tag:blogger.com,1999:blog-81725289316708785192024-03-18T21:36:16.179-07:00Política e CrônicasLuzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.comBlogger289125tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-51197450091961711682023-11-20T10:07:00.000-08:002023-11-20T10:07:52.912-08:00 O DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA E A LUTA DE ZUMBI<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYorRicDufs3yurDAgOokcVgOYrCw-wX28UmnTetfgtlOLE4WpzqAVOK5WsanRatFNzeKQPyMcOPDx47QKXh_RjaGfrT7eqGvToVSEg410Sq1v6wm6Bwst-1hKQ1e7k9TQAQrDSmJ88KaDX2kBG1cvNvonWLsOIJfih-50dTiqA6qJ2bh2NaN_8oXZznd6/s366/dia_da_consciencia_negra%202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="275" data-original-width="366" height="339" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYorRicDufs3yurDAgOokcVgOYrCw-wX28UmnTetfgtlOLE4WpzqAVOK5WsanRatFNzeKQPyMcOPDx47QKXh_RjaGfrT7eqGvToVSEg410Sq1v6wm6Bwst-1hKQ1e7k9TQAQrDSmJ88KaDX2kBG1cvNvonWLsOIJfih-50dTiqA6qJ2bh2NaN_8oXZznd6/w452-h339/dia_da_consciencia_negra%202.jpg" width="452" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, foi
instituído oficialmente pela lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data
faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares –
situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na região Nordeste do Brasil.
Zumbi foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados por
Domingos Jorge Velho. Maiores informações podem ser consultadas no texto
História do Quilombo de Palmares (1958).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
data de sua morte, descoberta por historiadores no início da década de 1970,
motivou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, em
um congresso realizado em 1978, no contexto da Ditadura Militar Brasileira, a
elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros
escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que seus descendentes
reivindicam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Com
a redemocratização do Brasil e a promulgação da Constituição de 1988, vários
segmentos da sociedade, inclusive os movimentos sociais, como o Movimento
Negro, obtiveram maior espaço no âmbito das discussões e decisões políticas. A
lei de preconceito de raça ou cor (nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989) e leis
como a de cotas raciais, no âmbito da educação superior, e, especificamente na
área da educação básica, a lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que
instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira,
são exemplos de legislações que preveem certa reparação aos danos sofridos pela
população negra na história do Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
figura de Zumbi dos Palmares é especialmente reivindicada pelo movimento negro
como símbolo de todas essas conquistas, tanto que a lei que instituiu o dia da
Consciência Negra foi também fruto dessa reivindicação. O nome de Zumbi,
inclusive, é sugerido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana como personalidade a ser abordada nas aulas de ensino básico como
exemplo da luta dos negros no Brasil. Essa sugestão orienta-se por uma das
determinações da lei Nº 10.639, que diz no Art. 26-A, parágrafo 1º: “O conteúdo
programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História
da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
História do Brasil.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
despeito da comemoração do Dia da Consciência Negra ser no dia da morte de
Zumbi e do que essa figura histórica representa enquanto símbolo para
movimentos sociais, como o Movimento Negro, há muita polêmica no âmbito
acadêmico em torno da imagem de Zumbi e da própria história do Quilombo dos
Palmares. As primeiras obras que abordaram esse acontecimento histórico, como
as de Edison Carneiro (O Quilombo dos Palmares, Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 3a ed., 1966), de Eduardo Fonseca Jr. (Zumbi dos
Palmares, A História do Brasil que não foi Contada. Rio de Janeiro: Soc.
Yorubana Teológica de Cultura Afro-Brasileira, 1988) e de Décio Freitas
(Palmares, a guerra dos escravos. Porto Alegre: Movimento, 1973), abriram
caminho para a compreensão da história da fundação, apogeu e queda do Quilombo
dos Palmares, mas, em certa medida, deram espaço para o uso político da figura
de Zumbi, o que, segundo outros historiadores que revisaram esse acontecimento,
pode ter sido prejudicial para a veracidade dos fatos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Um
dos principais historiadores que estudam e revisam a história do Quilombo dos
Palmares atualmente é Flávio dos Santos Gomes, cuja principal obra é De olho em
Zumbi dos Palmares: História, símbolos e memória social (São Paulo: Claro
Enigma, 2011). Flávio Gomes procurou, nessa obra, realizar não apenas uma
revisão dos fatos a partir do contato direto com as fontes do século XVI e
XVII, mas também analisar o uso político da imagem de Zumbi. Segundo esse
autor, o tio de Zumbi, Ganga Zumba, que chefiou o quilombo e, inclusive, firmou
tratados de paz com as autoridades locais, acabou tendo sua imagem diminuída e
pouco conhecida em razão da escolha ideológica de Zumbi como símbolo de luta
dos negros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Além
dessa polêmica, há também o problema referente à própria estrutura e proposta
de resistência dos quilombos no período colonial. Historiadores como José
Murilo de Carvalho acentuam que grandes quilombos, como o de Palmares, não
tinham o objetivo estrito de apartar-se completamente da sociedade
escravocrata, tendo o próprio Quilombo dos Palmares participado do tráfico e do
uso de escravos. Diz ele, na obra Cidadania no Brasil: “Os quilombos que
sobreviviam mais tempo acabavam mantendo relações com a sociedade que os
cercava, e esta sociedade era escravista. No próprio quilombo dos Palmares
havia escravos”. (CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo
Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 48).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">As
polêmicas partem de indagações como: “Se Zumbi, que foi líder do Quilombo de
Palmares, possuía escravos negros, a noção de luta por liberdade nesse contexto
era bem específica e não pode colocá-lo como símbolo de resistência contra a
escravidão”. A própria história da África e do tráfico negreiro transatlântico
revela que grande parte dos escravos que a coroa portuguesa trazia para o
Brasil Colônia era comprada dos próprios reinos africanos que capturavam
membros de reinos ou tribos rivais e vendiam-nos aos europeus. Essa prática
também ressoou, como atestam alguns historiadores, em dada medida, nos
quilombos brasileiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Nesse
sentido, a complexidade dos fatos históricos nem sempre pode adequar-se a
anseios políticos. Os estudos históricos precisam dar conta dessa complexidade
e fornecer elementos para compreender o passado e sua relação com o presente.
Entretanto, esse processo precisa ser cuidadoso. O uso de datas comemorativas
como marcos de memória suscita esse tipo de polêmica, que deve ser pensada e
discutida criteriosamente, sem prejuízo nem das reivindicações sociais e,
tampouco, da veracidade dos fatos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">(Texto publicado em Novembro de 2014, neste blog)</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p>Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-18284163062316852392022-09-07T06:52:00.002-07:002022-09-07T06:52:20.067-07:00ALBERTO RANGEL E AS CARTAS DE AMOR IMPERIAIS<p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Cambria",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic";">Em junho do 2007, com o discurso intitulado:
“Alberto Rangel E As Cartas De Amor Imperiais” assumi a Cadeira nº 1 do
Instituto Histórico e Geográfico do Pará -IHGP, cujo patrono é Rangel. Na
avaliação preliminar sobre as obras escritas pelo autor, havia o mais conhecido
e considerado muito importante no seu percurso de escritor – “Inferno Verde”</span><span style="font-family: "Cambria",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Cambria",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic";">Cenas
e cenários do Amazonas”, de 1908, com o Prefácio escrito pelo seu grande amigo
Euclides da Cunha. Contudo, devido meus estudos sobre a questão da mulher e as
relações de gênero, optei pela leitura e análise de duas obras históricas desse
autor, em edições diferentes- “<b>D. Pedro I e a Marquesa de Santos (À vista de
cartas íntimas e de outros documentos públicos e particulares),</b> de 1916,
Livraria Francisco Alves; e a terceira Edição, de 1969, da Editora Brasiliense,
com base na 1ª Edição). Outra edição lida e analisada foi “<b>Cartas de Pedro I
à Marquesa de Santos”</b>, edição de 1984, da Ed. Nova Fronteira (organizada
por autor anônimo e publicada pela Tipografia Morais em 1896).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Cambria",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic";">Dessas
leituras escrevi minha saudação de entrada no Silogeu paraense, assumindo a Cadeira
nº 1, cujo patrono é Alberto Rangel. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Cambria",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic";">Neste
blog, publico o texto integral apresentado aos Consócios do IHGP. <o:p></o:p></span></p><p></p><h1 align="center" style="text-align: center;"><a name="_Hlk63588202"><span lang="PT"></span></a><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a name="_Hlk63588202"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggX3Dh4cUpXU27Q6b0WEBCKNMqtTvYiOnktIZZ8D8GFh9qnry1WGGUXvfiVQ_myheZSa481CaGKC9fKYxCt-eHq8HXNKKBcClKwHa70TIIZMNvcFQLke0fWuVGLO0CNt0oPKBcl1oWWFCQOPn0gfqqnJ2r_WSNcQLhaspwJKYEjSJ0SZbodyVNwA2EBQ/s800/design_sem_nome_-_2020-07-24t085342.911_widelg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggX3Dh4cUpXU27Q6b0WEBCKNMqtTvYiOnktIZZ8D8GFh9qnry1WGGUXvfiVQ_myheZSa481CaGKC9fKYxCt-eHq8HXNKKBcClKwHa70TIIZMNvcFQLke0fWuVGLO0CNt0oPKBcl1oWWFCQOPn0gfqqnJ2r_WSNcQLhaspwJKYEjSJ0SZbodyVNwA2EBQ/w540-h305/design_sem_nome_-_2020-07-24t085342.911_widelg.jpg" width="540" /></a></div><br /><span style="font-size: medium;"><br /></span></h1><h1 align="center" style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a name="_Hlk73007133"></a><a name="_Hlk63588202"><span lang="PT">ALBERTO
RANGEL E AS CARTAS DE AMOR IMPERIAIS</span></a></span></h1><p class="MsoNormal"><span lang="PT"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 247.8pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Não se absolvam os amantes de São Cristóvão, quando se pode
recorrer até à humanizações do Evangelho para indultar os que muito amaram.”<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Alberto Rangel<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">(1871- 1945)<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif;">Sumário</span><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif;">
<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Cambria, serif; text-align: left;"><b><span style="font-size: large;">Introdução</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span style="font-family: Cambria, serif; text-align: left;">1. Um “olhar”
sobre os outros: o fundador da cadeira e o seu último ocupante.</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">2.
Os “ossos do ofício”: escavacando a trajetória de Alberto Rangel <o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">3.
Os acessos negados e as permissões do autor <o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">4.
O amor, a História e três paixões<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;">a) a estrutura
das obras; b) como se esboça o amor de Rangel pela História (o ofício do
historiador, a procura das fontes, o confronto entre documentos, o que dizem
esses documentos); c) como ele esboça as “histórias ordinárias” dos dois
amantes imperiais<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">5.
Uma conclusão possível : As cláusulas de “Rosebud” <o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Introdução
<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span style="font-family: Cambria, serif;"> Não
foi fácil chegar ao patrono. As primeiras informações sobre Alberto Rangel,
patrono da cadeira n</span><sup style="font-family: Cambria, serif;">o</sup><span style="font-family: Cambria, serif;"> 1 desta casa (IHGP), tinham uma direção
clássica: ele fora o autor da expressão “inferno verde” para designar a
Amazônia, transformando essa representação em um trabalho consubstancial além
desse novo conceito. Deste detalhe, chegar ao “caminho das pedras” não seria
tão difícil, pois o acervo bibliográfico sobre a região Amazônica possivelmente
incluiria um exemplar do livro de Rangel. Antes, preferi inventariar sua obra. Em
meio ao acervo composto de romances, ficção, história, discursos e conferências,
produzidos e publicados por ele, encontrei um exemplar que me chamou a atenção
pela linha de meus estudos sobre a questão da mulher e as relações de gênero: “</span><b style="font-family: Cambria, serif;">D.
Pedro I e a Marquesa de Santos (À vista de cartas íntimas e de outros
documentos públicos e particulares).</b><span style="font-family: Cambria, serif;"> O olhar em detalhes sobre o volume à
disposição na condição de “obra rara”, no único lugar onde este foi encontrado
(dos inúmeros que foram visitados) – a Biblioteca “Arthur Vianna” (CENTUR) – só
me permitia a consulta. Na primeira “folheada”, para a confirmação da
proximidade entre Rangel e minha temática preferida, as páginas ainda fechadas
do livro deixaram nas minhas mãos resíduos do tempo, fragmentos de papel
amarelado. Sem traças, exalando o cheiro do mofo, o velho volume traduzia uma
condição com a qual o pesquisador se defronta diariamente com suas fontes. O
que fazer para garantir o manuseio e a permanência deste documento para novas
consultas?</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Considerada
a conjunção entre a minha tarefa – produzir um texto sobre o patrono – e meu
prazer – gostar do tema da pesquisa, incluindo-o entre os de minha preferência
– foi possível fazer a escolha dessa obra para ser tratada, e da questão a ser
problematizada. Configurou-se uma outra situação: das mais de 600 páginas do
livro – entre narrativa, fotografias e apensos – só me era possível ler, com
mais profundidade, umas 40 páginas, diariamente. Falta de tempo, outras
atividades, as condições gerais do lugar e tudo o que se expressa como
impugnações à elaboração de um trabalho com limites para o seu término – o dia
da posse – fizeram-me dividir com outras pessoas a pesquisa. Eunice Santos
responsabilizou-se pela avaliação do estilo e a elaboração de uma síntese da
“obra rara”, enquanto Matilde Cabeça seria a escrevente dos apensos (cerca de
200 páginas). A estas duas amigas eu devo o meu apreço carinhoso.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Novas
descobertas estavam a caminho. <a name="_Hlk63587012">Quando a situação ainda
se encontrava crítica, encontrei, no acervo de diversos de Pedro Veriano, um
exemplar das <b>“Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos”(1984)</b>, assinado
por Emanuel Araújo. O manuseio das 633 páginas identificou a análise em notas
de Alberto Rangel. </a>Já nos estertores da busca por fatos históricos sobre o
império no Brasil, a professora Maria de Nazaré Sarges descobriu, em sua
biblioteca, um exemplar da “obra rara” dando-me por empréstimo. Com isso foi
possível desenhar os amores entre duas pessoas num tempo político e conturbado
da história do Brasil, através da ótica do patrono.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><a name="_Hlk63588154"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Dividi
este texto em cinco partes. </span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Na primeira - Um “olhar” sobre os
outros - quem foi o fundador da cadeira e o seu último ocupante – trato de
Aylton Quintiliano e Antonio Vizeu; na segunda – “Os “ossos do ofício”:
escavacando a trajetória de Alberto Rangel” - registro parte da biografia do
patrono; no terceiro item – “Os acessos negados e as permissões do autor” -
identifico alguns problemas em manusear as obras raras, que negam acesso ao
público e considero a função do pesquisador ao escavacar os documentos e chegar
à permissão do autor, isto é, ler suas obras e socializar suas informações; no
quarto item – “O amor, a História e três paixões”- analiso a obra de Rangel,
seu amor à História, às histórias e o seu debruçar sobre as paixões de D. Pedro
I e D. Domitila de Castro contido por sentimento apaixonado pelo ofício de
historiador, pela história privada e amorosa dos dois amantes. Para a
conclusão, fiz uma referência ao cinema (uma das minhas áreas), considerando
“as cláusulas de “Rosebud”. Esse item ficará, em princípio, sem explicações.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><b style="font-family: Cambria, serif; text-align: left;">1. Um “olhar”
sobre os outros: o fundador da cadeira e o seu último ocupante</b></span></p><p class="MsoBodyText"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: normal;"><b> </b></span><span style="font-family: Cambria, serif; text-align: justify;"> </span><a name="_Hlk63603776" style="font-family: Cambria, serif; text-align: justify;">Aylton Quintiliano foi o fundador e primeiro ocupante da
cadeira n<sup>o</sup> 1 deste soligeu, cujo patrono foi Alberto Rangel. Nascido
em Maceió, em 26 de fevereiro de 1921, formou-se em Direito, tendo militado
desde jovem na “Tribuna Popular”. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro,
dedicou-se à literatura e ao jornalismo, compondo o corpo editorial dos Diários
Associados. De sua obra, destacam-se “A Grande Murallha”; os livros de poesias
“Direito de Viver”, “Poesias”, “Caminhos da Esperança” e “Estrada do Sol”. Mais
tarde, dedicou-se à prosa histórica, publicando “Renegados”, “Grão-Pará
(Resenha Histórica)” e “Guerra dos Tamoyos”. Era membro da Academia Carioca de
Letras, Academia Alagoana de Letras e deste Instituto, entre outras
associações. Em Belém, foi secretário e editorialista do jornal “Folha do
Norte”.</a></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> Na Revista do Instituto Histórico e
Geográfico do Pará , vol. XV, 1968, pág. 60, há transcrição da ata de posse de
Quintiliano (de 26/01/1968) e a síntese de seu discurso de improviso segundo
ele porque não queria tomar muito tempo dos presentes e dele próprio, pois o
“dever o esperava na “Folha do Norte”. Explorou a dimensão cosmopolita do
patrono que sem ser da região teria traduzido seu amor pela Amazônia, através
de seu livro “Inferno Verde” que “é o retrato do mundo amazônico, é a crueza, o
mistério e o terrível na selva cheia de contrastes” </span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn3" name="_ednref3" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> O último item desta ata, nas
“observações”, há o seguinte registro: “O consócio Aylton Quintiliano,
empossado nesta sessão, faleceu dia <b>13 de abril de 1968</b> em conseqüência
de um desastre automobilístico</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn4" name="_ednref4" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">.”<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Foi
nessa mesma revista que encontrei – nas páginas que contêm os elementos
pré-textuais do periódico – a referência a Antonio Vizeu da Costa Lima, como o
posterior ocupante. Embora tenha levantado os dados relativos a todas as revistas
do IHGP existentes na Biblioteca Arthur Vianna, não encontrei registros da
posse de Antonio Vizeu. Também não localizei qualquer outro material relativo à
presença dele nesse instituto. Vali-me do acervo de seus familiares para compor
esse registro. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Em
meio às descobertas do “cantinho do Vizeu”, sua viúva Célia procurou
introduzir-me num “tempo foi” do velho professor. Da fixidez de um currículo
escrito com os dados de uma vida dedicada à Universidade Federal do Pará,
fizemos uma bela manhã de lembranças, onde as lágrimas de saudade pelo velho
companheiro não pouparam os olhos da apaixonada Célia. Aos poucos fui
descobrindo um farto material de consulta que possibilitou delinear um perfil
mais do educador e de sua presença para além do meio amazônico. Antonio Vizeu
da Costa Lima, nascido em 1<sup>o</sup> de novembro de 1925 e falecido em 1992,
tinha ascendência portuguesa. Casado com d. Célia Vizeu teve cinco filhos. Sua
formação elementar e complementar foi feita entre o Colégio do Carmo e o CEPC
(Colégio Estadual Paes de Carvalho). O curso superior de bacharel em Direito e
de Geografia foi realizado na UFPA. Das inúmeras especializações, destacam-se
as que cursou em todas as áreas da Geografia e da Educação, tornando-se
professor titular da cadeira de Geografia Econômica tanto na UFPA quanto no
CESEP. Destacou-se nas funções da Administração Superior da UFPA, sendo Diretor
do CFCH, Pró-Reitor de Ensino, de Administração e de Extensão em vários
períodos. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> Os
cargos são muitos, no currículo de Antonio Vizeu. </span><span style="font-family: "Cambria",serif; mso-ansi-language: PT-BR;">Difícil enumerá-los nesta oportunidade. </span><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Chamo
a atenção para a sua produção científica – obra que está necessitando de ser
coligida para publicação, pois traçará um perfil da época em que a preeminência
dos assuntos ainda era para a Educação. E também servirá para as gerações futuras
reconhecerem, na obra deste consócio, uma parte da História que teima em não
ser escrita. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Com
trabalhos elaborados para os inúmeros congressos de Geografia e de Educação que
ele organizava e criava o intercâmbio inter-regional, nacional e internacional,
chamo a atenção para quatro, visando a exemplificar sua produção: “Estudos da
emigração portuguesa”, 1<sup>o</sup> Volume do “Livro de Homenagem a Orlando
Ribeiro”, mestre da geografia portuguesa, publicado pelo Centro de Estudos
Geográficos de Lisboa, em 1984 (onde escrevem geógrafos do mundo todo), em que
o autor discorre sobre a expansão portuguesa no mundo, delineando quadros da
emigração continental legal e/ou clandestina em alguns períodos recentes, entre
um movimento legal e também clandestino. O trabalho “Complexos Interescolares e
Intercomplementaridade no Ensino da Amazônia” foi publicado nos anais do II
Encontro de Educadores da Amazônia, defendido em forma de tese; “Um Plano
Educacional para a Amazônia Brasileira” elaborado para o Encontro Interamericano
de Educação Católica no México; e “A História da Educação Brasileira e o
Momento Atual”, palestra proferida na Assembléia Legislativa do Estado do Pará.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">No
currículo de Antonio Vizeu, não consta a particularidade que nos aproximou: a
assinatura do convênio entre o Centro de Estudos Cinematográficos e o Cine
Clube da APPC, para a efetivação regular das exibições cinematográficas no
auditório do teatro “Martins Penna”. O respeito com que Antonio Vizeu tratava
este convênio e, , consequentemente, o cinema, entre as atividades de extensão
da UFPA, perdeu-se no tempo. Nesta lembrança, registro seu esforço em não tratar
como “sobremesa” as exibições cinematográficas – como bem disse Benedito Nunes
– mas como um lauto banquete. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Se
houve/ não houve a posse solene ou o elogio ao patrono, vale o que foi
produzido por Antonio Vizeu e que seus pares consideraram, ao propô-lo consócio
do IHGP (carta de 19/08/1968) e membro da Comissão de Geografia e Etnografia
deste Instituto (Of. 20/04/1978).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">2. Os “ossos do ofício”: escavacando
a trajetória historiográfica de Alberto Rangel</span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif;"> Não
se trata de uma biografia no sentido que tem este termo – história da vida de
uma pessoa – mas de um desenho traçado a partir de outras versões sobre o
patrono</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn5" name="_ednref5" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[3]</span></span></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif;">,
com base em suas obras publicadas.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Alberto
Rangel nasceu em <a name="_Hlk63601595">Recife (29 de maio de 1871</a>),
fazendo seus estudos primários nessa cidade e depois se transferindo para Itu,
São Paulo, e em seguida para o Rio de Janeiro, cursando aí a escola Militar da
Praia Vermelha, graduando-se como engenheiro militar na arma de Artilharia.
