sexta-feira, 25 de março de 2016

QUANDO O PODER É SOLITÁRIO

Dilma Rousseff diante de uma corte de julgamento. Presa, lutando pela democracia. Solitária, aquele momento. 

Acompanho, tanto como eleitora como militante social e mais ainda como cientista política as sucessivas tendências de desgaste político a que vem sendo submetida a Presidenta Dilma Rousseff, desde o momento em que foi eleita para o cargo pela segunda vez, em outubro de 2014, com 51,64% de 54.501.118 votos.
As forças opositoras que não conseguiram o cargo pelo direito do voto popular do sistema de representação democrático, criaram uma agenda para desgastá-la formal e pessoalmente sendo visível esse jogo que se tornou uma medida sistematizada das lideranças do partido que perdeu as eleições agregando aos  demais representantes de uma elite partidária que embora  estivesse integrada à base coligada para manter a governabilidade do momento, montou seus palanques e procurou cada vez mais contaminar as múltiplas vertentes que pudessem servir aos momentos mais promissores para cultivar esse desgaste.
O séquito de opositores partidários e da elite conservadora se formou nesse tempo em que o executivo federal procurou estabelecer uma política de rearranjo econômico e social e revalidação de políticas cambiáveis com um tempo de recessão mundial estabelecendo medidas de combate à corrupção política em órgãos integrados às políticas de crescimento econômico e cujas mazelas não se apresentavam com a cara atual, mas vinham de outros governos que subsidiaram as tramas gastando os recursos de seus próprios governos para garantir a hegemonia no poder.
Mas foi em Dilma que recaíram as dúvidas de que era neste momento que as “operações pró-corrupção” eram de seu governo e não vinham de outras épocas. Sangra-se assim, até a morte moral um governo que jamais fechou um canal de imprensa, uma rede social que emitia opiniões ambíguas com o objetivo de criar maiores chagas no desgaste.
As denúncias de corrupção que eram executadas pelos detratores do governo, em que pesem serem emitidas por fontes institucionais consideradas jamais transbordaram para um noticiário de imprensa com acesso de grande alcance. As opiniões dos jornalistas dessa imprensa sempre ocorreram de forma ambígua , tratando o caso com evasivas e/ ou trazendo convidados/as para emitir opinião com o foco na  tabela solitária de um “Brasil que vai pra trás”.
Até o momento em que se dá a responsabilidade de todas as políticas que se criam para fornecer acesso a um Brasil que está forte, que segue vencendo crises mesmo com arrochos e que há necessidade desses acertos para mostrar esse encaminhamento de responsabilidade esse comportamento é tomado como passível de ser um dos motes de um processo de impeachment à mandatária do País.
É aqui que fica no ar minhas questões considerando que embora tenha meu direito de eleitora estou na posse de meus direitos de cidadã para lançar tensão com ímpetos de receber respostas, não dos querelistas, dos tendenciosos, dos que não estão “nem aí” para a vida política que representa o Brasil democrático porque foi eleita por mais de 50 milhões de eleitores:
a)          Onde anda esse eleitorado? Encolheu com as denúncias capciosas dos opositores partidários que perderam as eleições em 2014 e se propuseram a “avacalhar” os representantes eleitos até chegarem ao poder?
b)          Onde andam os movimentos sociais que não repercutem em coletivo salvo em posições de um ou outro líder sobre a situação que está sendo vilipendiada nacionalmente?
c)          Onde buscar os filiados/as do Partido incumbente – o PT – que embora em notas aqui ou acolá – não tomaram à frente a posição de desmontar esses incautos predadores?
d)          Onde estão os grupos de pressão integrados ao PT que se calam e em um ou outro post nas redes sociais acha por bem assumir uma posição às vezes ambígua para desnortear esse arcabouço de incertezas contra a presidente?
e)          Onde fica o Ministério da Justiça que deixa as inverdades escalarem a tal ponto a linha informativa que não acorre às leis e as posições demonstrativas de que o lado da barganha tradicionalista está tomando a frente do poder e desmontando falaciosamente os caminhos da busca por uma política de integração com o mundo em recessão para sair da crise?
f)           Onde andam os movimentos de mulheres e feministas que deixam as pancadas masculinas (de homens e mulheres) sangrarem até a morte o corpo político e físico da primeiro mulher a ter a ousadia de assumir o poder de decisão nacional, procurando articulação com as coalizões partidárias que só têm mesmo de seu o medo de perder o poder?
g)          Aonde andam as lideranças das coalizões partidárias do governo que não tomam a frente de uma ofensiva mais direta nessa onda de terror político que tem deixado o país em tensão, sem saber para onde correr?
h)           E finalmente, aonde anda a imprensa alternativa que não cria um coletivo para se apor contra esse “globismo” inveterado que vem dissipando as mentes da população desde as primeiras fases da ditadura de 1964?

Fico pensando que temos nas mãos o poder de reverter esse estado de coisas que está ocorrendo no Brasil, e mesmo se forem usadas as armas dos detratores devemos estar seguros de que vislumbramos o poder solitário da Presidenta Dilma Rousseff e não a deixaremos só. (Luzia Álvares)

(Obs. Texto escrito há mais  de dois meses quando as forças sociais ainda estavam muito silenciosas)


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