Aristóteles ensina Alexandre,O Grande. (http://filosofia-10ano.blogspot.com.br)
A Universidade Federal do Pará reuniu centenas de participantes das diversas áreas de conhecimento das Ciências Humanas e Sociais e demais setores interessados, no I Congresso Pan-Amazônico e VII Encontro da Região Norte de História Oral. O tema central - História do Tempo Presente & Oralidades na Amazônia – abrigou discussões em mesas redondas, simpósios temáticos, minicursos, rodas de conversa e exibição de filmes. Representantes das universidades da região norte, docentes e discentes dos muncipios paraenses onde se alojam cursos de História circulam entre eméritos professores de países da Pan-Amazônia.
Ao mesmo tempo em que registro este evento como dos mais importantes pelo mote temático central, avalio, enquanto inscrita institucionalmente em outra área – a Ciência Política – o que esta exibe como contribuição recebida ao longo de sua “invenção”, ciência cujo primeiro representante diz-se ser Aristóteles por escrever “A Política” com base na investigação de 158 constituições do mundo helênico, construindo, através desses documentos, um disgnóstico crítico sobre a situação da polis grega, considerando a política como a ciência suprema. Contudo, sabe-se que a historiografia da Antiguidade clássica recorreu a “testemunhos diretos na construção de seus relatos” (Ferreira, 2002).
É desse
aspecto metodológico – investigar documentos – que surgem as discussões em
torno da epistemologia da ciência histórica desde o século XIX, quando o ofício de historiador sofre críticas e
pressões conforme se sustenta a emergência das ciências, e desabrigando certas
fontes antes hierarquizadas por se constituirem em critérios de verdade
histórica (necessita-se das ferramentas das ciências exatas e naturais para
validar os fatos, diz Augusto Comte), desconfiando e desqualificando outras
metodologias aplicadas que circunstanciavam análises de fatos políticos. Daí
certo peso que a História carregou durante muito tempo de somente se preocupar
com a interpretação do passado.
Ao fazer o recorte para o momento atual em que a história recente e o uso
de testemunhos diretos de cidadãos têm a ver com a investigação dos fatos
históricos, a história do tempo presente emerge como vetor de desenvolver uma nova etapa
dos estudos históricos com uma tecnologia metodológica que se não foi
considerada como propulsora dos relatos da História Antiga, hoje favorece a
interdiciplinariedade e a interligação com outras fontes, como o uso da
história oral e da memória (não sem pressões, diga-se) vetores de análise sobre
o tempo presente. “O aprofundamento das discussões sobre as relações entre
passado e presente na história, e o rompimento com a idéia que identificava
objeto histórico e passado, definido como algo totalmente morto e incapaz de
ser reinterpretado em função do presente, abriram novos caminhos para o estudo
da história do século XX. (...)” (Ferreira, 2002).
O novo
olhar para o estudo da história recente carece, sem dúvida, de tecido
metodológico com o uso de regras estabelecidas pela comunidade científica. Não
é sair por ai com um gravador e recolher depoimentos orais sem um preparo
condizente com o que será acolhido do relato individual ou coletivo necessário
ao tema da pesquisa e dizer que é “científico”. Mas a história oral e a memória
refletem hoje uma dimensão ímpar estabelecendo contornos diversificados sobre
uma base de dados estatísticos que um/a pesquisador/a extrai e considera
irretocáveis, analisando determinados fatos. Nesse caso, a vivência acadêmica
dos estudos que tenho feito sobre a política no Pará, se baseada apenas nos
documentos, nos dados estatísticos, nos jornais da época, na história regional
não seriam suficientes para analisar, por exemplo, o caso ocorrido com as
professoras do ensino público, no período da interventoria baratista, que após
as eleições de 1934 foram demitidas “a bem do serviço público”, como
justificado no “Diário (oficial) do Estado”. Os depoimentos de três professoras
com ideologia partidária diferenciada converteu o efeito explicativo do Diário
do Estado em pressão política do Interventor para essas demissões. Inclusive,
uma dessas depoentes, deu à pesquisadora, uma carta que escrevera e publicara
em um jornal local apontando o motivo de sua demissão.
Outro
detalhe da importância desses recursos metodológicos numa das pesquisas
recentes sobre as mulheres na política e a questão do empoderamento foi
constatar, nos depoimentos de algumas associadas de movimentos de mulheres, o
motivo de não conseguirem eleger-se embora filiadas a partido político. Neste
caso, utilizou-se o dado estatístico para demonstrar o número representativo de
filiadas partidárias e a quantidade exígua de competidoras e, menor ainda, o
número de eleitas.
Na composição do livro “Cinema Olympia: Cem Anos da
História Social de Belém (1912-2012)” inscrevem-se textos de intelectuais e
jornalistas, além de pesquisa sobre o que representou na memória dos autores, a
presença deste cinema em cada época, na cidade. Essas memórias construíram a vivência
em uma Belém não tão democrática para a recepção dos espectadores que
procuravam essa sala como meio de cultura e, também, de lazer. As classes
privilegiadas circulavam em seus trajes parisienses, enquando a menos
favorecida ficava no “sereno” assistindo ao desfile de modas.
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