado em conjunto com os colegas Roberto Corrêa e Franciélcio Belúcio (a ser apresentado em agosto próximo num evento nacional), construímos uma fórmula para evidenciar o tamanho dos partidos no estado, considerando as eleições de 2010. Levando em conta os partidos parlamentares, encontramos grandes e pequenos partidos sem comprovar presença aos médios, mas aos não-parlamentares (aqueles que não apresentam eleitos/as nessas instâncias representativas – AL e CD). Desse conjunto extraído pela fórmula, estão sendo formadas as coligações para as eleições de 2012, em que, cada partido, irá prever e pesar custos e ganhos, não mais do que isso, para confirmar suas pretensões. Assim, considerando que entre os primeiros – PMDB, PT, PSDB – todos apresentam pré-candidatos para o cargo majoritário (prefeito), avaliando, ainda, que alguns dos chamados partidos menores dessa fórmula - PR, PTB, PDT, DEM, PPS, PSC, PSB, PMN, PP, PRB, PSOL, PV - também pleiteiam indicar nomes, era de supor que os não-parlamentares - PC do B,  PHS, PRP, PRTB, PSDC, PSTU, PT DO B, PTC, PTN – não se alinhassem nessa elite competitiva, devido a falta de organicidade parlamentar entretanto, já se destacam, há algum tempo, nas mídias, certos filiados que preveem indicação a esses cargos em suas convenções.

Verifica-se que entre os maiores partidos paraenses há expectativa de aplicar-se um eventual jogo estratégico – o partido X incumbente já escolheu seu pré-candidato, sendo aliado, em eleições anteriores, ao partido Y, que também apresenta pré-candidatura de um filiado. Com uma agenda de alianças em formação além de certo grau estratégico de poder de decisão, X tentará seduzir Y que por ter sua agenda própria de transações e com um pré-candidato demonstrando um longo currículo com ativos de poder significativos, os recursos de troca serão altos ou então esta aliança não vai interessar a Y. Porque embora não se force uma aliança, esta se forma em um contexto de necessidades estratégicas que levam a perda de ambos os lados, esperando-se que o resultado seja positivo e compensador para ambas as partes. A relativização desse enredo envolve, contudo, as negociações entre esses líderes no “jardim secreto” tendendo a reduzir o inevitável jogo intentando que a moeda de troca permaneça eficaz.

Tome-se como exemplo o pré-candidato Arnaldo Jordy (PPS), deputado federal com 81,8% de sua votação nominal concentrada na Mesorregião Metropolitana de Belém, e maior concentração de votos segundo os números de municípios efetivos (Mef =2,28). Este é um dado que pode promover outra maneira de enfrentar a sua (como estão chamando) “desidratação”, pelas lideranças do partido incumbente interessado, naturalmente, em que seu pré-candidato esteja no segundo turno. E entre os deputados estaduais eleitos, nesse mesmo cálculo, está Edmilson Rodrigues(PSOL), com a concentração de votos na RMB segundo o Mef = 1,36. Esses dois candidatos têm em mãos um alto padrão de ativos de poder que se tornam, assim, pontos estratégicos em moedas de troca nas alianças que possam estar sendo tramadas.

     Na verdade, jogos intra e inter partidários são maneiras de viabilizar recursos em tempo de campanha, sejam minutos a mais no horário eleitoral, seja agregação de representatividade e influência eleitoral do partido. Há, também, as projeções para próximos pleitos, então, nesses blocos coligados preexistem candidaturas manufaturadas prevendo não o cargo ao qual competem, mas outros que só o futuro dirá.


(Texto originalmente publicado em "O Liberal" de 29/06/2012)

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