segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

NOTA DA ABCP SOBRE A SUB-REPRESENTAÇÃO FEMININA



Sobre as recentes declarações do Presidente do PSL, que afirma que as mulheres não teriam interesse ou vocação para a política*, cabe esclarecer que ao menos desde os anos 1960, os estudos sobre mulheres e política demonstram que a sub-representação feminina é resultado de barreiras que impedem ou dificultam sua participação. Um dos momentos principais em que essas barreiras se impõem é justamente a construção das candidaturas junto aos partidos políticos.
No Brasil, a lei que garante 30% das candidaturas para um dos sexos na lista eleitoral partidária está embasada no reconhecimento de que a sub-representação das mulheres é uma injustiça. Elas são a maioria do eleitorado, mas têm sido deixadas de fora dos espaços em que são tomadas as decisões que as atingem diretamente. O Brasil é hoje um caso extremo, sendo um dos países do continente americano em que as mulheres têm menor acesso aos espaços decisórios, sejam eles cargos eletivos ou nomeações de primeiro escalão, como ministérios ou secretarias nos estados e municípios.
Só o preconceito, aliado à desinformação, explica que o presidente de um partido que tem hoje expressão nacional ignore que a sub-representação feminina nada tem a ver com disposições naturais, mas resulta de constrangimentos institucionais, sociais e culturais.



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