Auxiliar do Presidente Marechal Floriano Peixoto lutou contra os rebeldes ao
lado do governo. Desligou-se do Exército por ter sido ferido duas vezes,
publicando, em 1900, um panfleto com o título “Fora de Forma”, narrando os motivos
deste gesto. Em 1889, viajou para o Estado do Amazonas ocupando o cargo de
Diretor do Departamento de Terras e Colonização, sendo, posteriormente,
Secretário Geral do Estado. Nesse cargo, foi o “primeiro a denunciar a invasão
de aventureiros ingleses à Amazônia, no roubo de seringueiras, mais tarde
levadas para a Índia. Tal atitude lhe valeu um encontro com o Presidente
Affonso Pena”.</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn6" name="_ednref6" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">
Em Manaus, escreveu “Inferno Verde”, em 1904, período em que se achava
residindo na Vila Glicínia, tendo como companheiros Firmo Dutra e Euclides da
Cunha – este foi o prefaciador, do livro, com observações em carta, feitas
sobre o livro.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Em missão do governo brasileiro, ao
ingressar na diplomacia, fez pesquisas nos arquivos da França colhendo dados
que aproveitou em seus livros históricos. Observador dos fatos da 1<sup>a</sup>
Guerra Mundial registrou suas impressões no livro “Quinzenas de Campo e
Guerra”. De suas pesquisas nos arquivos de países estrangeiros, de sua conduta
de amante da pesquisa histórica, de sua argúcia em inquirir as fontes e criar
uma freqüente interlocução com os fatos já narrados pela história regional,
procurando recompor imagens destruídas por equívocos interpretativos, tornou-se
“um dos mais profundos conhecedores do Brasil colonial, imperial e republicano
(...)” deixando “quadros típicos de nossas melhores e mais puras tradições”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn7" name="_ednref7" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><a name="_Hlk63604068"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">No
inventário de suas obras destacam-se:<o:p></o:p></span></span></a></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">1.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Inferno Verde” – 1908;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">2.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Sombras N’Água” – 1913;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">3.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Quinzena de campo e Guerra – 1915;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">4.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Dom Pedro I e a Marquesa de
Santos”- 1916;<o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">5.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> “Quando o Brasil Amanhecia”- 1919;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">6.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Livro de Figuras” – 1921 -
“pinta”, através de uma narrativa aguda, alguns vultos nacionais;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">7.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Lume e Cinza” – 1924;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">8.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Textos e Pretextos” – 1927;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">9.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Papéis Pintados” – 1928;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">10.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Fura Mundo!” – 1930;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">11.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> “Gastão D’Orleans (Conde D’Eu)” – 1934;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">12.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Rumos e Perspectivas” – 1934;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">13.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“No Rolar do Tempo (Opiniões e
testemunhos respingados)” – 1937 – (UFPA);<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">14.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Educação do Príncipe” (Pedro II) –
1938;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">15.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Heliogravuras” – 1939;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 18.0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span style="font-family: Cambria, serif;">Nas referências de Sebastião Campos Braga, responsável pela 3</span><sup style="font-family: Cambria, serif;">a
</sup><span style="font-family: Cambria, serif;">edição de “D. Pedro I e a Marquesa de Santos”, um dos exemplares em que
centrei minha pesquisa, há registro de quatro obras inéditas de Rangel :</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 53.4pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: list 53.4pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">1.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Cenas de Ensaio” (teatro) – 1940;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 53.4pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: list 53.4pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">2.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Os Dois Ingleses” – 1941</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn8" name="_ednref8" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">;<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 53.4pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: list 53.4pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">3.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Cunhambebe” – 1943 – (incluindo o
panfleto “Fora de Forma”, de 1900); <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 53.4pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: list 53.4pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">4.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“<span style="background: aqua; mso-highlight: aqua;">Águas Revessas” (memórias) – 1944</span>.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;"> Desse rol de obras escritas pelo
patrono e dos resumos sobre o seu conteúdo, pude avaliar, de forma
circunstancial, sua paixão pela História, pela narrativa impressionista, sua
depurada forma de esmiuçar a leitura das fontes e confrontar com o “já dito” na
literatura regional, extraindo daí novas versões sobre a história das gentes, a
geografia das coisas, a textura da vida diante do passado e a informação a ser
presença no futuro. Sua instigante compreensão do período colonial brasileiro
pode ser encontrada em “Quando o Brasil Amanhecia” ou em ‘Fura Mundo” (neste,
ele visita a São Paulo colonial); em “Gastão D’Orleans”, cria um perfil alentado
do último Conde D’Eu, justiçando, de forma magnânima, o herói da guerra do
Paraguai; em “Livro de Figuras” “pinta”, através de uma narrativa aguda, alguns
vultos nacionais; em “Lume e Cinzas” e em “Textos e Pretextos” perscruta o
passado interpretando os documentos esmiuçados nos arquivos e faz uma nova análise
sobre o que já foi escrito em torno dos fatos e coisas brasileiras. A ficção
sobre a Amazônia, “essa mata qual arame retorcido e exalando miasmas” ele
“descobre” em “Inferno Verde”, de cuja profundidade de argumentos
expressionistas leva Euclides da Cunha, em carta de dezembro de </span><st1:metricconverter productid="1907, a" style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;" w:st="on">1907, a</st1:metricconverter><span style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;"> dizer-lhe: “Deves,
num posfácio, prometer o reverso do quadro: o livro antítese do </span><i style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;">Inferno</i><span style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;">,
em que se considere, otimistamente, a nossa prodigiosa Amazônia”.</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Nas memórias de uma vida dedicada à
pesquisa e à escrita analítica dos fatos, Alberto Rangel inclina-se a mexer em
“Águas Revessas”, seu último livro, escrito em 1944, dando o “toque final” às
suas confidências a respeito da luta de um intelectual brasileiro que ama a sua
terra e sente-se inconformado com as mazelas constatadas. O sentido contrário
que toma a corrente, distanciando-se da corrente normal (revessa) não escapa de
sua simbologia terminológica, nesta obra memorialista de autor. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> O encontro marcado com a morte foi <st1:personname productid="em Nova Friburgo" w:st="on">em Nova Friburgo</st1:personname>, em
dezembro de 1945, aos 74 anos. Um ano depois, Rangel foi homenageado com a
denominação de uma artéria, no bairro do Leblon e, também, numa praça no
Butantã, <st1:personname productid="em S ̄o Paulo. Em" w:st="on">em São Paulo.
Em</st1:personname> Nova Friburgo, onde passou os últimos tempos, há uma rua
com o nome dele, registro de sua passagem por lá. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><b style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">3. Os acessos negados e as permissões do
autor</span></b></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;"> Uma das situações que vivencia o/a
pesquisador/a é a identificação de suas fontes e o meio de chegar aos
documentos. Nem sempre os acessos são fáceis. Às vezes esses documentos assumem
a categoria de “obras raras”. Nessa condição, tornam-se ainda mais
inaccessíveis, pois o serviço dos arquivos tem uma responsabilidade a cumprir:
resguardar do manuseio a raridade, garantindo a existência do documento para
acesso privilegiado.</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> A condição de “obra rara” da literatura
escrita por Alberto Rangel mantém o público afastado desse acervo histórico.
Conseqüentemente, limita-se o reconhecimento do valor e da importância de suas
análises, numa fase da história brasileira que tem sido extraída de poucos historiadores
clássicos, alguns com certo ranço cultural nos comentários. Deste modo, muitas
informações, que poderiam somar-se às já existentes, deixam de ser incorporadas
à versão clássica dos fatos histórico-políticos, omitindo o papel que tiveram
outras figuras na construção da política brasileira, e que ficam perdidas no
meio de análises pobres e inconsistentes. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> O que precisam os responsáveis pelos
arquivos é garantir que os documentos históricos possam ser manuseados pelo
pesquisador que recupera, da raridade, uma obra desconhecida, tornando-se o
mediador entre o público e o autor. Esta nova condição cria um compromisso do
pesquisador com o autor e com o público que é a socialização das informações e
a publicização de suas análises para o reconhecimento de sua obra. O que fazer
para que esses “acessos” deixem de ser negados e permitam a novos autores
transformarem-se em atores do processo histórico, perdendo o anonimato e
revelando o ineditismo de suas análises, é o que os pesquisadores devem começar
a discutir. E este Instituto está promovendo essa possibilidade ao retomar uma
velha prática entre os consócios, conforme pode ser constatado no manuseio das
publicações da entidade. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><a name="_Hlk113026055" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">4. O amor, a História e três paixões:
[[amor à História (Brasil, Brasís), às histórias (Pedro, Domitila e os seus
acusadores) ]] ; e as paixões – Pedro & Domitila e a paixão de Rangel pela
história privada e amorosa dos dois]]</span></b></a></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 283.2pt; text-align: right; text-indent: 0cm;"><b><i><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Eu
sou imperador, mas não me ensoberbeço com isso, pois sei que sou um homem como
os demais, sujeito a vícios e a virtudes como todos o são.”<o:p></o:p></span></span></i></b></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 247.8pt; text-align: right; text-indent: 0cm;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">(
De Pedro I à Marquesa de Santos. Carta de 4 de maio de 1824)<o:p></o:p></span></span></b></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 354.0pt; text-align: right; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Cambria, serif; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> A
obra “<b>D. Pedro I e a Marquesa de Santos (À vista de cartas íntimas e de
outros documentos públicos e particulares),</b> de Alberto Rangel teve uma primeira
edição publicada em 1916, pela Livraria Francisco Alves e outra em 1928, ambas
impressas em Tours (França). A terceira edição é de 1969, da Editora
Brasiliense (prefaciada em 1967), tendo sido baseada na 1<sup>a </sup>edição,
hoje pouco encontrada e/ ou encontrada somente em bibliotecas ou museus. Tomei
como base tanto a primeira edição, quanto a terceira</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn9" name="_ednref9" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. Outra fonte de análise foi “Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos”,
edição de 1984, da Ed. Nova Fronteira</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn10" name="_ednref10" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. O coordenador editorial deste
último livro, Emanuel Araújo, ao definir os critérios da edição (processo de
atualização da grafia e outras alterações nos textos das cartas de D. Pedro I),
faz duas referências importantes: a) um conjunto de cartas de D. Pedro I a
Domitila de Castro foi organizada por autor anônimo e publicada pela Tipografia
Morais em 1896; b) Alberto Rangel, em sua época, fizera a compilação exaustiva
das cartas dos dois amantes imperiais acrescendo a obra de comentários, mas
faleceu sem ter publicado o trabalho, sendo que seus originais foram adquiridos
pelo Arquivo Nacional em 1970, recebendo tratamento especial para não ferir a
autoria originária, embora a este fossem acrescidas mais outras cartas; ao
critério de Rangel “de não reproduzir as inconveniências desses originais,
...poupada a reprodução sobeja das chordas ressumações aduzidas nesse carteio
familiar”, não foram concordes os editores e seguiram a decisão do organizador
de 1896 que publicou as cartas sob “a mais rigorosa fidelidade sem Cortes de
pudica censura e sem folhas de parreira que falseiem ou velem a verdade”. Este
livro contém: 98 cartas datadas, escritas entre os anos de 1822 e 1829; 33 não
datadas; e 23 que foram acrescentadas sem comentários, portanto, de Alberto
Rangel. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> A
diferença entre os dois livros está na estrutura narrativa. Em “<b>D.
Pedro I e a Marquesa de Santos (À vista de cartas íntimas e de outros
documentos públicos e particulares) </b>a estrutura dos 15 capítulos mantém um
estilo de crônica histórica e biográfica, com narrador na 3<sup>a</sup> pessoa,
num tempo linear embora dialogando com os fatos históricos e com as nuances da
vida pessoal de D. Pedro I e da Marquesa de Santos. Paralelamente, cria
interlocução entre as várias histórias, explora a historiografia existente
sobre os fatos narrados e apõe outros documentos para serem analisados e
repensados pelo leitor. Os capítulos intitulam o assunto desenvolvido, desde a
construção do perfil do Imperador e de D. Domitila (As Imagens) aos costumes da
época (A Cultura e os Dotes, Casos e Traços, O Capítulo Ternura, A Matrona, Os
Favores e a Política), explorando o momento do encontro entre os dois, as
origens familiares da Marquesa, a sua condição de “teúda e manteúda”, as
dimensões políticas da presença íntima da amada e sua condição de matrona,
sempre chamando para cada caso os efeitos nacionais e internacionais dessa
história particular. As cartas subjazem na esfera narrativa, sendo o meio de
onde é extraído o subsídio do livro. Partes fragmentadas desses documentos
servem de testemunhos para a impressão analítica. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Em
“<b>Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos</b>”, estão publicadas 154
cartas. Rangel vê esses documentos como “uma literatura de pouca culminância e
toda de ocasião” porque ela só “vale e representa para os que as escreveram ou
receberam”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn11" name="_ednref11" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. Mas reconhece a importância histórica
que as acompanha. À vista disso, a narrativa do autor analisa, em forma de
nótulas, cada carta escrita pelo Imperador à sua amada, desenvolvendo, a partir
das referências que este faz a nomes, assuntos, termos específicos e
particulares ou a própria assinatura, uma História paralela, seja da situação
amorosa entre os dois, seja da situação política luso-brasileira passada, ou
daquele momento quando a independência transita como o “novo” no processo de
poder político, mas que ainda é motivo de dúvida entre os brasileiros e a Corte.
Há também, a partir dessas nótulas, a construção de uma genealogia familiar dos
dois personagens centrais e o perfil de um “homem” convivendo num cotidiano da
“vida ordinária” onde se expressa enquanto marido, amante e pai carinhoso. Os termos
usados por D. Pedro, para acarinhar a amada, também são repassados pelo olho
observador de Rangel, que nessa condição assume múltiplos papéis, quer seja
enquanto historiador (o peso maior das observações e comentários, enfim, de toda
narrativa fragmentada), enquanto psicólogo (das relações de gênero e da
situação política nacional, internacional e pessoal criadas por essas relações)
e enquanto um crítico (de uma certa História) que procura esclarecer o tom
escabroso do acontecimento, na versão de outros historiadores e de uma
literatura que omitira os fatos. Apresenta então outros documentos que rompem
com as nebulosidades do “dito” e do “não dito”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Apresenta
também o perfil de “mulheres”: de Domitila, de D. Leopoldina, e /ou de qualquer
outra figura que seja/esteja integrada ao percurso amoroso e político do fato
histórico e/ ou que sirva para desmontar alguma farsa de historiadores
malversados na sua ciência que ousaram mexericar sobre a concubina.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Agora
me reporto à época e aos fatos que são o cenário desta narrativa, para situar a
engenharia do historiador Alberto Rangel e sua preocupação com as duas
dimensões da História (a da ciência e a particular dos personagens). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Os
trezentos anos de colônia portuguesa fizeram, do Brasil, um espaço disponível para
que as Cortes de Portugal, num quadro das relações internacionais em conflito,
considerassem satisfatório, para amenizar a situação, a instalação do governo
real na Colônia portuguesa. A vinda da família real para o Brasil, desde 1808,
deslocou o eixo da vida administrativa da Colônia para o Rio de Janeiro e
esboçou aí uma vida cultural intensa, mudando a fisionomia da cidade. Mas essa
transferência da Coroa, que não deixou de ser portuguesa e nem de proporcionar
as benesses aos interesses portugueses no Brasil, gerou descontentamentos,
desde o acréscimo dos impostos nos bolsos da população, às desigualdades
regionais. Não estava tão distante da elite brasileira o facho iluminista do
liberalismo político, sendo este também um capítulo surpreendente nos levantes
que se deram no território então luso-brasileiro. Nem a elevação da Colônia à
condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, por D. João, em dezembro de
1815, foi propícia para garantir a mudança de tratamento aos brasileiros, visto
que sua condição de dependente às Cortes continuava a mesma. Sagrado Rei de
Portugal, do Brasil e Algarves, após a morte da rainha, D. João VI retornou à
sua terra em abril de 1821, deixando em seu lugar, como príncipe regente, seu
filho D. Pedro. Mas as medidas tomadas pelas Cortes de transferir as principais
repartições para Lisboa provocaram atrito entre a elite política brasileira que
exigia melhor tratamento. A determinação da volta do príncipe regente para
Portugal, alimentou ainda mais a desídia e obrigou D. Pedro a optar pela
permanência no Brasil, constituindo-se como o Primeiro Imperador, em abril de
1822. Os atos de ruptura entre a Corte e a antiga Colônia desmontaram a
fidelidade a Portugal. A formação de um novo ministério e a criação de um
exército brasileiro operavam como fontes expressivas dessa desmontagem.
Entretanto, despachos de Lisboa revogando ordens do príncipe regente apressaram
os acontecimentos e deram vitalidade a uma ruptura mais formal através da
proclamação da independência. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> É
nos anos de sedimentação desse rompimento definitivo e do intento em
estabelecer uma política brasileira sem o facho de submissão real
(Império-Independência) - <st1:metricconverter productid="1822 a" w:st="on">1822
a</st1:metricconverter> 1829 – que Alberto Rangel vai integrar uma história de
amor imperial, aos grandes sucessos que marcarão o período.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Os
amantes de São Cristóvão, como usualmente eram referidos D. Pedro e D. Domitila
de Castro, conheceram-se em agosto de 1822 quando o príncipe regente
inspecionava São Paulo, cujo povo exigia uma mudança de comportamento do Coronel
Martim Francisco Ribeiro de Andrada que estava praticando arbitrariedades.
Chegara ali estacando na colina N<sup>a</sup> S<sup>a</sup> da Penha, em 21 de
agosto, com um secretário, dois criados, mais o cadete Francisco de Castro
Canto e Melo (irmão de Domitila) e Francisco Gomes da Silva, o Chalaça. Diz
Rangel: “Para uns, D. Pedro teria chegado assim ao largo de São Francisco e
circunvizinhanças, encontrando-se nessa ocasião com a última filha do coronel
João de Castro; para outros, essa visita do lamecha e papa-léguas principesco se
dera no ermo da várzea do Carmo, antes da cidade e de suas indiscrições, na
herdade do Ferrão (....).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> Outras
versões desse encontro extrai Rangel de dois testemunhos: o do irmão de
Domitila, o cadete Francisco Castro Canto,
e de uma carta de D. Pedro à amada, de 27 de dezembro de 1825, na qual
este diz: <i>“No dia em que fazia três anos que eu comecei a fazer amizade com
mecê assino o tratado do nosso reconhecimento com o Império”.(...)</i>. Sobre
essa declaração Rangel analisa nas nótulas: <i>“Foi, portanto, a 29 de agosto
de 1822 que começaram as relações íntimas de dom Pedro com dona Domitila. Em
carta de 31 de agosto de 1828, dom Pedro reassinalara essa data que
naturalmente lhe seria inesquecível. Em carta sem data volta dom Pedro a
lembrá-la.”</i></span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn12" name="_ednref12" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><i><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><b><span lang="PT">[10]</span></b></span><!--[endif]--></span></i></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Se
todos reconheciam <st1:personname productid="em D. Pedro I" w:st="on">em D.
Pedro I</st1:personname> o imperador do Brasil envolvido com as questões
nacionais e com os conflitos que explodiam na estruturação e consolidação do
movimento de independência – desde os movimentos autonomistas onde refluía o
espírito de sujeição à metrópole e a inserreição de algumas províncias (como o
Pará) contra o novo poder – à garantia, na esfera internacional, do
reconhecimento da Independência pelos países onde deveriam ser mantidos os
intercâmbios comerciais e econômicos, impondo-se “a tarefa de construir um
Estado nacional para organizar o país e garantir sua unidade”, Alberto Rangel também
considera isso tudo, mas vai apor a todos esses compromissos, que podem ser
tomados como “razões de Estado”, o comprometimento do Imperador com as “razões do
coração”. Para isso, mescla os documentos, inclusive fotos, que extrai dos
arquivos públicos nacionais e internacionais, onde se operam os depoimentos da
razão histórica, às cartas imperiais que tratam da razão romântica, criando um
perfil do homem comum. Esses documentos íntimos, enquanto componente
insofismável da “vida ordinária” de D. Pedro I, fornecem ao historiador a
matéria prima para traçar-lhe o perfil: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Ver assim o Imperador e lembra-lo
sujeito às bronquites, abusando do Leroy e da água Vienense, com os rins
inflamados, o fígado sempre congesto, areias e cálculos raspando os cálculos
dessas vísceras, sobretudo o horror larval da epilepsia, a presidir os
conselhos, a galopar com fúria, a poetar e musicar, a comandar, a chalacear, a
escrever proclamações e declarações de amor, temerário e obstinado, onipresente
e licencioso!” <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Ou
então, ao analisar uma carta onde D. Pedro I refere-se à Domitila que houvera
tratado os seus filhos das doenças infantis, diz: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Notável era a atenção acirrada do imperador
pelos filhos, embora afirme em contrário algum historiador de pouco fôlego nas
suas restritas informações”. Tomando outro testemunho ele diz : “(....) Walsh
desembaraçamente afirma : Era ele um estrito e severo pai, mas um pai afetuoso,
eles (os filhos) por sua vez o amavam e o temiam”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn13" name="_ednref13" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Na
intimidade de D. Pedro, tinha vez os seus desvelos de um pai extremoso e as
cartas comprovam isso. Diz Rangel: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Estava D. Pedro sempre pronto a acudir aos
filhos e a medicá-los; não desdenhando lancetá-los e purga-los, aplicar-lhes
parches e quiçá o instrumento molieresco das lavagens internas. (...)
