Nos
dois últimos textos escritos para este espaço referente a episódios da política
paraense, tenho avaliado o aprendizado que está sendo repassado nas escolas do
ensino médio sobre os fatos que constroem essa história, de que forma, e se há
uma disciplina que projete aos alunos e alunas, nessas series iniciais, estudos
sobre a formação política e social do estado sendo partícipes figuras hoje lembradas
através de nomes de ruas, homenagens pontuais comemorativas de feitos ou fatos
ocorrentes. No meu “laboratório experimental”, procuro fazer perguntas aos
próprios universitários sobre o conhecimento deste ou daquele personagem
paraense e/ou se sabe o motivo da escolha para nomear um dado monumento.
Percebo que há uma grande defasagem de informação. Não porque a matéria esteja
de fora dos programas dessas séries escolares, mas suponho que outras
informações mais gerais são privilegiadas nos livros paradidáticos usados nas
escolas. E, creio, há outras preocupações em repassar conhecimentos mais amplos
e menos de cunho regional ao ensino médio do que a compreensão da história da formação social
brasileira, no capítulo paraense.
Num
texto elaborado pelos professores William Gaia Farias, Magda Maria Ricci e
Fernando Arthur de Freitas Neves, da Faculdade de História/UFPA, em
junho de 2006 para a criação de um “Curso de Formação Continuada para professores do Ensino Médio
da rede pública com dificuldades de garantir qualificação profissional” (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/,
observei o interesse dos autores em repassar uma base de expertise aos seus
colegas que estão em sala de aula com turmas significativas de alunos onde esta
matéria é básica. A vertente metodológica e os temas sociais e culturais organizados
em módulos oferecem um quadro painelistico muito interessante integrando as
várias áreas de conhecimento para contribuir com o conteúdo da História a ser
repassado – objetivando “integrar teoria
e prática no seu decorrer, posto que os currículos nacionais de história no ensino
superior têm tentado assegurar o exercício investigativo calcado no uso das
fontes diversas tais como os monumentos, estatuárias funerárias, manuscritos, documentação
impressa, anúncios, iconografias, paisagens, logradouros etc.”
Pela magnitude
de um curso dessa natureza é possivel que este projeto da Faculdade de História
ainda esteja sendo desenvolvido para este público-alvo com presença na sala de
aula efetiva em todas as classes do ensino médio estadual. Mas, se por um lado
há a motivação para o uso do aporte metodológico no repasse dos temas,
certamente há, também, a abrangência dos materiais conteudísticos motivando a
inscrição dos fatos da história regional para o aprendizado nesse tempo
escolar. Contudo, pelos emails que recebi depois dos textos publicados neste
jornal sobre a crise de 1935 e Magalhães Barata no Pará, percebi a ausência de
informação sobre essa parte da história paraense.
Testemunhei, há
anos passados, um afilhado meu chegando em casa com seus afazeres escolares do
ensino fundamental constando um item que solicitava os nomes de personalidades
da política no Pará. O jovem desconhecia os mais antigos e só reconhecia os
então governadores e parlamentares. Esses nomes foram registrados e aceitos
todos pela professora. Ao avaliar o C (certo) que recebeu na questão,
perguntei-lhe quem eram e o que haviam feito. Ele não sabia.
Se personagens e fatos representativos da política
paraense do passado são desconhecidos pelos alunos de ensino médio e/ou por
universitários, não se dá o mesmo sobre as figuras que frequentam a mídia, a
exemplo, os que se apresentam nas sessões de CPMIs. De Carlinhos Cachoeira a
Durval de tal & sequência de tipos acusados por práticas de corrupção são conhecidos
tanto dos episódios que os envolveram como das tranças que marcam a presença destes
na mídia (principalmente a televisiva e as redes sociais). Quem acusou, quais
ferramentas foram usadas para a acusação, o que responderam e etecetera &
tal são parte da noticia que recolhem (quando o fazem) para uma contestação
opinativa, sem nenhum fundamento mais substancial (origem, motivos, jogo no
poder). Revelam, então, a reprodução que a midia oferece em torno da evidência
dos fatos, da culpa e julgamento sumário dessas figuras. Não se verifica um
conhecimento consistente da ocorrência que levou a esses eventos. Há um
principio maniqueista a acelerar idéias, tombadas em tendências partidárias.
Retorna-se então ao dilema do conhecimento da história,
passada e recente. Se no primeiro caso meninos e meninas do ensino médio
revelam carências acentuadas sobre acontecimentos que marcaram o Pará em fases
do sistema republicano é porque o exercicio da indução ao conhecimento desses
eventos não teve importância crucial. Perde-se o momento de definir e conhecer
esses fatos para evidenciar o que é verídico e o que é mitológico articulado a
diversos saberes da área das Ciências Humanas. Pergunta-se: o que vem sendo discutido no campo acadêmico tem sido aplicado nas
escolas, pelos professores, sabendo-se que nesse campo há estudos focais sobre
a história paraense? E se isto ocorre de que forma vem sendo disseminado pelo
conteúdo programático das disciplinas?
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