Sobre
as recentes declarações do Presidente do PSL, que afirma que as mulheres não
teriam interesse ou vocação para a política*, cabe esclarecer que ao menos
desde os anos 1960, os estudos sobre mulheres e política demonstram que a
sub-representação feminina é resultado de barreiras que impedem ou dificultam
sua participação. Um dos momentos principais em que essas barreiras se impõem é
justamente a construção das candidaturas junto aos partidos políticos.
No
Brasil, a lei que garante 30% das candidaturas para um dos sexos na lista
eleitoral partidária está embasada no reconhecimento de que a sub-representação
das mulheres é uma injustiça. Elas são a maioria do eleitorado, mas têm sido
deixadas de fora dos espaços em que são tomadas as decisões que as atingem
diretamente. O Brasil é hoje um caso extremo, sendo um dos países do continente
americano em que as mulheres têm menor acesso aos espaços decisórios, sejam
eles cargos eletivos ou nomeações de primeiro escalão, como ministérios ou
secretarias nos estados e municípios.
Só
o preconceito, aliado à desinformação, explica que o presidente de um partido
que tem hoje expressão nacional ignore que a sub-representação feminina nada
tem a ver com disposições naturais, mas resulta de constrangimentos
institucionais, sociais e culturais.