Escrevendo a D. Domitila ele noticia: “A Maria Isabel foi ontem vacinada por
mim”; “A Mariquita tomou uma onça de Água , e nada de obrar fui dar-lhe outra
vomitou, e se não obrar daqui a 3 horas tomará mais; (...)”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn14" name="_ednref14" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Cambria, serif;">É
interessante essa recuperação dos costumes da época. No caso das formas de
tratamento através da medicina caseira, estão cheias as cartas de D. Pedro e do
fato dele próprio aplicar essas mezinhas, quer nos filhos, quer <st1:personname productid="em Domitila. Rangel" w:st="on">em Domitila. Rangel</st1:personname>
descreve cada fórmula medicinal, identificando o preparo e o modo de aplicação.
Pelo seu relato, recupera-se a história das formas de tratamento médico no
Brasil imperial. O interessante é que Rangel, ao registrar esses costumes,
compara-os aos existentes em 1943 e até critica a mercantilização da medicina a
partir daí. Vê, também, sobre isso, os costumes dos brancos, dos escravos e dos
indígenas. São usados não só para a cura das doenças orgânicas, mas, como ele
diz, “para quebrar a cor”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn15" name="_ednref15" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: Cambria, serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference">[13]</span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: Cambria, serif;">. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">É
acerbamente crítico aos memorialistas que consideram o Imperador ignorante e
sem cultura, o que leva Rangel a observar, pelos documentos, que D. Pedro desde
criança estudara línguas e matemática. Além disso, o historiador enumera as qualidades
do soberano: era sabrista, mecânico, marceneiro e torneiro, literatura e
ciência detinha com certa parcimônia.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Quanto
à Domitila de Castro, era paulista, filha caçula do Coronel João de Castro do
Canto e Mello e de D. Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas. Casara-se
aos 16 anos com o Alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça e separara-se em
1821, por sevícias e atentado à morte, aplicadas pelo marido. Tinha 24 anos ao
conhecer o Imperador, em agosto de 1822. Diz Rangel: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“Com respeito aos dons e ao
desenvolvimento das faculdades naturais, que foram o apanágio de D. Domitila,
podem resumir-se no feliz concurso da estética às boas qualidades de seu
coração. Não vale passar a sabatina do ditado ou tabuada. Foi bela, atilada e
bondosa mulher: - títulos do melhor quilate ao gênero. Pouco importa que se
acompanhasse ou não, a algum instrumento, uma voz aceitável e os atrativos de
mundana sobressaíam na languidez coreográfica da tirana ou nos trépidos passos
do corta-jaca, que ela fez introduzir nos seus salões, animando e restaurando
as danças brasileiras desbancadas pelos remeneios da gavota e do solo inglês.
Alguém disse que a Marquesa lhe dera a impressão de quase não saber ler. Ela
porém apenas recebeu educação limitada, que sob o ponto de vista das luzes do
espírito se concedia então às pessoas do seu sexo (...). Ainda hoje, afora as
meninas felizardas dos colégios de Sião ou São Vicente de Paula as normalistas
e alguns exemplares mais da cultura feminina no Brasil, inclusive as poetisas e
doutoras, as romancistas e bacharelas menos desajeitosas e mais espevitadas, o
geral continua atolado nos limbos do analfabetismo colonial. Não seria sensato,
portanto, exigirem de D. Domitila os pechosos cultivos de Aspásia Stäel ou
Curie, num tempo em que se temia ensinar às mulheres ler e escrever, para que
não se carteassem em namoricos...Se as donaires de corporatura da Marquesa de
Santos, as linhas de sua graça espontânea e superlativa e os seus movimentos de
afeto e previdência não puderam alindar e valorizar com os merecimentos de
alguma ilustração, acusem a cegueira e as busões da sociedade de senhores
escravagistas, apatacados e letras-gordas.”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn16" name="_ednref16" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;"> O
historiador revela-se crítico também das versões que tomam D. Domitila como
prostituta e apõe documentos que as desautorizam. Trata da relação entre ela e
o Imperador apontando-a como concubina, a preferida entre três aventuras de
consequências mais ou menos sérias que D. Pedro tivera nesse período</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn17" name="_ednref17" style="text-indent: 0cm;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[15]</span></span></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;">. Diz :</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">“D. Domitila, que lhe apareceu nos
entusiasmos da paulicéia, seria a fatalidade, a mancha, a traição à fé
conjugal, o grande deslize do monarca. As atrizes, as fâmulas, as fidalgas,
certas senhoras da classe média e as raparigas de rua tornam-se distrações,
cochilos, não contam para objurgatórias, são pecadilhos de brejeiro ....Assim o
entenderam aqueles que nos ataques pessoais ao Imperador fizeram da Marquesa de
Santos, em partida sem tréguas, o naipe de preferência.”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn18" name="_ednref18" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Rangel
acompanha todo o desenrolar do romance entre os dois amantes e, mais tarde, o processo
de desgaste e tentativa de desvencilhamento dessa relação amorosa, tanto através
das cartas de D. Pedro I e uma ou duas escritas por D. Domitila, quanto em
documentos diversos – oficiais, relatórios, cartas escritas pelos chanceleres
aos seus governos, imprensa, correspondência diplomática, de despachos do
governo, biografias, livros de decretos, leis, alvarás, cartas régias, livros
de registro de casamentos, arquivos de cemitérios, livros de memórias,
nobiliários alfabético das famílias nobres, códices do Arquivo Público Nacional
e de Lisboa, entre outros. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Mas
não somente para o acompanhamento do romance imperial esta documentação tem
serventia. Cada capítulo do livro, cada carta analisada, contém registro da
história do império brasileiro e do nascente movimento de independência que se
estrutura e se consolida, em meio às histórias dos amantes e ao amor que os faz
infringir as leis e determinar uma notícia pública dessa aventura. Percorre
outros casos de amor clássicos e contabiliza o exemplo para demonstrar que há
recorrência histórica em casos dessa monta. Dá ao leitor a impressão de que a
História do Brasil não foi escrita/construída somente de uma formalidade
extemporânea, mas de eventos particulares que determinaram o plano do político.
<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Transforma
o enfoque central de apresentar essas cartas, numa descrição densa sobre os
costumes da época e o cotidiano imperial, constrói as teias de uma rede onde
estão alinhadas as “pernas” da História do Brasil imperial, elaborando uma
narrativa em que emerge o nível contraditório entre o homem público que
conspira para eliminar as seqüelas de sua flexão ao sentimento (Domitila) e o
amante que não tem coragem de romper e transformar-se em homem público</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn19" name="_ednref19" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. Para mostrar o respeito a
Domitila, pelo imperador, a mandar-lhe pêlos do bigode dentro das cartas,
Rangel esboça o histórico da importância clássica dos pêlos da barba entre os
antigos </span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn20" name="_ednref20" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> Depois
do enfoque sobre os perfis traçados por Rangel aos dois amantes, despojados da
versão preconceituosa dos historiadores (Mary Grahan e outros) me detenho em
alguns pontos demarcadores dos objetivos a que, a meu ver, se propôs o
historiador ao optar pelo eixo temático das cartas amorosas imperiais e a
partir delas criar vertentes para ferir o fato político e o histórico. Assim
será possível referenciar a questão de gênero analisando-a nestes eixos.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;">4.1) a situação
do concubinato de D. Pedro I: a presença e convivência com a Imperatriz e a relação com a “teúda e manteúda</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn21" name="_ednref21" style="text-indent: 0cm;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[19]</span></span></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif; text-indent: 0cm;">”</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">O
enfoque de Alberto Rangel sobre o casamento do primogênito de João VI, D. Pedro
I, com a arquiduquesa D. <strong><span style="font-weight: normal;">Carolina Josefa Leopoldina
Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena </span></strong></span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn22" name="_ednref22" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">, filha do Imperador Francisco I e
herdeira da Casa d’Austria, configura-se, ao leitor de “As Cartas....”, um estado
impositivo das relações internacionais, uma praxe das alianças políticas entre
os governantes imperiais para manter ou refazer os projetos de ascenção e
permanência ao/do poder da coroa e ou retomar as bases desse poder muitas vezes
perdido. Nesse caso, tratou-se de manobra estratégica e diplomática de D. João
VI, rei exilado pela devastação napoleônica do período, para restabelecer os
laços enfraquecidos entre os Bragança e Habsburgo. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Se
uma questão política impôs uma aliança dinástica, contudo, há registro de cartas
da Imperatriz a uma tia (dezembro de 1821) em que ela se refere ao marido como
“mon Époux que j’adore; “mon bien-aimé Époux”, “les excellentes qualités de mon
Époux”, resultando numa declaração de Rangel: “Amava a dissipada a D. Pedro com
a materialidade de todos os sentidos, seguindo na efervescência de seu sangue
ao animal e potestade, aturando-lhe o pernear e os urros o gozar nos arquejos e
fartar-se nos bofes e medulas” (Rangel, 1969, p.127). E com parcimônia cria o
perfil de Leopoldina</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn23" name="_ednref23" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">: “A Imperatriz lia, pintava,
executava piano, escrevia e matejava, preocupações pouco favoráveis para atilar
com o começo do fio, na meada das traições de alcova (...)”. “...a Imperatriz
era uma louraça feiarrona. Não usava colete, trazendo sempre roupas frouxas e trajava
quase diariamente as de montaria, saia ou casaco de ganga ou lila, botas,
camisa e gravata de homem... (...) Tinha seus pontos de contato com a Cristina
da Suécia : descaso de toucadores, prazer de montar, amiga de dissipações,
licenças de linguagem e letras abundantes. Estatura meã, grosso pescoço das
vienenses, um quê de corcunda, beiços polposos dos Habsburgos no rosto vultuoso
e, como da irmã Maria Luisa, carregado de pigmentação vermelha, de modo a
parecer sujeito a um exantema, o nariz desgraciosíssimo, cabelos espichados,
olhos azuis com a expressão de assustados, a organização robusta e inelegante”</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn24" name="_ednref24" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Esses
traços ele extraiu de cartas do ministro diplomático da Prússia e, também, de
outras fontes em que estão configuradas as opiniões sobre o perfil que fazem
dela, a partir de quem seja. Diz Rangel: “(...) o de Debret, que naturalmente
melhorou o original, dá-lhe ainda assim a carcaça e o busto de molde a
sustentarem cornijas e arquitraves, os cabelos apresilhavam-se no garavim ou redícula,
onde se espetam plumas enormes; espiritualidade nenhuma nas grossas linhas de
aldeã rubicunda e pesada”(1969, p. 127). (...) Walsh mostra-nos a soberana
sempre esguedelhada, negligente no vestir e afirma ter ouvido muitas censuras a
tal respeito”. (1969, p. 128). (....) O Marquês de Gabriac ajunta aos dotes
pouco graciosos da Imperatriz o de ser um “espírito comum”. “Por sua grande
ilustração, especialmente na ciência de Newton, de Hauy e de Werner, deveria D.
Leopoldina trazer os olhos sempre distraídos por céus e pedranceiras, e não lhe
diminuirem as torturas íntimas quando viesse a sentir o desdém com que D.
Pedro, apurado de traje e asseio, a ofendesse, preferindo aos dotes
intelectuais da naturalista e poetisa os adereços de uma sécia</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn25" name="_ednref25" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> e à toda mineralogia e astronomia
o barro precário de bonita cara” (1969, p. 128). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Seriam
esses os “defeitos” que afastavam a Imperatriz do amor do marido imperial? Na
verdade, o período permitia um tipo de contrato matrimonial que dava aos homens
o direito de circular entre a alcova de várias mulheres, mesmo que estas fossem
casadas, embora a ordem sacramental estabelecesse o vínculo monogâmico e não a
poliginia. A condição do contrato selado com as cores políticas e dinásticas
agravava a solução do vínculo para as donzelas que aceitavam o trato, visto que
a nobreza masculina não se importava com o tipo de mulher que seria depositária
do título nobiliarquico para conviver com uma ordem sacramental cujo interesse
primordial era a procriação e a reprodução de herdeiros homens para a coroa. O
prazer sexual era buscado fora da alcova nupcial em aventuras consentidas
socialmente. A ilegitimidade fica a cargo do registro que referia “pai
incógnito” ou “mãe incognita” aos filhos que nasciam destas aventuras. A sociedade
referendava o protagonismo patriarcal com base nas regras advindas do Código
Filipino ou Ordenações Manuelinas (janeiro de 1603) que gerenciava os
comportamentos , principalmente para as mulheres. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Mas
não se pode afirmar que os contratos mantivesse “ad eternum” a artificialidade
institucional e não pudessem, infringindo a regra, se transformar em paixão
selada entre o casal. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Os
inúmeros casos amorosos de D. Pedro I, desde os 16 anos, constam dos registros
de Rangel, mas se concentram em Domitila de Castro. Em “D. Pedro I e a Marquesa
de Santos”, no capítulo “No Colo de Eros” (1969, p. 60-74) assinala o ambiente
do Rio de Janeiro do periodo imperial entre os “casos” de viajantes e os fatos
referidos em documentos, cartas, oficios e a imprensa sobre as escapadelas do Imperador.
“Que a moralidade ambiente no Rio de Janeiro se apresentava bem precária,
testemunham-no Cook, Martius e quantos observaram o nosso meio”. Outros
testemunhos são captados de Luís de Freycinit, do Conde Aymar de Gestas, de Saint
Hilaire , de Jacques Arago que apontam para os“ruins exemplos dados pela Corte
de Portugal no Brasil, a piora dos maus costumes públicos, da união ilegitima à
venalidade da justiça e à simonia do clero”. (1969, p. 61) Essas injunções
tendem a justificar os registros de Rangel às ligações extraconjugais de D.
Pedro I, quer seja com a bailarina francesa Noémi Thierry, com quem ele teve um
filho (natimorto), antes que a Corte enviasse a moça de volta a Paris, às
suspeitas de um affair com a irmã de Domitila, a Baronesa de Sorocaba, mais
tarde transformado em incidente polícial. Debret afirma que o Imperador “se
ocupou das demonstrações graciosas de algumas francesas”. O consul Delavat
assinala a bandoleirice e o donear de D. Pedro: “habiendo elegido para sus
galanteos entre Nacionales, Italianas, Francesas , y aún Americanas Españolas
um objecto distinto cada semana, ninguna consegio fíjar su inclinacion”(...)
“Na lista, que não é arbitrária e fantasmagórica, dos seus desvios de homem e
bilontragem de rapaz, entra o caso escardado e verídico da Clemência
Saisset”(1969, p. 64). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
lista é grande e incontável, pois Rangel aproveita o que dizem os documentos
reservados e os registros da imprensa como fontes dessas indiscrições conjugais
que à época eram graves para o marido ou a família da mulher Cortejada, mas
atenuadas pelo tilintar das moedas no alforge de um Chalaça ou outro servidor
menos formal ou a indicação imperial a um cargo público para o marido, o pai ou
irmão ofendido. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Os
laços amorosos que mantiveram Domitila de Castro enredada ao Imperador durante
sete anos (<st1:metricconverter productid="1822 a" w:st="on">1822 a</st1:metricconverter>
1829) são o mote histórico de Rangel. As cartas de D. Pedro à sua súdita
brasileira são declarações de amor que referendam, ao meu ver, três fases desse
envolvimento<b>: <u>a inicial romântica, a da rotina cotidiana e a da separação
provocada pelas pressões para um novo casamento de Estado do Imperador, após o
falecimento de D. Leopoldina</u>.</b> São peças necessárias ao historiador:
“Para reparar lapsos, contraditar afirmações e preencher falhas propositadas de
nossos anais, foi preciso arrancar véus corridos sobre um quarto de dormir...
Explica-se de pronto, é que este era contíguo à sala do Trono” (1969, p. XI).
Numa alocução a quem interessar possa, diz Rangel: “Recomenda-se a leitura de
tais papéis meditáveis aos inquiridores da história, aos esquadrinhadores da
psicologia, aos amigos dos documentos sugestivos e reais e os quais não se
arrepiam de os saberem traçados na alcova de um paço imperial, muitas vezes
entre o aparelho lavativo e a premência do bacio indispensável”. (1974, p. 35) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Para
dar voz ao amante, como o fez o patrono, examino algumas dessas cartas de amor
numa sequência sistemática às fases da paixão imperial e do descenso, deixando
que os <b>participantes/</b>ouvintes estabeleçam a conexão que Rangel quis dar,
criando a interlocução de D. Pedro com a amada piratiningana. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Cara Titilia”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Foi inexplicável o prazer que tive com as
suas duas cartas.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Tive arte de fazer saber a seu pai que
estava pejada de mim (mas não lhe fale nisto) e assim persuadi-lo que a fosse
buscar e a sua familia que não há de cá morrer de fome, mui especialmente o meu
amor, por quem estou pronto a fazer sacrificios. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Aceite abraços e beijos e fo... Deste seu
amante que suspira pela ver cá o quanto antes. O Demonão. Santa Cruz, 17 de novembro
de <st1:metricconverter productid="1822.”" w:st="on">1822.”</st1:metricconverter>
(Cartas, 1974, p. 53) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Meu amor do meu coração<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Seria um impossível que eu me esquecesse de
mecê e de nossa querida Belinha (para quem mando um beijo), ainda que estivese
no fim do mundo.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Fui hoje ver as grandes plantações que
tenho e, topando alguma caça, cacei e logo a destinei para a imperatriz e mecê. Assim, aceite-a, meu benzinho, e
igualmente o coração saudoso deste seu amante fiel e constante e desvelado. O
Demonão.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">P.S. Amanhã pretendo mandar-lhe mais e
melhor caça. O Ponçadilha se recomenda.Todos os jantares têm sido honrados com
a sua saúde.Não canse responder ou sequer mande ao Plácido a carta.” Santa
Cruz, 23 de novembro de 1824. (Cartas, 1974, p.73)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Meu bem<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Convindo ao meu decoro que mecê sempre
apareça diferente no teatro todos estes tres dias, ai vai o colar de ametistas
para hoje levar e amanhã leve o outro que eu lhe dei antes do que levou ontem.
Eu passei bem, mas apesar de tudo vá sempre no teatro para eu ter o grande
gosto de a ver. Seu mano Carlos, quando lá chegar, que procure o empresário ou
o administrador , que qualquer eles lhe dará a chave do camaorote. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Seu amante <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O Fogo Foguinho <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">(s/d, Cartas, 1974, p. 605) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Titilia,
Demonão, Fogo Foguinho são alguns adjetivos usados pelo Imperador para acariciar
a amada. São também marcos de uma fase que no dizer de Rangel “...cheira a
lençóis usados, num leito em pouca ordem”. (1974, p.45) É o tempo dos afagos e
da fase inicial em que o romance se intensifica. Mas em geral, a assinatura vem
com a menção do título funcional: ‘O Imperador’. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Meu amor e meu tudo...<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">No dia em que fazia tres anos que eu
comecei a ter amizade com mecê assino o tratado do nosso reconhecimento com o
Império por Portugal. Hoje, que mecê faz os seus 27, recebo a agradável noticia
que no Tejo tremulara em todas as embarcações nele surtas o pavilhão imperial,
efeito da ratificação do tratado por el-rei, meu augusto pai. Quando há para
notar uma tal combinação de acontecimentos políticos com os nossos domésticos e
tão particulares !!!<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Aqui há o que quer que seja de misterioso,
que eu ainda por ora não diviso, mas que indica que a providência vela sobre
nós (e se não há pecado) até como aprova a nossa cordial amizade com tão
celebrs combinações.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Como estou certo que mecê toma parte e bem
aceito nas felicidades ou infelicidades da nossa cara pátria, por isso teve
lembrança de lhe escrever.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Este seu fiel, constante, desvelado,
agradecido e verdadeiro amigo e amante do fundo dalma. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O Imperador<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">P.S. Não responda para se não incomodar e
perdoe a carta ser tão grande e maior que fosse ainda não dizia o que querem
dizer tais combinações. 27 de dezembro de <st1:metricconverter productid="1825”" w:st="on">1825”</st1:metricconverter> (Cartas, 1974, p.102)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
1826, o Imperador demonstra a informalidade no trato com a amante sem deixar de
referir-se às atividades do cargo ocupado. Deste período, o volume de cartas é
menor com registros em nótulas que referendam informações históricas extraidas
por Rangel de uma considerável diversidade documental a explorar a intensidade
de evidências para o registro necessário da História do império.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Meu amor, minha viscondessa e meu
tudo<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Neste momento são nove horas e um quarto.
Chego do meu passeio com a minha senhora, vindo da Fábrica de Chitas e Papel,
que ainda o não faz , e de te entrado na chácara do visconde de Barbacena,
aonde não me apeei e lhe falei a cavalo mesmo. Estimei muito em saber que mecê
e nossos queridos filhos passaram bem. Bem desejei que esta lhe fosse escrita
em papel brasileiro da fábrica, mas por ora ainda o não há, o que em pouco
espero assim não seja. Agora, meu encanto, só me resta dizer-lhe que é e será
sempre <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 106.2pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Seu fiel, constante, desvelado, agradecido
e verdadeiro amigo e amante do fundo da alma. O Imperador. Boa Vista,
11/1/1826”. (Cartas, 1974, p. 107). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: Cambria, serif;"><span style="font-size: large;">A rotina da
convivência do Imperador entre as duas casas e o papel que representa sua
presença pública com D. Leopoldina deixam de mascarar esta situação entre os
dois amantes. Os filhos aos quais alude são Izabel Maria, mais tarde
reconhecida pelo pai e entregue à Corte para acompanhar os seus filhos legitimos
e a educação imperial; o outro filho é Pedro, nascido em dezembro de 1825 e
falecido em março de 1826.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
troca de cartas entre Domitila e o Imperador era constante. Em que pese Rangel
sentir-se impotente diante de algumas alusões para as quais não tinha explicações,
a dúvida de interpretação sobre fatos referidos por D. Pedro mantinha-se
intocada. Entre as “Cartas...” surgem, contudo, dois ou tres bilhetes não
datados, (alguns supostamente escritos depois de 4 de julho de 1826), assinados
pela Marquesa, consignados para avaliar o nível dos colóquios entre os dois,
achados no meio da correspondência do Imperador: <o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Filho<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Vossa Majestade manda; farei tudo o que mo
ordena. Mande vir tinta e areia para hoje se assinarem as patentes. Até a
noite.<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Sua Filha<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Não esperava menos de ti, eu te agradeço.
Teu filho,<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Imperador<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">P.S. Beijos na duquesa, nossa filha, pelas
flores.<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Domitila <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Neste
caso, Rangel é mordaz, em suas nótulas nas “Cartas...” ao familismo de
Domitila, supondo serem as patentes demandas de seus irmãos oficiais “gulosos
das vantagens de suas promoções” (...).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
depêndencia às normas de conduta das mulheres aos seus senhores é suma soberana
para Domitila. Isso é expresso em outros bilhetes enviados ao amante. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Filho, <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Manda-me dizer se de tarde é preciso que eu
vá de manto, pois não sabe esta sua amiga como há de ir. Até logo.<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Tua amiga<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Se
é um tempo em que as mulheres estão orientadas pela representação social que
agudiza condutas submissas e evidencia a servidão com a ausência do letramento
e da instrução para elas – forma de conhecimento pendente do interesse de
parlamentares transformarem seus projetos de incentivo à educação feminina em
leis – não se pode incluir, neste esquematismo análitico, a brasileira Domitila
de Castro e muito menos ainda a letrada Imperatriz Leopoldina. Embora não tenha
sido possível avaliar com mais substância a escrita através das cartas que
escreveu ao Imperador, pelo menos duas ou três destas missivas evidenciam o
letramento dela. A instrução feminina da época totalmente descuidada e direcionada
para o saber doméstico não isentou a moça de classe social acima da média e
filha de um visconde da Corte dos principios básicos da arte de escrever e do
estudo das “quatro operações”, como era a praxe do tempo. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Estas
asserções se confirmam na referência de Alberto Rangel à “cultura e os dotes”
das três figuras principais de sua narrativa. Procurando desmontar o que dizem,
maliciosamente, certos historiadores sobre D. Pedro, acentuando mais os dotes
culturais e de mulher letrada de Leopoldina comenta, sobre Domitila, não sem
antes tecer-lhe uma imagem rebordada com o cinzel estético da beleza: “(....)
Não vale passar-lhe a sabatina do ditado ou tabuada. (....) Alguém disse ao
marquês de Gabriac , que a Marquesa lhe dera a impressão de não saber ler. (...)
“...Ela, porém, apenas recebeu educação limitada que sob o ponto de vista das
luzes do espírito se concedia então às pessoas do seu sexo”, assinala o íntegro
polígrafo e professor Macedo. (.....) Não seria sensato, portanto, exigirem de
D. Domitila os pechosos cultivos de Aspásia, Stael ou Curie, num tempo em que
se temia ensinar às mulheres ler e escrever, para que não se carteassem em
namoricos...” (1969, p, 28) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Meu bom senhor<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Estimo a boa saúde de V.M. e de Suas Altezas.
Meu senhor, como V.M. tem sido meu pai e de todos os meus filhos, eu peço
licença a Vossa Majestade para acabar de efetuar o casamento da minha Chiquinha
com o mano José, isto sendo do gosto de V.M., senão nada farei. Minha mãe ainda
passa incomodada, minha tia o mesmo, mano José também hoje amanheceu com muitos
tremores de frios e, assim, está de cama. Eu, graças a Deus, vou passando sem
novidade. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Sou de V.M. criada que muito o estima e
obrigada, <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Marquesa de Santos<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
meio aos “casos” e pilhérias sobre a conduta pública de D. Domitila, que
apontam para uma figura destemperada e agressiva, o historiador remete a outra
maneira de ser da Marquesa de Santos: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“O papel felizmente discreto da brasileira
se resume na criação dos filhos e na determinação corriqueira de arranjar a casa.
Trabalhos de agulha, de cozinha, de puerpério, de asseio e de ordem; a agulha,
o berço, a caçarola, a vassoura , o bilro. Ela não costuma afamar-se <st1:personname productid="em outros. Os" w:st="on">em outros. Os</st1:personname> rasgos de
sua heroicidade enxertam-se e confundem-se no rosário cotidiano e obscurissimo das
medianas habituais da esposa, da filha ou da irmã. O papel previdente e mundano
é a glória escassa, preferível e suficiente das nossas Penélopes. (...) A
domestiquesa rege os seus programas de dependente e associada. Reflete-se esse
sentimento na paciência com que a brasileira executa não somente os deveres,
mas suporta certas cangas que a constrangem, a imbecilizam ou esmagam na
lareira, por mais que ultimamente importações levianas do estrangeiro a
comprometam e a compliquem...” (1969, p. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">E
nesse tom ele acrescenta, à sua avaliação, outros testemunhos. A exemplo, o de
um agente espanhol do tempo da Marquesa na Corte: “Su caracter es bondadoso y
accessible a todos los disgraciados”. Outro depoimento: “Tem genio serviçal, e
é cheia de carícias para os que ela busca distinguir”. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Rangel
também registra os petitórios que Domitila faz ao Imperador, subtraidos das
respostas das cartas deste à Marquesa. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Meu amor, meu tudo,<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Neste momento, acabo de perdoar toda a pena
do Martins e o mandei soltar. Mande-me dizer quem está lá, pois de cá vejo duas
seges.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Adeus, meu encanto e meu tudo quanto pode
ser de bom, e aceite o coração deste que é<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Seu verdadeiro, fiel, constante, desvelado
e agradecido amigo e amante.<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O Imperador <o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Boa Vista, 12/1/1826 <o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-align: right;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">(Cartas, 1974, p. 113)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
pessoa a quem D. Pedro se refere é um paraense, o soldado João Martins que em
1824 esteve envolvido <st1:personname productid="em sedies. Rangel" w:st="on">em
sedições. Rangel</st1:personname> supõe que houve intervenção da Marquesa para
a soltura do preso pelo Ministro da Guerra. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O
outro detalhe da carta demonstra o controle do Imperador aos passos de
Domitila. As nótulas de Rangel sumarizam esse domínio: “A Quinta da Boa Vista
bem se situava para ele observar o que se passava no palacete da paulistana sua
vizinha. Em outras missivas, diz Rangel, aparecem várias referencias a essas
espiadelas no seu observatório distante do que que se passasse na casa de sua
amiga. Seges, luz acesa, janelas fechadas lá embaixo e o imperial observador de
óculos de ver de longe, à maneira do capitão na ponte da sua nave, ancorada
entre os arvoredos da Quinta”. (Cartas, 1974, p. 113-114). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">No
período de 1826 e 1827 alguns fatos convergiram para um novo desenrolar do
relacionamento entre os amantes de São Cristovão, por suposto, desconhecido,
inicialmente, de D. Leopoldina, a primeira mulher que em dois momentos da
história brasileira assumiu a regência do país</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn26" name="_ednref26" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">. Segundo Rangel “...até outubro de
<st1:metricconverter productid="1825 a" w:st="on">1825 a</st1:metricconverter>
Imperatriz dava mostras de não suspeitar das relações ilegítimas do marido,
pelo menos D. Domitila, segundo afirma o próprio Mareschal </span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn27" name="_ednref27" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">, esforçar-se-ia para esse
resultado (...)”. (1969, p. 122). Em uma carta à Marquesa, diz D. Pedro no
post-scritum: “A Imperatriz ia me agarrando a escrever mas valeram-me as suas
orações” (1969, 123).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Outras
fontes, contudo, consideram que desde janeiro de 1823 o romance do Imperador
transtornara a sua mulher, ao levar a amante para a Corte (Schumaher &
Brazil, 2000, p. 324). Entre as fofocas palacianas rivalizando com a boataria
das barbearias, a amante ia sendo introduzida por amigos do soberano nos mesmos
espaços da Imperatriz. Agravos contra ela de damas da Corte, que publicamente
se afastavam ostensivamente à sua aproximação, eram compensados pelo Imperador
com a indicação de D. Domitila para cargos nobiliárquicos e funções importantes
na Corte o que, segundo Rangel (apud Mansfeld), “causou imenso desgosto a D.
Leopoldina” (1969, p. 123), embora esta se visse “obrigada a reconhecer a
mencionada condessa de Santos como sua primeira camareira (...)”. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
uma viagem à Bahia, “com vistas a fortificar a instituição do Império às
províncias do Norte” (1969, p. 129), em fevereiro de 1826, e a bordo da nau
“Pedro I”, o Imperador fez transportar a família real, além de um séquito de
quase trezentas pessoas, com a Imperatriz, levando entre suas damas de honor, a
primeira camareira, D. Domitila. Sendo raras as cartas catalogadas desse ano,
me atenho na narrativa de Rangel aproveitada de depoimentos de diplomatas
presentes na viagem e de sua própria verve: ‘Nas horas cálidas, esticada a lona
dos toldos, D. Leopoldina movia as pedras do gamão ou deglutia bocados de um
prato apreciado, sozinha, com o apetite voraz de gulosa que o era. [....] Os
sentimentos do Imperador por D. Domitila, nas horas longas de bordo, vazias e
calmosas, exacerbar-se-iam naturalmente. Ouviam-no tratá-la pelo diminutivo
meloso e comprobatório : - “Titília” , perder-se indefinidamente em enleios com
a paulista, cercá-la de atenções despropositadas”. [....]. No desembarque em
Salvador, a “entourage” decomposta, a comitiva real ficaria no primeiro andar do
Palácio do Governo, enquanto D. Domitila no segundo. “Pela manhã cedo D. Pedro
saía a cavalo com a esposa, que montava também de escachapernas;
transportando-se na caleche, à tarde com toda a família e mais a “Titília”
(1969, p. 129-130). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Embora
as cautelas de D. Pedro fossem confirmadas em cartas à Marquesa (“O melhor é
que eu quando sair de dia nunca lhe vá falar para que ela não desconfie do
nosso – santo amor – e mesmo quando for para essa banda, ir pelo outro caminho,
e em casa nunca falar em Mecê, e sim em outra qualquer Madama para que ela
desconfie de outra e nós vivamos tranquilos à sombra do nosso saboroso
amor.”(1969, p. 134), diz Rangel que D. Leopoldina limitava-se aos murmúrios
queixosos quando tinha que beijar a duquesa de Goiás, a Izabel Maria, filha
legitimada dos dois amantes, desabafando em carta de outubro de 1826, ao amigo
Schaffer: “Aqui anda tudo transtornado infelizmente, pois sinceramente falando,
mulheres infames como se fossem Pompadour e Maintenon (!!!) e ainda pior, visto
que não têm educação alguma, e ministros da Europa toda e da Santa Ignorância
governam tudo torpemente. E os outros devem ficar calados e procurar apenas o
maior isolamento, ficando cada vez mais almejando a independência e a tranquilidade”.
(1969, p. 142). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
12 de outubro, D. Pedro I dá mais um título a D. Domitila, elevando-a de Marquesa
a Viscondessa de Santos. “A 23 do mesmo mês a Imperatriz faz saber ao Ministro
da Áustria quanto era infeliz e encarregou-o de comunicá-lo ao pai”. (...) O
desenrolar do romance entre D. Pedro e a Marquesa de Santos espedaça-lhe o
coração. A dedicação do Imperador, demonstrada ao abandonar o lar para ficar
junto à amada que no inicio de novembro desse ano perdera o pai, cria uma nova
tensão. “A paciência de D. Leopoldina cansara”, diz Rangel. “Seus nervos por
fim adquiriram vibratilidade. Vendo-se só durante dois dias e duas noites, a
imperatriz sentiu assanharem-se os sentimentos de que se julgava
providencialmente despida. (...) Não satisfeita de recorrer às oiças do ministro
austríaco, debateu-se numa cena de todos os diabos, declarando ir recolher-se à
companhia das monjas da Ajuda, à espera que o pai ordenasse o regresso à
Austria, quando D. Pedro, avisado da trovoada em casa acorreu bufando de furor
incontinenti”. (1969, p. 145) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
cena foi dramática. Diz Rangel que: “Com a permuta dessas grosserias,
coincidiram os pródromos da doença de D. Leopoldina, que aliás, desde o parto
dificultoso do príncipe Pedro perdera a saúde. Apregoava-se que a origem do mal
provinha dos maus tratamentos de D. Pedro e até de contusões, afirmava Gabriac”
(1969, p. 146). É o inicio do fim. “Sentia a Imperatriz ao demais uma depressão
enorme, vontade e medo de morrer, preguiça de pensar e as lágrimas a
aguarem-lhe as faces desbotadas, sem haver lembrança que as sustivessem ou
carícias que a secassem”. (1969, p. 146).
<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A instabilidade da saúde de D.
Leopoldina vem encontrar o Imperador já em preparativos para uma viagem ao sul,
para conter a sedição no Prata, mas a essa altura, já se reconciliara com a esposa.
“Esta definhava na hipocondria, aliás natural na marcha ao puerpério; chorava
na tristeza sem consolo, repetia a D. Pedro que não o veria mais, falava na
morte, tinha certeza do fim próximo, o coração lh’o afirmava....” (1969, p.
146). Ele parte. As forças corsárias no Rio Grande necessitam ser apaziguadas.
Ela fica. Com a melhora pelo tratamento, em 29 de novembro a Imperatriz sente
forças para presidir o conselho de ministros. Mas logo em seguida começaram os
sintomas convulsivos. Diz Rangel:“A febre alta não remitiu. Os ministros de
estado acompanhavam a enferma (...) Os médicos reuniam-se consecutivamente.
(...) A Marquesa visitava diariamente a enferma, por vezes acompanhando-se da
duquesa de Goiás”.(...) (1969, p. 147)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">À
vista do estado de saúde de D. Leopoldina, os ministros insistiram no
afastamento da Marquesa de Santos da capital do Império. O ministro Lages e o
Caravelas se opuseram ao considerarem uma medida injusta. Decidiu-se então
“dizer à D. Domitila, alguns dias antes do falecimento da Imperatriz, que
deixasse de comparecer à Boa Vista em busca de notícias, pois que isso
perturbaria a doente (...)”. Esta situação foi relatada à paulista pelo
ministro da justiça que furiosa, encaminhou uma carta ao Imperador relatando o
acontecido. Este preparou seu retorno imediato ao Rio” (1969, p. 161)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
2 de dezembro às duas da manhã a Imperatriz “malparia um feto masculino” (1969,
p. 147). Entre as crises de delírios começou a suspeitar que estava sendo
envenenada. Com isso, relata Rangel, “A Marquesa e a Goiás encheram subitamente
de horror a moribunda. Não as queria ver mais. (...) E porque seus gritos
exprimiam o apogeu dessa aversão, a Marquesa de Aguiar resolveu que D. Domitila
não reaparecesse na sala em que a infeccionada havia de expirar” (...). O Bispo
do Rio de Janeiro , o marquês de Palma, frei Arrabida, a Marquesa de Aguiar e o
primeiro marquês de Paranaguá se mantiveram à porta do quarto da Imperatriz e
impediram a entrada de D. Domitila: “Tenha paciência a senhora Marquesa! Vossa Excelência
não pode entrar” (...) (1969, p. 148). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Na
versão de Rangel, “O populacho, sempre sensível aos escândalos e amigo de os
agravar, ao saber do embargo palaciano aplaudiu na rua do ministro, principal
ator penoso entremês” (1969, p. 148-149). Não houve comunicação oficial desse
fato ao Imperador, salvo a correspondência sobre o falecimento da Imperatriz,
em 11 desse mês. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O
registro de Rangel ao comentário do ministro austríaco Maréschal, segundo ele,
secundado por uma carta de D. Domitila ao Imperador, mostra as insídias desses
dias contra a Marquesa: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Serviram-se do pretexto da doença da
imperatriz para insultá-la, proibindo-lhe a entrada no palácio, o povo fora
incitado contra ela e se não fosse o ministro da Guerra e o intendente de
polícia ela e os seus teriam sido apunhalados. A imperatriz e o povo eram só
uma desculpa criada pelos ministros para os separar, e a intenção era colocar o
imperador em tutela e governá-lo. Ela implorava seu regresso breve e sua
vingança, dizendo que seus dias estavam ainda ameaçados”. (Cartas, 1974, p.
153) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">E acrescenta:<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“O imperador, ao receber essas notícias
demonstrou aos seus confidentes um pesar sincero pela morte da esposa, dizendo
que ela era uma mulher excelente e que não o havia nunca contrariado; que ele era
sinceramente dedicado e sentiria sempre saudade dela. Exprimiu temores que se
aproveitassem desse triste acontecimento e de sua ausência para espalhar
calúnias atrozes e suspeitas odiosas, mas toda a sua cólera se voltava para o
insulto feito à sua bem-amada e o perigo que ela corria, e não pensava em outra
coisa”. (Cartas, 1974, p. 153)<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Em
“D. Pedro I e a Marquesa de Santos”(1969) o senso investigativo do historiador
Alberto Rangel explora todas as evidências documentais e circunstanciais em
cartas e depoimentos de Ministros e outros tão grados que tendem a desmontar
certo denuncismo de uma história privada que supera a significância das
questões políticas reveladoras de estarem, os dissidentes, naquele momento,
intentando afastar o soberano de seu real governo devido às insidias entre dois
grupos de ódio étnico, o dos “cabras” e o dos “marotos” ou “pés de chumbo”: “Em
1826 ía funda a rivalidade no conflito do antagonismo colonial subjacente,
separando aspirações e divergindo programas”(1969, p. 158). Diz Rangel: “D.
Pedro estava na tradição lusa, que então via profundamente no Prata a nossa
grave e irrevogável questão continental, o flanco doente, o ponto sensível....A
oposição que reclamava a paz nas fronteiras do sul e tratava D. Pedro de
intrêmulo e desmiolado, pródigo do sangue e dinheiro alheios, não era somente
um partido de campanário, mas a população anti-metropolitana reagindo por
nativismo estreito à herança dolorosa da luta cuja vitória Portugal bem sentiu
indispensável à tranquilidade dos destinos nacionais” (1969, p. 158). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Enquanto
os planos traçados para manter a guerra, com vistas a dificultar a formação de
grandes países com a anexação da Cisplatina e o controle de toda a bacia do rio
da Prata dificultavam contatos nas áreas localizadas <st1:personname productid="em Santa Catarina" w:st="on">em Santa Catarina</st1:personname>,
Paraná e o Rio Grande, a presença de D. Pedro I era vista como necessária á
frente das fragatas que se mantinham nesses sítios; por outro lado, a notícia
funesta da morte da esposa e as seqüelas de entreveros intraministeriais na
capital do país exigiam-lhe a presença. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> O
desembarque do Imperador no porto do Rio de Janeiro dá-se somente em 15 de
janeiro de 1827 e, segundo os comentários do austríaco Maréschal pelo olhar de
Rangel, D. Pedro chegou tomando as medidas cabíveis aos acontecimentos, tanto
políticos quanto de foro íntimo. Neste último caso, fez logo o despejo do Paço
de Frei Arrabida, do mordomo e da camareira mor instalados ali desde a doença
de D. Leopoldina. Quanto aos ministros, primeiramente demitiu Vilela Barbosa, o
marquês de Paranaguá, exonerou alguns tantos, nomeando outros para o
Ministério. Queixando-se ao Ministro da França, Paranaguá confidenciou que
embora se carteasse com D. Pedro I tranquilizando-o sobre a situação no Rio,
“sabia ter a Marquesa enviado contra ele e outros colegas uma carta acusatória,
repleta de prognósticos em relação à integridade da sua pele de galante à
segurança da cidade e do Império, caso Sua Majestade não regressasse logo”(1969,
p. 163). Mas na opinião de Rangel: “Se por ventura D. Domitila compôs a
gravidade da situação, não mentiu. Era de fato excepcional e de negras
perspectivas o momento histórico do Brasil. Criara-o a morte obstrusa de D.
Leopoldina e a situação do soberano, por assim dizer de mochila às costas, ao
acaso dos acampamentos de guerra. E no fim de 1826 não morrera a paixão e o
espírito de anarquia de 1823 e de mais longuínguas origens” (1969, p. 164). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> No
mesmo dia da chegada de D. Pedro I ele escreve uma carta à D. Domitila, ainda a
bordo da nau “Pedro I”, vinda do porto de Desterro, Santa Catarina.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Bordo da nau Pedro Primeiro <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">entrando no Rio de Janeiro <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">15/01/1827<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 177.0pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="text-align: right; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Minha querida filha do meu coração
e minha amiga<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="text-align: right; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Teu Tio Manuel Alves, meu íntimo
amigo e inseparável companheiro de dia e de noite , é portador deste. Ele, minha
filha, te contará os incômodos, sofrimentos, aflições, pesares e, mais que
tudo, o desgosto pela morte da minha adorada esposa. Saudades e cuidados em ti
e em todos os meus, digo, nossos filhos me têm feito quase enlouquecer,
chegando a ponto de não comer três dias quase nada e não dormir. Ele te contará
do célebre sonho que tive em 11 do mes passado, que desde então data a minha
aflição e disposições para vir unir-me contigo junto de teu peito e sobre ele
depositar minhas lágrimas. Eu tomo nojo por oito dias e esta a única razão que
faz com que eu não vá logo, como desejava, abraçar-te e mais nossa Bela, que
tanto cuidado me deu, e sim vá à noite, como teu tio combinou contigo. Pedro
Primeiro que é teu verdadeiro amigo, saberá vingar-te de todas as afrontas que
te fizeram, ainda que sua vida lhe custe. É ao mesmo tempo com todo o gosto e
verdade que tenho o prazer de poder dizer com toda a franqueza e contentamento
que<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Sou o teu mesmo amante, filho e
amigo fiel, constante, desvelado, agradecido, verdadeiro, digo outra vez amante
fiel.<o:p></o:p></span></span></p><p align="right" class="MsoBodyTextIndent2" style="text-align: right; text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">O Imperador <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span style="font-size: large;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> Esta
carta documenta as juras de amor de D. Pedro a D. Domitila em uma fase de
tensão pelas acusações de ter abandonado a esposa doente e a morte desta
exacerbando a crise politica que esse episódio ocasionou. Revela também a
convivência que se estreitará entre os dois amantes, testemunhada pelo cartear
quase diário , cuja leitura registra desde o juramento de amor eterno e fiel do
missivista à amada até “leves e passageiros motivos de zangas, nugas</span><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_edn28" name="_ednref28" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"> de momento mas quão
pressagioso...” (1969, p. 170). Outros temas de ocasião são repassados como os
indicios de ciúme entre eles, a normativa de conduta a ser observada, a
oferta/envio de regalos – da caça às joias –, o cuidado com a saúde dos filhos e
da amada, a maneira de aplicar remédios caseiros, justificativa de petitórios
imperiais, simbólicos versos eróticos e uma ou outra frase lasciva, permeando
uma sintonia com a rotina vivenciada de sensualidade não tão secreta, mas ainda
camuflada pelos dois parceiros. Nessas missivas, o registro do tempo, da hora,
do lugar do encontro e os meios para serem seguidos pela Marquesa a uma ordem
do amado são recorrentes e sistemáticos. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">As
juras românticas dos apaixonados de São Cristovão seriam postas à prova ao
longo de pelo menos dois anos (1927-1929), diz Rangel. Inicialmente houve
murmúrios quanto à probabilidade do Imperador fazer de D. Domitila a Imperatriz
do Brasil, suposição suscitada pelos Ministros austríacos Maréschal e
Metternich, decorrente dos últimos acontecimentos do final de 1926, mas
descartada pelo próprio Imperador, em meados de 1827, convencido da
impossibilidade de tomar uma atitude de foro particular pela sua posição de
estadista. Devido a isso, aproxima-se desses nobres para acertarem, junto ao sogro
D. Francisco I, um novo contrato nupcial com alguma princesa estrangeira
interessada, embora isso não representasse uma perspectiva de ruptura imediata
com a Marquesa, visto que a fleugma do sentimento entre os dois não arrefecera
confirmado pelas cartas e pelo que destas é possivel extrair em referência aos
encontros diários entre os amantes. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Mas
em dado momento, D. Pedro externou à Marquesa de Santos a causa do casamento de
Estado. Embora este fato não seja um assunto em registro nas cartas pesquisadas,
os relatórios de Maréschal, desse período, apontados por Rangel, dão notícias
das conversas entre eles e a busca pela nova protagonista do Paço Imperial. Da
imposição de uma nova conduta para conseguir ser acreditado entre os chefes de
Estado cujas filhas se interessassem pelo viúvo imperial, reservou-se o
Imperador às confabulações com o ministro austríaco. Uma das nótulas de Rangel
a uma carta de D. Pedro I demonstra as tramas para a separação de D. Domitila e
a garantia devida às filhas que tinha com ela: “(...) É impossível expulsar a Marquesa,
não posso fazer-lhe esta proposta no estado em que se encontra. Depois do
primeiro golpe que lhe dei anunciando minha determinação de casar novamente e a
promessa de não vê-la mais, o que cumprirei religiosamente, mandá-la embora
seria causar uma revolução e provocar a morte da mãe e da criança. Não posso
cometer um ato tão bárbaro que ninguém aprovaria nem teria o direito de exigir
de mim”. (...) (Cartas, 1974, p. 218) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">4.1.1) O Casamento de Estado e a Conspiração
para o Rompimento do Romance<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Inicia-se
a terceira fase do que me foi possível avaliar nos textos de Alberto Rangel,
sobre os dois amantes como protocolo de uma história particular embebida nas
exigências da história oficial: afastar do convívio imperial a Marquesa e a
filha, a Duquesa de Goiás, mandar um Enviado Extraordinário da Corte com
instruções secretas para tratar do contrato nupcial, acertar as vantagens
pecuniárias com D. Domitila. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Se
o leitor de Rangel seguir avaliando o conteúdo das cartas do Imperador nesses
dois anos em que se deflagrou a ruptura do envolvimento imperial com a cortesã,
vai se surpreender com o tratamento do amante, sempre apaixonado, sempre
ditando as normas do comparecimento público dela e a sua presença à socapa quase
todas as noites na casa da amada. Ferir o assunto da dissolução da amizade há
poucas entradas nessa correspondência, até ao final de 1827. É sugestivo que em
uma longa carta de 14 de outubro à “Minha querida filha e amiga do coração”, D.
Pedro refira ao final que (....) “Nem por sombras desconfies de mim, porque por
minha desgraça bem me basta ter-te perdido para sempre com o casamento e ter-me
atormentado por tudo que tem havido para te perderem”. (...) (Cartas, 1974, p.
291). Essa entonação vai até meados de 1828, quando a decisão de romper em
definitivo é uma medida <i>sine qua non</i>
para que o protocolo oficial circulando pela Europa seja levado a sério pelas
princesas casadouras. Houve duas desistências, muitas conversas entre os diplomatas
austríacos e D. Pedro, mas, de concreto somente quando a decisão da Marquesa de
sair do Rio foi sistematicamente postergada nas datas-limites impostas que lhe
foram impostas oficiosamente. O processo de expulsão fortaleceu-se gradual mas
cruelmente, como pode ser notado em uma carta sem cabeçalho amoroso, de 22 de
maio de 1828: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Marquesa. Não repare que eu, a bem do meu
negócio do casamento, lhe torne a escrever. Minha filha infalivelmente sai até
dois de julho, e por isso eu muito desejo que a Marquesa saia pelo menos seis dias
antes, o que vem a ser 26, porque muito convém que os que vão possam dizer “a Marquesa
ja saiu” e não “está para sair”. Todos acreditarão o que aconteceu e não o que
está para ser, que pode não ser, e o negócio é grave e muito grave” (...).de 22
de maio de 1828: (Cartas, 1974, p. 458).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Dona
Domitila intimada para retirar-se da Corte em outubro de <st1:metricconverter productid="1827”" w:st="on">1827”</st1:metricconverter>, diz Rangel, “deixa-la-ia
por um momento a 27 de junho de 1828. Para não ser de todo pontual, apenas um
dia a mais do que a última data exigida por dom Pedro”. (Cartas, 1984, p. 459).
<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">A
rejeitada Marquesa, contudo, insistia em retornar ao Rio a qualquer tempo,
desde que fora despejada para São Paulo. Em dezembro de 1828, D. Pedro escreve
uma carta em tom rispido à Viscondessa Bonifácia, mãe dela, exigindo o respeito
devido à nação: <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 141.6pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“Neste instante recebo uma carta de sua
filha Marquesa, dizendo sem mais cumprimento que saía para cá no dia 23 deste.
Eu protesto altamente contra e em nome de toda a nação, a quem a sua presença faz
mal nesta Corte e província, por causa do meu casamento. E protesto mais, que
provas não equívocas e nascidas verdadeiramente de um homem de honra e de um
soberano provarão e farão ver ao mundo inteiro minha imperial desaprovação”.
(...) (Cartas, 1974, p. 475) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">D.
Domitila retorna ao Rio em abril de 1829. Nas cartas percebe-se regozijo e bom
tratamento a quem não era mais benquista na Corte por condições adversas, mas
ainda permanecia a grande favorita do amor do Imperador. O casamento com d.
Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Leuchtenberg-Beauharnais, Princesa da
Baviera , deu-se por procuração em 2 de agosto de 1829, na Capela do Palácio de
Leuchtenberg , com o noivo sendo representado pelo marquês de Barbacena,
chegando ao Brasil em 16 de outubro de 1829. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">No
capítulo IV “Casos e Traços” de “Dom Pedro Primeiro e a Marquesa de Santos”,
Alberto Rangel dá a sua declaração sobre os dois personagens:<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-left: 70.8pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">“O Imperador foi súdito e a Marquesa
soberana da ternura. Nos mistérios do instinto cego que os abraçou e dominou,
nas desordens conclamantes das relações ilícitas, a extrema afetuosidade
ajudou-lhes a queda e o envolvimento pecaminosos. Foi assim que os dois
náufragos flutuaram, derivados no fio da mesma onda de emoção que lhes chofrou
nos peitos, fazendo-lhes esquecer a pragmática, o estado social e os principios
éticos e não consultaram as horas e os dias tão ardorosos ambos quanto
imprudentes e culpados”... (1969, p. 59) <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Findou-se
um tempo de amor?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Mexer
com o tempo da História é conviver com a incerteza. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent2"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Alberto
Rangel como historiador arguto e prespicaz à vista de tantas fontes, de tantos
testemunhos de tempos de historia e fatos que remetem às paixões entre os que
construíram a sociedade política do Brasil, deixa aos seus leitores esta pergunta
sem resposta. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 53.4pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: list 53.4pt; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: large;"><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-fareast-font-family: Cambria;">5.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></b><!--[endif]--><b><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;">Uma
Conclusão Possível : as cláusulas de “Rosebud” <o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">No filme “Cidadão Kane”, de Orson
Welles, o milionário americano Charles Foster Kane pronuncia ao morrer, com
dificuldade, uma palavra enigmática: rosebud. É a partir dela que será
desencadeada toda uma revisão da vida do magnata para identificar o significado
daquela palavra que, ao final, se descobre estar escrita num trenó com o qual
ele brincava <st1:personname productid="em criana. O" w:st="on">em criança. O</st1:personname>
que quer dizer ? Por que um homem de vida pública intensa lembraria de um
objeto desses nos seus últimos momentos?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;">Afora a lição estética que ficou da
realização, restaram duas lições a serem percebidas pelo público: a primeira
está na condição paradoxal de se tratar de um fato sem testemunhas e, portanto,
desconhecido de todos. A segunda é sugerida pelos planos que abrem e fecham o
filme: a visão noturna de um palácio – Xanadu, onde mora o milionário, cercado
por muros, grades, cercas de arame, enfronhado em rochedos e focalizado de
forma que sejam percebidas sua magnificência e solidão – onde uma chaminé exala
uma fumaça escura, a câmera, encerrando a sua passagem num travelling para trás
, vai mostrando uma placa onde se lê a advertência: “no trespassing”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;"> Neste
fecho do meu elogio a Alberto Rangel, faço analogia com o filme de Welles, ao
ler seus escritos historiográficos que traduzem a obra de toda uma vida. Para
mim, as cláusulas de Rosebud se cravaram ao que eu ainda não sei dele, apesar
de ter descoberto sua obra. Quem é Alberto Rangel? <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;">Se o
patrono não conseguiu decifrar o enigma de D. Pedro e D. Domitila em tantas
fontes mauseadas, escavacando uma parte da Historia do Brasil para atingir outras
histórias, eu avaliei que sua contribuição para a história desses dois amantes respeitou
o “no trespassing”. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;"> E
assim, tal como Orson Welles, Alberto Rangel evidenciou uma condição humana
indevassável: o mistério de sua “rosebud”, o que o individuo faz de si mesmo. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoNormal"><span lang="PT" style="font-family: "Cambria",serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p style="text-align: justify;">
</p><div><!--[if !supportEndnotes]--><span style="font-size: large;"><br clear="all" />
</span><hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="edn1">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref1" name="_edn1" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: Symbol; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;">§</span></span></a><span lang="PT"> Texto originalmente elaborado como discurso de posse de consócia
efetiva do IHGP.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn2">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref2" name="_edn2" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: Symbol; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;">§</span></span></a><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: Symbol; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;">§</span></span><span lang="PT"> Professora Associada
1/FCS/IFCH/UFPA. Doutora <st1:personname productid="em Ci↑ncia Pol■tica" w:st="on">em
Ciência Política</st1:personname>/ IUPERJ/UFPA. Sócia efetiva do IHGH. Cadeira
n<sup>o</sup> 1;Patrono: Alberto Rangel.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn3">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref3" name="_edn3" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Revista do IHGP, vol. XV, 1968, pág. 61.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn4">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref4" name="_edn4" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Cf. idem, ibid., p. 63.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn5">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref5" name="_edn5" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> De uma “Notícia Bio-Bibliográfica do Escritor”, escrita por Sebastião
Campos Braga, que refundiu e revisou a 3<sup>a</sup> edição da obra “Dom Pedro
I e a Marquesa de Santos”, em 1969, para
a Editora Brasiliense; e extraída de ROQUE, Carlos. Enciclopédia da Amazônia,
Belém (PA): Amazônia Editora Ltda., 1968, 5<sup>o</sup> <sup> </sup>Volume. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn6">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref6" name="_edn6" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Cf. Braga, 1969, p. 327<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn7">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref7" name="_edn7" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Idem, ibid., p. 327.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn8">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref8" name="_edn8" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> A coleção da Biblioteca da UFPA, registra que este livro foi publicado
em 1972.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn9">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref9" name="_edn9" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Facilitada pelo empréstimo da obra da Profa.
Maria de Nazaré Sarges, a quem agradeço penhorada.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn10">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref10" name="_edn10" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> </span>Esta obra herdada da
biblioteca de Pedro de Castro Álvares por seu filho Pedro Veriano.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn11">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref11" name="_edn11" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Cf. Rangel, 1974, p. 28.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn12">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref12" name="_edn12" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Cf. Cartas de Pedro I ....., 1974, p. 103.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn13">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref13" name="_edn13" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Cf. Cartas, 1974, p. 243.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn14">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref14" name="_edn14" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> </span><span lang="EN-US">Cf. Rangel, 1974, p. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn15">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref15" name="_edn15" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> </span>Cf., Rangel, 1974, p.
124.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn16">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref16" name="_edn16" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US"> Cf. Rangel, 1916, p. 29. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn17">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref17" name="_edn17" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Sobre isso, cf. a nótula n<sup>o</sup> 1, de “Cartas ..., 1974, p.
323.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn18">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref18" name="_edn18" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US"> Cf. Rangel, 1916, p. 72. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn19">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref19" name="_edn19" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Cf. Rangel, 1974, p. 286.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn20">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref20" name="_edn20" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Idem, ibidem.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn21">
<p class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref21" name="_edn21" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT">
Segundo o Direito, indicam a concubina tida e mantida as expensas do parceiro (Cf.
<span class="a">www.marioprataonline.com.br/)</span>.
Para a História: “</span>Teúda e Manteúda
eram duas irmãs gêmeas, loiras e lindas, naturais de Nápoles, no século XVIII,
e ficaram conhecidas porque uma não conseguia ir para a cama com um homem sem a
outra”.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn22">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref22" name="_edn22" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Leopoldina foi Arquiduquesa D'Áustria;
Princesa Real Consorte de Portugal Brasil e Algraves (1817-1822); Imperatriz
Consorte do Brasil (1822-1826); Rainha Consorte de Portugal (1826). <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn23">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref23" name="_edn23" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Aqui extraido das duas fontes bibliográficas principais </span><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn24">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref24" name="_edn24" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Cf. Rangel, 1969, p. 126-127. <o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="edn25">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref25" name="_edn25" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Mulher elegante, mas afetada, presumida. Cf. Dicionário Aurélio-
Século XXI. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn26">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref26" name="_edn26" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Em agosto de 1822, presidiu o Conselho de Estado durante o período em
que d. Pedro esteve <st1:personname productid="em S ̄o Paulo" w:st="on">em São
Paulo</st1:personname> e às margens do Ipiranga bradou o grito de
indepêndencia. E em novembro de 1826,
com a viagem de d. Pedro ao sul, para avaliar os conflitos cisplatinos.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn27">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref27" name="_edn27" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Filipe Leopoldo Wenzel, Barão de Maréschal,
era ministro da Legação Austríaca no Brasil, estando mo país desde 1818 até 1830.
Era muito dedicado e confidente (segundo
algumas das fontes de Rangel) da Imperatriz D. Leopoldina. Era delegado da
Santa Aliança. <o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="edn28">
<p class="MsoEndnoteText"><span style="font-size: large;"><a href="file:///C:/Users/Luzia/Documents/IHGP%202021/ALBERTO%20RANGEL%20E%20AS%20CARTAS%20DE%20AMOR%20IMPERIAIS.doc#_ednref28" name="_edn28" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", serif;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT"> Quer dizer n</span>inharias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoEndnoteText"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
</div>
</div><p style="text-align: justify;"><br /></p>Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-16965758686512053482020-10-13T12:49:00.000-07:002020-10-13T12:51:57.938-07:00CÍRIO, OUTUBRO 2020<p style="text-align: justify;"> <span> </span><span> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Viver
um “normal” diferente é a voz corrente das pessoas neste 2020, com formas de
ser, metas, objetivos articulados em novos formatos. O mesmo ocorreu com o
Círio de Nazaré, em Belém (PA). Uma nova maneira de participar, para alguns,
reflete a presença na processão que nunca deixou de ser e estar. Como
abaetetubense, ainda criança, a cada ano meus pais expressavam vontade de “neste
ano vamos pro Círio”. E passava o tempo e a viagem não se concretizava porque
teria que ser “a família inteira”. Não havia televisão para admirar as imagens,
mas o rádio nos dava as notícias. A voz que ouvíamos (PRC-5) dizia: muita
gente, muitos carros de promessas, procissão interminável, fogos, mais fogos...
E nós: aonde? Meus irmãos e eu não conhecíamos a cidade de Belém, só meu pai,
comerciante, que vinha mensalmente fazer suas compras de produtos nos armazéns,
para a revenda aos seus fregueses. E onde é esse lugar por onde a Santa passa?
É no Porto do Sal... é na 15 de Agosto... é no Largo da Pólvora... é no Largo
de em Nazaré... E por ai íamos acompanhando os relatos de dois ângulos: a narração
do rádio e a do meu pai explicando os locais da passagem da Santa.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
1953 foi o tempo do meu “novo normal”: a viagem a Belém no motor da linha (o
“Pery”, de Carlos Paes), vislumbrar o ambiente da cidade, o cotidiano do
internato e, finalmente, conhecer e viver o Círio. Com as Irmãs Filhas de
Sant’Ana do Colégio Santa Rosa acompanhávamos a procissão, de uniforme de gala
ou o tradicional do diário. Nesse dia, as normas do internato eram totalmente desconsideradas
porque, cansadas, tínhamos direito a almoço diferente, à sesta, às brincadeiras
que quiséssemos, fuga para os esconderijos que descobríamos, enfim, o final do
dia do Círio era antológico para quem ficava no colégio sem ter parente na
cidade para passar esse dia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Outro
“novo normal” de presença no Círio foi quando as minhas crianças já estavam no
ponto de acompanhar a procissão. Os preparos, os medos de nos perdermos uma das
outras, a sede, o sol, o cansaço estavam sempre no alerta dos outros, mas a
vontade de acompanhar era tanta que nada disso era empecilho para nós. Felizes,
cada momento parávamos e eu perguntava se queriam retornar para casa. Ninguém
queria.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Assistir a processão
passar era tradição, assim, não entra na história do “novo”. Salvo avaliarmos o
lugar de onde víamos a Nazica e seu cortejo magistral – a casa dos amigos Alexandrino
e Lourdes Moreira que já estão num outro plano de vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
neste momento um “novo normal” quebra as estruturas da tradição de mais de 200
anos de caminhada na procissão do Círio e desloca o estar físico humano da
grande aglomeração do povo paraense para viver outras estratégias com vistas a
desmontar a não-presença no cortejo da Nazica, mas permanecer nela de outra
forma, por meio do ato de Fé. A pandemia desfez promessas, levou para outro
plano milhares de romeiros, afastou a maioria dos familiares do almoço
tradicional, induziu a desconfiança no sagrado, rejeitou planos e programas já
delineados<span style="color: red;">. </span>Mas, este Círio, fortaleceu o poder
do ser humano em si próprio, na estratégia de se manter vivo para saudar, ainda
uma vez, o “carnaval devoto” de Dalcídio Jurandir naquele emblema de fé que
carrega a força do povo paraense na reconfiguração dessa festa cultural, agora
num plano virtual. Este “novo normal” num momento tão grave para o povo
brasileiro reinventa um “novo Jesus” (se é possível dizer assim) aquele que
expulsa os vendilhões do Templo ao dizer: “Minha casa será chamada casa de
oração para todos os povos’? No entanto, vocês fizeram dela um covil de
ladrões.” As chicotadas de Jesus neste momento da homenagem à sua mãe Maria de
Nazaré está aí para quem se propuser a analisar as rupturas, neste tempo do
Círio, com um certo comércio que arrasta a fé para pensar valores
comercializados. Pensar a força interior e se despojar dessas quinquilharias de
uma cultura festiva tradicional, alavancou novos processo de análise sobre um
sistema capitalista dominante neste momento de luz interior. Pensemos nesse
“novo normal” que nos foi dado em função da dor, do sofrimento, da saudade, do
isolamento social (para alguns/as), mas acima de tudo, da consciência sobre a
reconfiguração desse suposto “sentimento religioso” empenhado em outros
ângulos, menos na fé, na esperança, no amor.<o:p></o:p></span></p>Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-33585974241667687842020-09-11T03:37:00.001-07:002020-09-11T03:37:43.319-07:00AS CAMINHADAS NO ISOLAMENTO SOCIAL<p> <span> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMVNV5-fqMUBj-ho-ynue66s8bubbzPrnXkLvBQ8yhGpwAv0s4HXk9zMMpjnpfQaNqFA2Z1zjc9EfyvaER44IjgKpYnPSE7Tat_mEgyyfSWiYyF-Tq0vYaJS2dcLb3wpOBbMbkHi9_fGe/s1024/Isolamento+social.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMVNV5-fqMUBj-ho-ynue66s8bubbzPrnXkLvBQ8yhGpwAv0s4HXk9zMMpjnpfQaNqFA2Z1zjc9EfyvaER44IjgKpYnPSE7Tat_mEgyyfSWiYyF-Tq0vYaJS2dcLb3wpOBbMbkHi9_fGe/s320/Isolamento+social.jpg" /></a></div><div style="text-align: center;">Arte - Ana Branco </div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Cuidados. Tarefas
doméstica. Horários de medicação. Leituras de notícias rápidas.
WhatsApp/postagens recebidas e respondidas. Lives familiares. Lives de
aniversários. Lives de programação temática. Lives de estudos. Lazer= filmes,
seriados, minisséries, leituras. Isolamento social a dois = tarefas duplicadas.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Esses são alguns pontos
da situação que tem sido vivida há seis meses. Algumas pessoas têm como mudar
essa rotina pela lógica da necessidade de trabalhar fora de casa ou do acesso
aos supermercados etc. Somos do grupo de risco e de uma classe social de
servidores públicos aposentados. A sobrevivência alimentar e de medicamentos tem
a aquisição de uma pessoa da família e deixados na porta do apartamento. E
assim vamos vivendo, convivendo e aprendendo macetes para burlar certas rotinas
que cansam e estressam. Lembrar a infância, a adolescência, o ontem nas
aventuras relevantes e às vezes incômodas, outras vitoriosas, algumas que se
tornaram históricas e sempre vivendo esse reviver da memória onde não deixa de
pontuar a presença de pessoas queridas, que hoje estão nas caminhadas em outro
plano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">O marcador geracional
importa. Os/as idosos/as que receberam educação tradicional em termos de
classe, raça, gênero e geração em funções sociais naturalizadas submetidas aos
rigores de um sistema patriarcal que subsumia a interseccionalidade e mantinha
a naturalização do olhar e o viver para a diversidade sentem o ontem se
apagando conscientemente e o hoje se renovando criticamente. Alguns/as percebem
que avançaram nas ousadias mesmo ainda crianças, com o olhar crítico mostrando
o quanto a educação familiar, escolar e religiosa submetia o conhecimento das
coisas e a vivência dos valores, alguns reconhecidos, hoje, como tão
discriminadores. Outros/as permanecem no ritmo que acreditam ser um ciclo
natural da vida de homens e mulheres. E os reflexos da idolatria pelas regras
patriarcais tornadas tradicionais e “naturais” ampliam a interpretação de que
os valores sociais são ideologias nocivas à humanidade. O caráter dessa negação
do olhar crítico ao desvalor humano renega o sentimento do afeto e toma outro
rumo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Nesta atual conjuntura,
o cinema tem sido mais do que companheiro, assumiu uma outra dimensão na vida a
dois, embora fosse um eixo básico das conversas e reflexões sobre estética,
experiências de vida, foco de captar imagens a serem preservadas. Os filmes que
assistimos e alguns em revisão têm contribuído para uma outra configuração
nessa arte. E as perguntas surgem: por que gostamos tanto deste ou daquele
filme? A atitude dos diretores “por trás das câmeras” tem mostrado a amplitude
do sistema de repressão às mulheres, aos povos indígenas, aos negros e negras,
aos que são apresentados como “desviados”. E muitas vezes deixa-se de refletir sobre
o impacto dessa arte tão reforçadora de comportamentos vis, perversos,
sabotadores de ações humanas. Quando iniciamos as exibições no Cine Clube da
então APCC sempre discutíamos, no final, o tema e a estética dos filmes.
Francisco Paulo Mendes, Benedito Nunes, Orlando Teixeira da Costa, Acyr Castro
e os outros cineclubistas jovens, no caso, o Vicente Cecim, José Otávio Pinto,
Reinaldo Elleres, Raimundo Bezerra e outros dessa primeira fase sempre
contribuíram com esses debates. Alexandrino Moreira deu a força para novos
programas com filmes que não eram exibidos comercialmente, em seus cinemas 1, 2
e 3. E passamos a fortalecer a crítica ao <i>status quo</i> ameaçador dos
valores humanos. Hoje, Marco Antonio Moreira segue construindo um forte caminho
no CC-ACCPA. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Tenho assistido a uma
variedade de filmes “noir” e policiais de coleções adquiridas por Pedro Veriano
há algum tempo e ainda hoje. Num próximo momento vou tratar das personagens
femininas nesses filmes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">O isolamento social
precisa ser produtivo para sairmos mais fortes desse embate. Ansiedade,
insegurança, estresse não só pelo esforço para fugir ao cansaço psicológico que
tem se fortalecido também em tantas políticas de governo fascista, negacionista
e genocida. A superação é difícil, mas não impossível. Vamos unir forças e ter
esperanças. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p><span></span><p></p>Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-41188801087253979582019-12-20T08:31:00.000-08:002019-12-20T08:31:39.637-08:00ELOMAR, 80 ANOS...ANOS DE AFETOS ....ANOS DOURADOS<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEJyH4XGnA-oe0T4y_0nvQQ77AcmnM9D6tD0BUZrvCVmEUQEgBj9lWKQmBUyW-d9lswFrOmmKZu0cuEvTjPDOjw_n7qYC2zZKrCIYG4ILBU6RlGLRzgzw5kqmJEqjsRTY1fd8sNbAauDN/s1600/Internas+Santa+Rosa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="831" data-original-width="1253" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEJyH4XGnA-oe0T4y_0nvQQ77AcmnM9D6tD0BUZrvCVmEUQEgBj9lWKQmBUyW-d9lswFrOmmKZu0cuEvTjPDOjw_n7qYC2zZKrCIYG4ILBU6RlGLRzgzw5kqmJEqjsRTY1fd8sNbAauDN/s400/Internas+Santa+Rosa.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Albenize, Grassy, Elomar, Amira, Luzia </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quem disse que
pensávamos em idade, aquela época? Início dos anos cinquenta, as famílias
interioranas em busca de dar maior nível de escolaridade aos seus filhos e
filhas, aportavam em Belém com a esperança de que fossemos recebidas nos
colégios onde o Exame de Admissão ao Ginásio nos desse entrada para essa nova
fase da vida escolar de pré-adolescentes. E assim esse momento da vida garantiu
a um grupo de jovens meninas interioranas a inscrição ao curso ginasial em
vários colégios que as recebiam em nível de internas. O então Instituto Santa
Rosa foi o meu reduto durante sete anos. E de muitas outras com as quais
vivíamos em comunidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse ambiente,
aprendíamos “na marra” a enxergar-nos com nossos acertos e defeitos e a
equilibrar nossas emoções para sermos aceitas e, principalmente, para nos
aceitarmos com as convicções que passávamos a acumular. As práticas da
religião, os primeiros desejos de “liberdade”, as primeiras emoções afetivas,
tudo levava a nos cercar de muitas proteções, mas o que hoje podemos ver mais
nitidamente é que foram anos de aprendizado que construíram alicerces vitais
para abrigar-nos de “chuvas e trovoadas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Este recorte da memória
de um tempo tem um objetivo - traduzir-se em uma homenagem importante para uma
das colegas que àquela altura dividia conosco suas saudades, seus
conhecimentos, sua experiência de menina, trazida de sua terra natal, Óbidos,
fortalecendo o afeto que nos unia e ainda hoje nos une. <b>Elomar Menezes
Barros</b>, que hoje completa 80 anos. Recortes que vêm à lembrança de uma
rotina que àquela altura não eram tão reconhecidos e hoje nos cercam de
saudades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Víamos a <b>Elomar</b>
num diferencial de muitas colegas. Com um sorriso permanente, vestida nos
“bibes” listados (depois verde quadriculado), se preparava para ir a aula à
tarde, também interessada na boa aparência, cinturinha fina e a preocupação em
não engordar. Aliás, cada uma de nós daquele grupo que frequentava o 1º ano
ginasial, estávamos sempre ansiosas com a aparência física, pois, nesse horário
as aulas eram ministradas pelos professores de fora.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Do ginásio ao
pedagógico aquela rotina de colegiais trazia para as conversas no pátio
interno, na hora do recreio, tantas e tão intensas sensações que regulavam
desde os estudos ginasiais ao planejamento “do que fazer” nos chamados
“domingos de saída” (o quarto domingo do mês). Na segunda feira, nos balouços,
cada uma relatava suas aventuras ou desventuras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O recreio das internas
não coincidia com a das externas. No nosso caso, o intervalo entre o almoço e o
estudo formal poderia ser usado de variadas maneiras, sempre usufruído no pátio
interno. Dos bancos corridos aos balouços, do “pé de Sant’Ana” aos “pés de São
José”, posicionavam-se os espaços liberados para as nossas cantorias,
gritarias, conversas, estudos, enfim, o que quiséssemos fazer. Era a hora de
colocar para fora os gritos embutidos em muito tempo de silêncio que vivíamos
ritualisticamente. Tudo sob a supervisão da mestra de vigilância. Que assistia
a tudo sem levar em conta a barulheira. Salvo um certo dia em que a Mestra Emma
ficou de plantão tirando o horário da Mestra Maria do Rosário. Ao ruído da
palma referencial de fim do almoço a Thelma Reis deu o seu grito de guerra
(tradicional) e a Mestra Emma sentada no banco retrucou: “Dona Thelma, pro
castigo!” Não houve justificativa que fizesse a Mestra considerar que o erro
era seu. E lá ficou a Thelma sem o recreio, sentada no banco ao seu lado. Nesse
dia não houve a tradicional brincadeira do “Benjamim”: ela combinava com outra
colega para ficar atenta à sua passagem com alguém de braço dado e perguntasse
“aonde tu vás, Benjamim?”. A Telma respondia: “vou levar este burro pra comer
capim”. Um dia a Marita Saady ficou insultada com a brincadeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Conviver com a externas
e os professores, ter contato com o mundo de fora, aquele que era interditado
pelos altos muros do colégio, tornava-se para nós uma conexão com o proibido
também. Essas pessoas eram a mediação entre a informação geral, o conhecimento
formal e um mundo escamoteado para nós. Se o principal objetivo de nossa
vivência no internato justificava-se pela continuidade de nossos estudos
visando incluir-nos num padrão de carreira profissional, a mediação com o saber
era feita pelos professores que garantiam a ministração das matérias
curriculares específicas, mas havia outros estágios de informação que nos eram
repassados pelo convívio com as internas. Tínhamos um mundo fechado nas quatro
paredes do internato que era quebrado pela informação sobre o que se passava lá
fora e ao qual não tínhamos acesso salvo através das colegas externas. O
cinema, as modas, os modos de ser das pessoas, o assunto político e policial,
as fofocas, os costumes femininos e masculinos, o convívio urbano da metrópole
era repassado para nós pelas conversas. E assim transitávamos num espaço
privado em que o “espaço público” vinha até nós através da porta da comunicação
e informação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Hoje, a Elomar Menezes
Barros, que vivenciou esse tempo de juventude está celebrando 80 anos. Minha
admiração por ela vem desde essa época. Sua atividade no âmbito Escolar, como
orientadora de várias escolas, num trabalho que faz parte do processo
educacional, registra-a enquanto funcionária pública. Diz a amiga em um post
particular:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Valeu a pena. Nos tornamos profissionais
responsáveis, respeitadas, mulheres/mães, mais fortes, corajosas, determinadas,
ricas em experiências, sabedoria e fortalecidas pela nossa fé, com a presença
de Deus em nosso coração. Agradecemos a cada manhã um dia que vivemos. Mas 80
anos é especial, completamos uma só vez. É um agradecimento a Deus que permitiu
chegar até essa idade com saúde, feliz e com alegria, junto com as minhas
queridas de internato e de bancos escolares. (...) Tempo bom, amizade de raiz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É isso, Elomar, são
tantos os tempos e tantas as lembranças que deixaram muita saudade. Hoje, sem
seu parceiro querido, Fred Alencar, que já foi para um outro plano, você
celebra a vida, o amor e a amizade. Parabéns! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-34187001662471897172019-02-11T10:42:00.000-08:002019-02-11T10:42:05.575-08:00NOTA DA ABCP SOBRE A SUB-REPRESENTAÇÃO FEMININA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSmqMHfxIw-5TCcalWdJfFQWtu3Su4HHEiDQqBv7q9XAwXBWPkVTtgD48sbGGsHxNShppWSrR8fi40siNf64mfYY0xY3o_GRxcUcIiDwYssDhHKSDa_pKfFD3fAdcKZjhIen-CgZBjVlxn/s1600/ABCP++sig.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="1600" height="67" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSmqMHfxIw-5TCcalWdJfFQWtu3Su4HHEiDQqBv7q9XAwXBWPkVTtgD48sbGGsHxNShppWSrR8fi40siNf64mfYY0xY3o_GRxcUcIiDwYssDhHKSDa_pKfFD3fAdcKZjhIen-CgZBjVlxn/s320/ABCP++sig.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a data-ft="{"tn":"-U"}" data-lynx-mode="asynclazy" data-lynx-uri="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fcienciapolitica.org.br%2F%3Ffbclid%3DIwAR0vGUFUuCztocRjAHzX7vgEOAoJTMirCm3BCIuPD8AoBDWyJYr8RPZ3pew&h=AT03vKVklVsN3S-imjXryBe2DteKfMMzb7pbdefMUfQYJbZfbkvn0WzpdTZM9lQFLBO1HEko-pEYCgP3lSgtrc1qSmWH13FQ3xiNt6DP5dDCtVteBgCvDfMRujybKIq84s-UY7Y2yh3jPs4QHs525ouKLxMvWXa3" href="https://cienciapolitica.org.br/?fbclid=IwAR0vGUFUuCztocRjAHzX7vgEOAoJTMirCm3BCIuPD8AoBDWyJYr8RPZ3pew" rel="noopener nofollow" style="background-color: white; color: #365899; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start; text-decoration-line: none;" target="_blank">https://cienciapolitica.org.br/</a> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Sobre
as recentes declarações do Presidente do PSL, que afirma que as mulheres não
teriam interesse ou vocação para a política*, cabe esclarecer que ao menos
desde os anos 1960, os estudos sobre mulheres e política demonstram que a
sub-representação feminina é resultado de barreiras que impedem ou dificultam
sua participação. Um dos momentos principais em que essas barreiras se impõem é
justamente a construção das candidaturas junto aos partidos políticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">No
Brasil, a lei que garante 30% das candidaturas para um dos sexos na lista
eleitoral partidária está embasada no reconhecimento de que a sub-representação
das mulheres é uma injustiça. Elas são a maioria do eleitorado, mas têm sido
deixadas de fora dos espaços em que são tomadas as decisões que as atingem
diretamente. O Brasil é hoje um caso extremo, sendo um dos países do continente
americano em que as mulheres têm menor acesso aos espaços decisórios, sejam
eles cargos eletivos ou nomeações de primeiro escalão, como ministérios ou
secretarias nos estados e municípios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Só
o preconceito, aliado à desinformação, explica que o presidente de um partido
que tem hoje expressão nacional ignore que a sub-representação feminina nada
tem a ver com disposições naturais, mas resulta de constrangimentos
institucionais, sociais e culturais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-82363569014544045502018-11-20T02:40:00.001-08:002018-11-20T02:41:41.312-08:00CONSCIÊNCIA NEGRA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">O Dia Nacional da Consciência Negra celebrada hoje, 20 de novembro, foi criado pelo Projeto-Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003 (Art. 79-B), estabelecendo “as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir, no currículo oficial da Rede de Ensino, a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" (...)”. Nesse dia, no ano de 1695, morrera Zumbi dos Palmares, o líder e chefe do mais famoso quilombo da história da escravidão no Brasil. A sua morte, resistindo contra o opressor branco, marcou a luta pela emancipação de uma etnia imposta como escrava no Brasil desde os primórdios da colônia portuguesa na América.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">A escravatura existiu desde guerra, escravizados por dívida, por pirataria ou por mau comportamento a origem da civilização. Tratava-se de povos conquistados, prisioneiros de cívico, com evidências ainda àqueles com características físicas e de língua diferente dos conquistadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Em termos de Brasil, a escravidão iniciou-se na primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar. Os colonizadores portugueses capturando os negros nas suas colônias na África utilizava-os no trabalho nos engenhos de açúcar no Nordeste. Comerciantes de escravos, mercadoria humana, escolhas entre os sadios, condições desumanas, mortes e submissão aos grilhões de ferro nos porões fétidos dos navios negreiros e/ ou quando nas senzalas eram acorrentados para evitar as fugas e submetidos a torturas físicas são evidências de um passado infausto desse povo cuja vida marcou a sua presença desde o Brasil Colônia. A história desse período é um dos mais cruéis momentos da humanidade e deste país. Da compra da liberdade por alguns, no Século do Ouro (XVIII) e da resistência política de outros, esse povo conseguiu manter sua cultura, exercitar seus rituais e falar sua própria língua ao organizar comunidades de quilombos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Isto quer dizer que a abolição da escravatura tão festejada não foi algo dado para eles. Eles lutaram para chegar até ela. Historicamente se desenvolveu com a transição da Corte Portuguesa para o país e do Tratado de Aliança e Amizade de 1810, época em que o príncipe regente se comprometeu com a Inglaterra a abolir o tráfico negreiro. Esse tráfico só foi extinto quarenta anos depois, com a aprovação da Lei Eusébio de Queiroz e teve como reflexo a redução gradual da escravidão. Nessa época, o mundo conhecia as primeiras teorias cientificas de base racista. Surgiu, por exemplo, o “darwinismo social” e, no Brasil, começou a “preocupação com o branqueamento da população”. Essa ideia que se desdobrava entre a radicalização da diferença étnica, afinal um dos fatores da teoria nazista, e o estimulo à miscigenação como um meio de “diluir a cor negra”, caminhou com seu flagrante confronto na aceitação dos filhos de proprietários de terra com suas escravas. Segundo a professora Mary Del Priore em um artigo denominado “Entre a Casa e a Rua” (Revista “Aventura na História”/Ed. Abril), o conde Suzanet ,em 1825, afirmava que “as mulheres brasileiras (...) casavam-se cedo, logo se transformando, pelos primeiros partos, perdendo os poucos atrativos (...) e os maridos apressavam-se em substituí-las por escravas”. Mas sabe-se que não era só assim. Estas escravas eram estupradas, algumas mortas e a convivência com as “matronas” brancas submetia-as a uma outra forma de opressão e castigo por parte destas que se vingavam ao se sentirem em segundo plano na base de sedução do marido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">O livro “A Cabana do Pai Tomás”(escrito em forma de série, de 1850 a 1852) da escritora, filantropa e antiescravagista Harriet Beecher-Stowe teve ampla repercussão no processo de abolição da escravatura na América do Norte. Há versões de que ele ajudou na declaração da Guerra da Secessão rebelando, naquele país, o sul escravocrata. A autora foi uma das fundadoras do Partido Republicano que abraçou a causa do abolicionismo e o livro, por ser impulsionador da liberdade étnica, foi muito lido pelos donos de escravos, inclusive no Brasil. As mulheres desses comerciantes & industriais, especialmente na zona rural, tinham “A Cabana...” como leitura predileta. Isso valeu uma citação no romance “Sinhá Moça”(1950), de Maria Dezone Pacheco Fernandes, uma visão romântica do abolicionismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Mas, sabe-se que não foi fácil extinguir o estigma da escravidão a partir de um juízo de graus de etnia. O movimento abolicionista surgiu com o Iluminismo no século XVIII. O legado brasileiro da emancipação do negro contou com a colaboração de nomes famosos nas artes e letras. O poeta baiano Castro Alves chegou a bradar: “Não pode ser escravo/ quem nasceu no solo bravo/da brasileira região”. O pernambucano Joaquim Nabuco impulsionado pela experiência na infância, com escravos, lançou a obra “O Abolicionismo”, em 1883. José do Patrocínio, filho de um padre com uma negra, fez campanha contra a escravidão ao lado de Ruy Barbosa, Teodoro Sampaio, Aristides Lobo, André Rebouças e outros. Mesmo assim, com tantos nomes de vulto, inclusive políticos, dedicados ao abolicionismo, o Brasil foi o país que mais demorou em libertar oficialmente escravos. Havia forte pressão, especialmente dos proprietários sediados no campo. D. Pedro II temia um quadro bélico semelhante ao que aconteceu na América do Norte do governo Lincoln. Mas a Câmara era a favor da lei que afinal foi assinada pela filha de D. Pedro, a princesa Isabel, na sua fase de governante provisória em 1888.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Evidenciar o processo escravo e eliminá-lo das injunções econômicas através de leis e decretos foi um aspecto da luta pela libertação dos negros. O outro foi e tem sido introduzir a questão como elemento de conscientização antirracista, haja vista que desde muito, em especial do século XVII a XIX na Europa e no Brasil houve forte presença das teorias raciais com base cientifica demonstrativas da essencialidade do fenótipo africano onde a negrura era uma evidencia da degeneração da raça humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) patrocinou um conjunto de pesquisas sobre as relações raciais no Brasil, no inicio da década de 1950. Este projeto associava-se à agenda antirracista dessa instituição internacional que desde o final dos anos quarenta, estava impactada pela Segunda Guerra Mundial, quando o nazismo estimulou a grave exacerbação da degenerescência da mestiçagem humana pelo cientificismo sobre a raça ariana. Como aquela altura o Brasil apresentava imagem positiva em termos de relações inter-raciais se comparado aos EUA e o apartheid da África do Sul, este país se tornava um “laboratório” para "determinar os fatores econômicos, sociais, políticos, culturais e psicológicos favoráveis ou desfavoráveis à existência de relações harmoniosas entre raças e grupos étnicos".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Mas essa questão também era política e existencial para intelectuais negros organizados no período. Experiências mobilizadoras traduziram o outro lado da situação vindo dos movimentos negros que se formavam no país alguns encabeçados por esses personagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">A promulgação da Constituição de 1988 marcando o período de redemocratização do Brasil apontou para as demandas de discussões e de avanços nas decisões políticas reivindicadas pelos vários segmentos da sociedade, os movimentos sociais e o Movimento Negro. Assim, “A lei de preconceito de raça ou cor (nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989) e leis como a de cotas raciais, no âmbito da educação superior, e, especificamente na área da educação básica, a lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira, são exemplos de legislações que preveem certa reparação aos danos sofridos pela população negra na história do Brasil” (<a href="http://www.brasilescola.com/">http://www.brasilescola.com/</a> ).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;">Hoje a luta pelas rupturas do preconceito racial tem várias vertentes. E ainda há luta pela extinção do preconceito racial. Se Affonso Arinos lançou a lei que considera crime o racismo, muitos outros processos se institucionalizaram para a subversão das crime o racismo e muitos espaços como as universidades abrem vagas para negros e negras, a inserção no mercado de trabalho e valorização da cultura, a luta pela consciência do povo negro por sua identidade tem sido uma forma de militância dos grupos constituídos por agendas de demandas pelos direitos humanos.<o:p></o:p></span><br />
<div>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 19.9333px;"><br /></span></div>
</div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-12986421743302055782017-03-30T04:25:00.001-07:002017-03-30T04:42:39.561-07:00UMA CARTA : SEXO CASUAL SEM ESPAÇO DE ILUSÃO<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7G0PBZ9l1WOeDLpUYYVLfgABawmd3J5Vxo9mVG4lpW64B0SlsVHAXtoxfsiXFs7OnYLknOodxO9uYAaNRhLMnpDZ7Feb4ONRMzF8efm1s1s-08cNcJ8HzUgUooxT3Q2DYBJaK59tpMlKl/s1600/shutterstock_197883350-500x335.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7G0PBZ9l1WOeDLpUYYVLfgABawmd3J5Vxo9mVG4lpW64B0SlsVHAXtoxfsiXFs7OnYLknOodxO9uYAaNRhLMnpDZ7Feb4ONRMzF8efm1s1s-08cNcJ8HzUgUooxT3Q2DYBJaK59tpMlKl/s400/shutterstock_197883350-500x335.jpg" width="400" /></a></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
Recebi esta carta para publicar no blog. Achei importante o tema. Para este período de celebração do Dia da Mulher. </div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Maria Maria <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: right;">
<b><i><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 115%;">Você é minha namorada, minha mulher<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: right;">
<b><i><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 115%;">minha amante e, principalmente,<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: right;">
<b><i><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 115%;">minha amiga!<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Essas palavras me falaram de um
jeito que eu não me achava capaz de atrair. Elas tocaram fundo no coração de uma
mulher que se achava tímida e insegura, há poucos anos saída de um
casamento do qual a sexualidade já se havia retirado bem antes. Profissional bem-sucedida,
muito bem com seu corpo, porém mal resolvida nas questões do afeto, do amor
romântico e do sexo. Eu me permito curtir novidades da vida, procurando manter
na medida do possível as rédeas da situação. Sei bem que nada está sob
controle. A prova, o “romance” que vivi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Compareceu na minha vida uma
presença nova. Uma voz se tornou habitual durante quase três semanas. Era a voz
de um homem de mais de sessenta anos, dizendo-se viúvo, microempresário, que conheci
em uma rede de relacionamentos. Afinal, na minha idade, encontros são
raríssimos, acho até que não existem, pois, os homens nessa faixa preferem
mulheres mais jovens. Insistindo, contudo, nesse desejo, procurei a rede. Quem
sabe, iria encontrar um <i>chéri</i>, como
diz um amigo francês. Mesmo se breve, mesmo se sem qualquer compromisso, queria
uma troca de amor, uma comunicação de corpo e, quem sabe, de alma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Resolvi compartilhar essa história,
porque talvez haja outras - ou outros -como eu, tateando nessa busca. No meu
caso, desafiei o padrão de espera e recato. Mas, também, acabei por conhecer
outro padrão social. Experimentei o sexo casual. No português sem rodeios, fui
para a cama e, no após, virei coisa a se desvencilhar. Sexo casual é terra
incógnita para uma mulher com uma história comum como a minha. Entrei sem
manual de instruções, tipo adolescente mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">As palavras quase mágicas – “amante,
amiga, mulher” - ficaram gravadas no áudio do <i>whatsapp</i>. Pareciam prometer uma relação profunda, mesmo se breve, entre
duas almas encontradas dias antes, no acaso de uma rede de relacionamentos. Hoje
em dia, para mim, o tempo não conta muito, mas sim a intensidade dos momentos.
Momentos podem ter suas eternidades. E, diante das conversas trocadas com
aquele homem, permeadas de admiração, bom humor, carinhos, as últimas amarras que
o medo do desconhecido me impunha, se soltaram de vez. Controles já meio frouxos...
cederam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Ao ouvir a mensagem no zap, logo digitei
minha gratidão, especialmente pela jura da amizade, mas, também, por um amor que
se desenhava sem cobranças, no qual não entrava posse, muito menos interesse
nos haveres do outro. Sim, a promessa da liberdade mútua. E entre amigos
amantes! Que auge! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">As palavras certeiras me encantaram;
entendi a famosa imagem do cupido e sua flecha. E, portanto, não percebi sinais
contrários que ele me dava, tal como o pouco interesse em saber de mim. E,
também, não estranhei o convite para “fazer amor” já no segundo encontro. Ele
mesmo uma vez me corrigiu, quando usei a palavra transar, pois era amor que ele
queria, não transa! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"> Fui
para o encontro combinado sem disfarces. Vestido colorido, brincos, pouca
maquiagem. Decidida, me ofereci por inteiro, sem reprimir a vontade dele e a
minha, mesmo consciente de que eu jamais estaria à vontade no primeiro encontro
de amor. Eu estava disposta a passar a experiência da primeira vez com alguém
que eu praticamente não conhecia. Para mim, o mais importante não seria o
primeiro encontro, tenso, mas sim os próximos... Naquela noite eu estava
alegremente exorcizando fantasmas da minha história de mulher que se achava sem
atrativo, sem desejo e sem ser desejada... inábil no sexo. Jamais “gostosa”!
Não precisei de bebida e disso estava orgulhosa. Queria mostrar meu corpo! Na
verdade, eu não estava entregando nada. Eu achava estar compartilhando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"> Num
certo momento eu percebi – que estranho! - que a preocupação dele era ser
“eficiente”, queria me provocar prazer a todo custo. Como se precisasse me
mostrar, ou mostrar para si mesmo, que era bom de cama! Para mim não era esse o
maior atrativo! Eu até preferiria uma primeira noite só de carinhos, abraços e
beijos. Sei que o meu prazer pleno viria com o tempo. Mas eu joguei bem o jogo da
cama, fiz e consenti, sem vergonha ou culpa, pensando ser essa a regra a seguir.
Eu pensava que no sexo estava expressando o sublime do amor maduro, ainda que
ao preço de eu não relaxar de cara. Mas cumpria o que eu achava que devia. E
suportei aquele homem que procurava eficiência nos gestos e movimentos. Hoje sei
que era ato, não afeto. Era instrumentalidade, não encontro. Talvez ele mereça receber
seu troféu nessa seara.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Após o sexo esperei ouvir sobre
próximos encontros, um cinema, um jantar... Eles não vieram. Logo ele tinha de
voltar ao trabalho. Vamos lá então! Era eu a motorista e o conduzi de volta.
Ainda tão cedo de noite. Ele me procuraria, sem fixar quando. E não me
conscientizei logo do fato de que a “nossa noite” foi brevíssima, no intervalo
do trabalho dele, em um quarto de motel sem adereços. Tudo foi rude. A começar pelo
quarto limpo, mas frio, apenas funcional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Minha maior asneira, comigo mesma, foi
aceitar sexo sem prevenção. Estúpida! Assumir comportamento de risco nessa
idade! Eu achava que devia agradar para ser aceita. E aí abri uma brecha por
causa de meus próprios carecimentos. Permiti, para ser aceita! Talvez até esse
comportamento me tenha desvalorizado perante ele. Que fácil! Minhas fantasias
de amor não eram as suas. Hoje eu tenho um conselho, se alguém precisar: se
estiver carente, não entre em rede de relacionamentos! E, sobretudo, não
acredite no interlocutor até mil provas em contrário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"> Após o
encontro “quente”, mas seco, voltei para casa. Sensações bizarras. O vazio tomou
o lugar da alegria. Que encontro foi aquele? Os telefonemas sumiriam em menos
de dois dias. Participei de sexo casual, só carnal. Todos os ditos, imagens, risos,
eram apenas preliminares para o sexo pelo sexo. Talvez a paga que ele não
queria fazer para uma profissional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Para onde vão as palavras? Especialmente
as ditas com maestria quase poética? Eu nunca consigo dizer com tanta
habilidade para um outro, o que não sinto. É como se diminuísse uma parte de mim...
Tanto que não cheguei a chama-lo de “amor” como ele fez quase de imediato... É,
essa história parece texto repisado, enredo pré-fabricado. Encontrei um expert
nesse roteiro de atrair, “comer” e largar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Consciente do que ocorrera, três
dias depois liguei para o ex-amante, ex-namorado e ex-amigo. Eu queria
conversar sobre seus exames de saúde, que ele me dissera ter feito. Buscava aplacar
o medo que tomou o lugar do encanto. Mas, quando ele finalmente se dignou a
atender, não me ouviu, foi grosseiro, dizendo-se ocupado no trabalho. Que entonação
estranha! Quase violento quem tinha entrado no meu coração sem pedir licença e
me elevado: <i>você é tudo de bom</i>...
dito quase à exaustão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Enquanto o ouvia ao telefone, vi
num relance minha história, conquistas, meus anos de estudo, minha
independência financeira... Me perguntei, por que estou ouvindo isso? Engoli a
fala. Ele estava me arrogando um papel: o de mulher pegando no pé, cobrando
amor, cobrando sei lá o que... Descartada. Acabou-se aí qualquer nova tentativa
de contato. Tudo que eu faria depois para digerir esse desencontro, seria por
mim mesma, com meus próprios recursos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"> Este é
só um velho exemplo do cair no conto do amor? É um exemplo, sim. Mas acho que
tem um aspecto a mais. Casos assim dizem sobre nossa contínua capacidade para o
mal. Mal, por transformamos um dos encontros mais intensos de que somos capazes
como seres humanos, a expressão sexual do amor, em ato só material, entre
sujeito e objeto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Chocou-me não ouvir uma gratidão por
momentos que, de algum modo, tiveram belezas. Por que não um café para
conversar como adultos civilizados? E, então, agradecer? E, depois, cada um
seguir seu caminho? Acho que não fazem parte do script no qual toda a cena se
inscreve. O script deve terminar com a vitória do macho que abateu a caça. Pensando
bem, é pseudo-vitória. Relações desse tipo nos empobrecem a todos. São instrumentais.
Parceiros sexuais não são coisas. Eu não estava buscando compromisso nem conto
de fadas. Achei uma relação pessoal em que a pessoa não precisa estar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A ausência de empatia me leva a
pensar que meu parceiro tem um quê de psicopatia. Ele tem seus tormentos e
traumas, pois se permite prazer em contatos truncados e emoções distorcidas. Faz
de sua inteligência de sedutor uma embalagem vazia. Não lhe guardo rancor. É
uma pessoa enredada nas teias de relações mais indigentes de nosso meio. Vive o
velho presente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Este caso reflete um machismo que
consagra o sexo como necessidade do homem e desvalor da mulher. Padrão antiquíssimo.
As formas do machismo podem ter se abrandado, mas os sentidos permanecem. Sei
que tenho um privilégio de poder viver essa história sem a mesma sujeição de
mulheres de gerações passadas. Graças, em parte, à crítica feminista da nossa
ordem social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Não entrei na história como vítima.
Ter chegado lá, por certo, decorre das minhas próprias dificuldades,
inseguranças, meus fantasmas. Queria ter a autoconfiança e o amor próprio de
algumas de minhas melhores amigas. Bravas e independentes. E, por isso, me
coloquei nessa posição de encontrar pessoas frágeis também, atormentadas que
precisam de sexo para aplacar não sei quantas necessidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">De um lado, errei feio. Relaxei
controles. Mas, de outro lado, acho que é preciso falar sobre as muitas
manifestações do machismo e como resistir. Especialmente, o que se dá nos
contatos mais íntimos, entre quatro paredes, de onde se pode “quase tocar o
céu”. Querendo encontrar um outro em plenitude, topei com a degradação humana. Naquele
momento eu dei a ele o que achava lindo de mim. Mas, no texto, eu figurava como
objeto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Mais que nunca, é preciso exercitar
a frase batida: gostar de si em primeiro lugar. É condição para bem gostar do
outro. Um gostar não egoístico, solidário. Meu ex não gosta de si, não pode
gostar do outro. O outro é peça. Nessa perspectiva, é possível pensar que o
machismo é, no plano da cultura, a consolidação desse desamor pessoal. As
relações de gênero que abrigam dominação e sujeição se estabelecem com base no
desamor original. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Sexo casual, não importa a idade, é
empresa arriscada. E, quanto mais idade
temos, menos tempo de aprender a se virar nesse meio sem empenhar a autonomia.
Por isso eu quis escrever essa minha história. Sei que a trama é conhecida. Mas
tenho certeza de que ainda não tiramos todas as suas lições. E continuamos em busca de amor, em qualquer
idade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Obs. Imagem extraída de https://mejorconsalud.com/sexo-casual </span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-40922515378712878462017-02-13T06:38:00.000-08:002017-02-13T06:38:27.668-08:00 PARA ALÉM DO “FAÇA ACONTECER”: POR UM FEMINISMO DOS 99% E UMA GREVE INTERNACIONAL MILITANTE EM 8 DE MARÇO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi96pM-xy5IKgIBfgSYoHqlbvEujJzdL51ZUlw6TtWbTESkwIRiViBbnaX_DpiLNDDVc2rnDBPT7YuNQE289tqpf6g6V3V_sI2wx7Umw1VwFjqs_9DPwvm1ObDtWwgkKls8PuWhoVEZc1Zh/s1600/greve-mulheres.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi96pM-xy5IKgIBfgSYoHqlbvEujJzdL51ZUlw6TtWbTESkwIRiViBbnaX_DpiLNDDVc2rnDBPT7YuNQE289tqpf6g6V3V_sI2wx7Umw1VwFjqs_9DPwvm1ObDtWwgkKls8PuWhoVEZc1Zh/s400/greve-mulheres.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif";">Por Angela Davis, Cinzia Arruzza, Keeanga-Yamahtta
Taylor, Linda Martín Alcoff, Nancy Fraser, Tithi Bhattacharya e Rasmea Yousef
Odeh. <o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">As
grandes marchas de mulheres de 21 de janeiro [nos Estados Unidos] podem marcar
o início de uma nova onda de luta feminista militante. Mas qual será exatamente
seu foco? Em nossa opinião, não basta se opor a Trump e suas políticas
agressivamente misóginas, homofóbicas, transfóbicas e racistas. Também
precisamos alvejar o ataque neoliberal em curso sobre os direitos sociais e
trabalhistas. Enquanto a misoginia flagrante de Trump foi o gatilho imediato
para a resposta maciça em 21 de janeiro, o ataque às mulheres (e todos os
trabalhadores) há muito antecede a sua administração. As condições de vida das
mulheres, especialmente as das mulheres de cor e as trabalhadoras,
desempregadas e migrantes, têm-se deteriorado de forma constante nos últimos 30
anos, graças à financeirização e à globalização empresarial. O feminismo do
“faça acontecer”* e outras variantes do feminismo empresarial falharam para a
esmagadora maioria de nós, que não têm acesso à autopromoção e ao avanço
individual e cujas condições de vida só podem ser melhoradas através de
políticas que defendam a reprodução social, a justiça reprodutiva segura e
garanta direitos trabalhistas. Como vemos, a nova onda de mobilização das
mulheres deve abordar todas essas preocupações de forma frontal. Deve ser um
feminismo para 99% das pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">O
tipo de feminismo que buscamos já está emergindo internacionalmente, em lutas
em todo o mundo: desde a greve das mulheres na Polônia contra a proibição do
aborto até as greves e marchas de mulheres na América Latina contra a violência
masculina; da grande manifestação das mulheres de novembro passado na Itália
aos protestos e greve das mulheres em defesa dos direitos reprodutivos na
Coréia do Sul e na Irlanda. O que é impressionante nessas mobilizações é que
várias delas combinaram lutas contra a violência masculina com oposição à
informalização do trabalho e à desigualdade salarial, ao mesmo tempo em que se
opõem as políticas de homofobia, transfobia e xenofobia. Juntas, eles anunciam
um novo movimento feminista internacional com uma agenda expandida – ao mesmo
tempo anti-racista, anti-imperialista, anti-heterossexista e anti-neoliberal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Queremos
contribuir para o desenvolvimento deste novo movimento feminista mais
expansivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Como
primeiro passo, propomos ajudar a construir uma greve internacional contra a
violência masculina e na defesa dos direitos reprodutivos no dia 8 de março.
Nisto, nós nos juntamos com grupos feministas de cerca de trinta países que têm
convocado tal greve. A ideia é mobilizar mulheres, incluindo mulheres trans, e
todos os que as apoiam num dia internacional de luta – um dia de greves,
marchas e bloqueios de estradas, pontes e praças; abstenção do trabalho
doméstico, de cuidados e sexual; boicote e denuncia de políticos e empresas
misóginas, greves em instituições educacionais. Essas ações visam visibilizar
as necessidades e aspirações que o feminismo do “faça acontecer” ignorou: as
mulheres no mercado de trabalho formal, as que trabalham na esfera da reprodução
social e dos cuidados e as desempregadas e precárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Ao
abraçar um feminismo para os 99%, inspiramo-nos na coalizão argentina Ni Una
Menos. A violência contra as mulheres, como elas a definem, tem muitas facetas:
é a violência doméstica, mas também a violência do mercado, da dívida, das
relações de propriedade capitalistas e do Estado; a violência das políticas
discriminatórias contra as mulheres lésbicas, trans e queer, a violência da
criminalização estatal dos movimentos migratórios, a violência do
encarceramento em massa e a violência institucional contra os corpos das
mulheres através da proibição do aborto e da falta de acesso a cuidados de
saúde e aborto gratuitos. Sua perspectiva informa a nossa determinação de
opormo-nos aos ataques institucionais, políticos, culturais e econômicos contra
mulheres muçulmanas e migrantes, contra as mulheres de cor e as mulheres
trabalhadoras e desempregadas, contra mulheres lésbicas, gênero não-binário e
trans-mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">As
marchas de mulheres de 21 de janeiro mostraram que nos Estados Unidos também um
novo movimento feminista pode estar em construção. É importante não perder
impulso. Juntemo-nos em 8 de março para fazer greves, atos, marchas e
protestos. Usemos a ocasião deste dia internacional de ação para acertar as
contas com o feminismo do “faça acontecer” e construir em seu lugar um
feminismo para os 99%, um feminismo de base, anticapitalista; um feminismo
solidário com as trabalhadoras, suas famílias e aliados em todo o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Nota:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">*
“Faça acontecer” [Lean-in] é uma referência ao movimento inspirado no livro de
Sheryl Sandberg, Lean in: Women, work, and the will to lead (New York: Random
House, 2013. Versão em português Faça acontecer: mulheres, trabalho e a vontade
de liderar. São Paulo: Companhia das Letras, 2013). A principal característica
do movimento é a ênfase no empreendedorismo feminino (N. Da T.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cf.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="https://blogdaboitempo.com.br/2017/02/07/por-uma-greve-internacional-militante-no-8-de-marco/">https://blogdaboitempo.com.br/2017/02/07/por-uma-greve-internacional-militante-no-8-de-marco/</a></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-87485537957376507932017-01-06T02:17:00.002-08:002017-01-06T06:34:32.287-08:00A TRAGÉDIA ANUNCIADA DURANTE UMA DÉCADA<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1xQOt_z4nvP0DTflwOnMAQDWnOW_aVTKym4Hg_J4-nSrenCiDd9BaRv7vmqrBe042Lxu_ZkNOtfkb-8uOnMHQfL2BSyEevi1udTpUJftGELipGBan7fPuwptCLOnXDQTHhjkEJC8W11LL/s1600/angel-1548085_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1xQOt_z4nvP0DTflwOnMAQDWnOW_aVTKym4Hg_J4-nSrenCiDd9BaRv7vmqrBe042Lxu_ZkNOtfkb-8uOnMHQfL2BSyEevi1udTpUJftGELipGBan7fPuwptCLOnXDQTHhjkEJC8W11LL/s400/angel-1548085_640.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
(imagem extraída de http://ondda.com/noticias/2016/08/rio-grande-do-norte-sofre-com-onda-de-feminicidio</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Nota
coletiva de posição sobre a ‘Chacina de Campinas’, 04.01.2017. Organizações
feministas de todo o país e organizações aliadas somam-se na dor e no repúdio
ao assassinato coletivo de mulheres, seguido de suicídio, ocorrido na madrugada
do 1 de janeiro, em Campinas-SP. Nesta nota lançam novo alerta feminista ao sistema
de justiça, de educação, de assistência social e à mídia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
tragédia anunciada durante uma década<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Era
fim de ano, tempo de comemorar a chegada de um novo janeiro e o alento para os
horizontes que estavam por vir. O Brasil, porém, amanhecia impactado com a
forte repercussão de um crime violento cometido por um homem inconformado com o
fim de uma relação. Entre os argumentos para assassinar, o agressor usou, em
sua defesa, a vida da mulher e o desejo dela por liberdade. Era 1976,
exatamente 30 de dezembro; e a vítima, Ângela Diniz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Quarenta
anos depois, em 1 de janeiro de 2017, tivemos nossa esperança no novo ano
abatida por um feminicídio, que levou a violência a outro patamar. Ao
assassinar nove mulheres de um mesmo círculo de relações em Campinas (SP),
Sidnei Ramis de Araújo indicou que, para lavar sua honra, não bastava apenas
matar a ex-companheira, o alvo de seu ódio. Foi necessário acabar com a vida de
parentes e amigas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Além
da quantidade de vítimas fatais no crime, a carta deixada pelo agressor
confirma a potência letal do ódio a mulheres. Se nos 40 anos que separam os
crimes de Doca Street e Sidnei Ramis de Araújo, nós mulheres brasileiras
avançamos em direitos, a estrutura de dominação patriarcal – responsável por
matar 13 mulheres diariamente no país – conseguiu criar barreiras para que
ainda não tenhamos conquistado uma vida plena de direitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Uma
consulta a arquivos sobre feminicídios indicou esse como primeiro caso em que o
assassino constrói uma narrativa em relação à lei que protege mulheres e
crianças das agressões domésticas. “Filho, não sou machista e não tenho raiva
das mulheres (essas de boa índole, eu amo de coração, tanto é que me apaixonei
por uma mulher maravilhosa, a Kátia) tenho raiva das vadias que se proliferam e
muito a cada dia se beneficiando da lei vadia da penha!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Além
das investigações e a responsabilização de eventuais envolvidos no crime (por
ação ou negligência), é necessário refletir sobre como os poderes públicos têm
colocado em xeque a Lei Maria da Penha. Apesar de ser uma das nossas maiores
conquistas, junto com a a aprovação da lei do Feminicídio, a punição dos
agressores e a prevenção concreta dos crimes ainda demandam mobilização social.
Uma avaliação do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) apontou que
a Lei conseguiu reduzir em 10% os homicídios de mulheres por violência
doméstica, mas que ainda há diferentes graus de institucionalização dos
serviços protetivos às vítimas pelo país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Isamara
Filier, ao longo de 10 anos, período que coincide com a aprovação da Lei Maria
da Penha, registrou cinco boletins de ocorrência contra o ex-companheiro por
agressão e ameaça, e também por abuso sexual contra seu filho. Sua morte se
anunciava desde 2005. Onze anos depois, com o Estado falhando na prevenção e na
proteção, o crime se concretiza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">O
desejo de exterminar a maior quantidade possível de mulheres da mesma família –
como ficou claro na carta divulgada pela imprensa – é um alerta. O ódio dos
agressores de mulheres têm sim potencial para construir grandes tragédias. É
com essa realidade que todos os atores sociais – os sistemas de Justiça, de
assistência social, e também os de educação e os meios de comunicação –
precisam lidar com a violência contra as mulheres. Somos o quinto país que mais
assassina mulheres no mundo. Na visão de agressores como Sidnei, esta semana,
ou Doca Street, 40 anos atrás, vadias somos todas nós mulheres que lutamos por
liberdade e autonomia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
morte de Isamara, seu filho, amigas e familiares demostra que as Leis não
findam em si mesmas. A violência contra as mulheres é um problema estrutural da
cultura machista, racista e homo-lesbo-transfóbica, que nega às mulheres o
direito a uma vida livre e plena.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Nós
– mulheres do movimento feminista organizado – não podemos deixar que a
impunidade se perpetue. Comprometemo-nos a cobrar punições de imediato. Em
paralelo aos avanços nas legislações, que precisam ser implementadas
verdadeiramente, seguimos também na luta pela transformação da sociedade
voltada à construção de um país que proteja todas as cidadãs e todos os
cidadãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Articulação
de Mulheres Brasileiras (AMB)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coordenação
Nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Federação
Nacional das Trabalhadoras Domésticas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
de Mulheres Camponesas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Partida
nacional – Construindo a Democracia Feminista<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Rede
Nacional de Pessoas com HIV e Aids<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Rede
de Mulheres Negras do Nordeste<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
Nacional de Mulheres do PSOL<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">AMB
Rio, Rio de Janeiro (RJ)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">AMB
São Paulo (SP)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Articulação
Aids Pernambuco, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Articulação
de Mulheres do Amapá (AP)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Articulação
de Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA, MA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Associação
Catarinas, Florianópolis (SC)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Associação
de Mulheres Buscando Libertação, Cariacica (ES)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Associação
de Mulheres da Serra (ES)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">AMB-Mato
Grosso do Sul (MS)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coordenação
e Articulação dos Povos Indígenas do Maranhão (MA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Comitê
Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher
(CLADEM/Brasil)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Diretoria
de Políticas para Mulheres da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco
(PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres do Sertão do Araripe (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres de Jaboatão (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
Cearense de Mulheres (CE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres da Amazônia Paraense (PA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres Maranhense (MA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres de Imperatriz (MA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres do Amapá (AP)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres do Distrito Federal (DF)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres do Espírito Santo (ES)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres de Pernambuco (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
Permanente das Mulheres de Manuas (AM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Fórum
de Mulheres do Rio Grande do Norte (RN)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
e Articulação de Mulheres do Estado do Pará (PA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
Ibiapabano de Mulheres (CE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
de Mulheres Solidária do Amazonas (AM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
de Promotoras Legais Populares de Mauá (SP)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Movimento
de Mulheres da Floresta – Dandara (AM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Rede
de Mulheres Negras de Pernambuco (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Rede
de Mulheres de Terreiro (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Casa
da Mulher do Nordeste, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Casa
Chiquinha Gonzaga, Fortaleza – CE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Centro
de Direitos Humanos Pe. Josino, Imperatriz (MA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Centro
Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Brasília (DF)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coco
de Mulheres, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Cidadãs
Positivas de Pernambuco (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
Marcha das Vadias Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
de Mulheres do Calafate, Salvador (BA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
de Mulheres de Jaboatão (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
Maria Vai com as Outras, ES<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
Mulher Vida, Olinda (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
Alumiá, Mauá (SP)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Cunhã
Coletivo Feminista, João Pessoa (PB)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
de Mulheres Casa Lilás, Reife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Coletivo
de Mulheres Passirenses, Passira-PE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
Cidadania Feminina, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Espaço
Feminista URI HI (AM)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">FASE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
Curumim, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
de Mulheres Jurema, Ouricuri (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
Cultural Femini Nação (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
Mulher Maravilha, Recife e Afogados da Ingazeira (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
Alternativo de Geração de Renda da Economia Solidária, Belém (PA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">GEPEM/UFPA
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">GTP+,
Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">IMAIS,
Salvador (BA)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Instituto
Papai, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Instituto
Inegra (CE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Mirin
Brasil, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">NEPEM-UFMG,
Belo Horizonte (MG)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Núcleo
de Mulheres de Roraima, Boa Vista (RR)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">N30
Pesquisas, RJ<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Redeh,
Rio de Janeiro (RJ)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Sindicato
das Trabalhadoras Domésticas de Pernambuco, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Sítio
Agatha – Espaço de Agroecologia Militante Feminista Étnico-Racial<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">SOS
Corpo - Instituto Feminista para Democracia, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Secretaria
Estadual de Mulheres do PT (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Secretaria
de Mulheres da CUT (CE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Uialá
Mukaji Sociedade de Mulheres Negras, Recife (PE)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Zalika
– Maternidade, Parto e Infância, ES<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Grupo
de Pesquisa/Uepa: Movimentos Sociais, Educacao e Cidadania na Amazonia -
GMSECA, PA<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Instituto
Paulo Fonteles de Direitos Humanos , PA <o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-36129014672853408732016-12-22T05:32:00.000-08:002016-12-22T07:13:31.240-08:00AS DATAS, NO CALENDÁRIO DA VIDA <div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVE1yVYq5qlk2lBu8f6xynkS7ere9IxsfFEB3wF1VTdSOaLzWWEyW2Xa5_oV0LHkW3NVPnNL50vhKUlnRswJzrWscQIg1RwCQvu4dCZcz1Pf9a-Lnz96TZzFeGW8sN_dV3EjmhjLyTLA6_/s1600/CSociais+este.jpg" imageanchor="1" style="font-size: 13pt; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVE1yVYq5qlk2lBu8f6xynkS7ere9IxsfFEB3wF1VTdSOaLzWWEyW2Xa5_oV0LHkW3NVPnNL50vhKUlnRswJzrWscQIg1RwCQvu4dCZcz1Pf9a-Lnz96TZzFeGW8sN_dV3EjmhjLyTLA6_/s400/CSociais+este.jpg" width="400" /></a><span style="font-size: x-small;">(</span><a href="https://projetoaletheia.wordpress.com/livros/textos-vestibular-2a-fase-ciencias-sociais/" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-small;">https://projetoaletheia.wordpress.com/livros/textos-vestibular-2a-fase-ciencias-sociais</span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">/</span></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Há
39 anos, o dia 22 de dezembro marcou uma celebração na minha vida. Nesse dia,
acompanhada do pai, dos irmãos e do marido, fui receber meu diploma de concluinte
do Curso de Ciências Sociais (Licenciatura)/UFPA, no Ginásio de Esportes, ato
institucional realizado em conjunto com os/as alunos/as concluintes dos vários
cursos universitários. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Não
tive fotos para o registro. Lembro do vestido longo que tomei emprestado de uma
sobrinha. Era da cor da pele, de gaze, comprido, rebordado no corpinho. Senti
que eu realizaria um sonho de conquistar um título universitário que não estava
no script de muitas mulheres da minha geração cujo destino era casar-se e ter
filhos. E meu pai, naquela humildade tão assustadora para os dias de hoje
declinou de ser meu paraninfo dando a sua vez ao meu marido. Como todo o
interiorano de fala fácil ele argumentou: “o Pedro esteve estes anos ao seu
lado de estudante”. Eu aceitei, e o marido, em relutância, mas fomos à
celebração, às 16 h desse dia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Rostos,
naquele mundo de colandos, não vi, salvo de alguns da minha turma. O orador
Alex Fiuza de Melo, escolhido para o ato, foi sorteado em meio aos demais
apresentados pelos outros cursos elegendo-se a Rose Salame. Ainda hoje guardo o
folheto com o nome de todos os universitários em suas turmas, paraninfos e
oradores, do ano de 1977. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Registros.
Saudade. Avaliação. Reavaliação da vida acadêmica que passei a exercer. A
Ciência Política, tendo como decano da matéria Amílcar Alves Tupiassu, foi
minha paixão, como até hoje. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Um
mundo novo surgiu então. Ministração de aulas no ensino da graduação. Tempo de
estudos com os colegas para a preparação dessas aulas sob a orientação do Amílcar
(que revisava conosco os temas os quais deveríamos tratar). Toda a quinta feira
a noite, após nossas aulas no campus, nos reuníamos em casa para repassar o que
sabíamos ou não, do programa das disciplinas, e o modo de transmitirmos, o que
usar, como usar. Eram seminários internos para preparação das aulas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
Antropologia nos faz criar os enredos etnográficos sobre o processo entre os
viveres e saberes. E desse procedimento aprendi a importância de entender como
conciliar um casamento, as crianças crescendo, outras nascendo, indo por ai o
calendário existencial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Sobrevivi.
Aprendi na UFPA os inúmeros formatos e conhecimento de áreas temáticas, de
relacionamentos, de regras a considerar. E se o percurso foi exitoso em nível
pessoal caminhou com as mudanças para a inclusão relacional diversa. Desenvolvi
estudos sobre as teorias feministas pesquisando e examinando, inicialmente, a
situação das mulheres. E aqui quero registrar a linha do feminismo que assumi e
que favorece a inclusão de todos e todas, o qual chamei de feminismo para a
humanidade. Não somente para as mulheres, mas para estas e os demais gêneros e
etnias, procurando identificar de onde emergem as ideias que se impregnam como cultura
de hierarquia sexista que estão arraigadas nos corações (há pessoas com ódio
impregnado) e nas mentes (atitudes nefastas e, às vezes, camufladas perpetrando
embates que as vezes levam à morte). Quero dizer, esse feminismo para a
humanidade converge para conquistar outras pessoas com reconhecimento dos
direitos das mulheres, das raças, dos gêneros – dos direitos humanos. Assim,
nesse calendário que estou revisando hoje reafirmo o meu respeito por aqueles e
aquelas que em suas análises críticas respeitam os seres humanos favorecendo
assim, a melhoria da qualidade de vida de todos e todas. Que não se calam
diante das arbitrariedades cometidas pelos fundamentalismos homofóbicos e racistas.
Que criam espaços para subverter as culturas e práticas de violência contra as
mulheres, negros e os gêneros – espécies humanas que hoje são torturadas e
mortas em nome de uma sociedade que pode ser chamada de patriarcal racista contemporânea.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">HOJE.
UMA DATA. UMA VIDA. UM PERCURSO. UM CALENDÁRIO DE EMOÇÕES E AFETOS. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">UM
ABRAÇO AS/AOS MEUS COLEGAS DE TURMA! UM ABRAÇO AOS NOSSOS PROFESSORES! <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-59910579562706271362016-12-10T04:36:00.001-08:002016-12-10T04:37:01.562-08:00OS DIREITOS HUMANOS, A CARTA DE 1948 E A LUTA DAS MULHERES<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeLg_dhTmshxOQmUTh-WP8BqEL2q1VVuCvrNrV5cUonF8Pra7wBpkp8coxK6x9VgT6fZHM099gaGDYXeCJM4JWZMEu9mcUBJbF30r0JGfKvLe2xocEYJitjCsUOOkC9QhILq-DG8NxrDck/s1600/direitos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeLg_dhTmshxOQmUTh-WP8BqEL2q1VVuCvrNrV5cUonF8Pra7wBpkp8coxK6x9VgT6fZHM099gaGDYXeCJM4JWZMEu9mcUBJbF30r0JGfKvLe2xocEYJitjCsUOOkC9QhILq-DG8NxrDck/s400/direitos.png" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Comemora-se
hoje o Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos. Os altos níveis de
violência mundiais perpetrados contra a pessoa revelam a baixa conscientização
sobre o que representou a assinatura dessa Carta pelas Nações Unidas e que tem
pautado suas campanhas na luta contra a discriminação e os processos de
violência contra os humanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Os
trinta artigos do documento descrevem os direitos básicos garantidores de uma vida
digna para todos os indivíduos (liberdade, educação, saúde, cultura,
informação, alimentação e moradia adequadas, respeito, não-discriminação, entre
outros).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Secularmente,
há uma longa história de debates entre filósofos e juristas acerca da concepção
dos direitos humanos, considerando o início dessas discussões a área da
religião, com o cristianismo medieval defendendo a igualdade de todos os
homens, admitindo a teoria do direito natural. Mas, se reconhecem a
centralidade dos indivíduos numa ordem social e jurídica justa, sobrepõem a
prevalência da lei divina sobre o direito laico e, a partir dai, há uma outra
vertente de discussões que não cabe avaliar neste momento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Com
a teoria dos direitos naturais ou jus naturalismo (século XVII) que fundamenta
o contratualismo de onde desponta a doutrina liberal, o direito à vida, à
liberdade, à propriedade, à segurança e à resistência contra a opressão serão
considerados os direitos naturais do indivíduo. E constam do Art. 1 da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada em 26 de agosto de
1789, na Revolução Francesa. A Declaração de Independência da Revolução Norte
Americana, de 4 de julho de 1776, portanto, anterior à francesa, compõe com
esta as primeiras manifestações concretas de declarações de direitos, na era
moderna. São fatos históricos que determinam que os direitos humanos se
associem, primeiramente, aos direitos individuais e as liberdades públicas,
contribuindo para os limites à competência do poder público. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Os
Direitos Humanos vão adquirir estatuto próprio durante o Século XX, a partir de
1945, com a declaração firmada na Carta de fundação das Nações Unidas (24 de
outubro de 1945), quando as experiências de guerras mundiais demonstram a
necessidade da consolidação desses direitos através da criação de um sistema
internacional de proteção, para estabelecer e manter a paz no mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
Declaração Universal dos Direitos do Homem concretizada na Carta das Nações
Unidas, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral da
ONU em 10 de dezembro de 1948, procura “reafirmar a fé nos direitos
fundamentais dos homens, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade
de direitos de homens e mulheres e das nações grandes e pequenas”(cf. Chiarotti
& Matus, p. 8). No postulado básico que declara os direitos iguais pela
condição de pessoa, remete a uma nova perspectiva de igualdade entre os seres
humanos visto que considera sua diversidade e diferenças. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
formulação dessa declaração como direitos humanos (não como “Direitos do
Homem”) vem da presença de Eleanor Roosevelt na Comissão de Direitos Humanos da
ONU, ao discutir a redação da Carta. Ela propõe que a palavra homem seja
substituía pelo termo humano ou pessoa, iniciando-se um processo que vem sendo
defendido historicamente pelas mulheres e feministas, de rupturas ao sujeito
genérico e universal, passando assim a ser incorporada à Declaração Universal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Os
direitos civis e políticos constantes da Carta centram-se “na proteção à
liberdade, à segurança e à integridade física e moral da pessoa, além da
garantia ao seu direito de participação na vida pública” (p.9). São chamados de
Direitos Humanos de Primeira Geração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Na
segunda metade do Século XX, a concepção e os conteúdos dos direitos humanos
sofrem mudanças importantes com “a noção de direitos econômicos, sociais e
culturais, referidos à existência de condições de vida e de acesso aos bens
materiais e culturais, de acordo com a dignidade inerente a cada ser humano”
(idem). Este novo conjunto de direitos nomeia-se Direitos Humanos de Segunda
Geração. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Os
de Terceira Geração emergem na Carta como produto das lutas dos diversos
movimentos sociais das últimas décadas, constando os “direitos a respeito das
ofensas à dignidade humana, tão graves como a tortura e a discriminação racial.
Outros direitos estão orientados a proteger certas categorias de pessoas:
mulheres, crianças, refugiados, negros entre outros. Também existem os chamados
“direitos coletivos”, entre os quais podemos citar o direito ao
desenvolvimento, o direito ao meio ambiente e o direito à paz”(p. 10). Entre os
três há diferenças visto que este último tem como titulares grupos de pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Os
Direitos Humanos têm contribuído na concepção de sujeito, recuperando as
dimensões “do corpo, a sexualidade, a linguagem, a subjetividade, negadas tanto
na concepção vigente de sujeito como também nas práticas cotidianas”(p. 11). A
valorização dessa nova dimensão proporciona a construção de um novo imaginário
permitindo repensar novas perspectivas das formas de vida social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">As
mulheres contribuíram ao conceito de direitos humanos a partir de duas
dimensões imbricadas: a contribuição teórico-acadêmica do feminismo
revalorizando a diferença sexual e a formulação da perspectiva de gênero; e as
contribuições teórico-práticas das experiências diferenciadas dos movimentos de
mulheres em nível mundial e latino-americano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">As
novas formulações dos movimentos feministas fazendo emergir a organização e a
visibilidade das mulheres passa a questionar os paradigmas da modernidade. A
ordem das relações hierárquicas e dos valores são questionados deixando à
mostra o processo de subordinação que submete a mulher. “Ao revelar a
construção histórica da diferença sexual instituída pelas sociedades, denuncia
a edificação de uma ordem natural que perpetua um sistema de relações
fundamentado na hegemonia de um sexo sobre outro”( p. 12). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Há
um tempo de denúncias a essa subordinação histórica que emerge a partir do
conceito de patriarcado, e outro tempo de identificação das identidades
construídas culturalmente das diferenças de sexo. De ferramenta explicativa, o
patriarcado torna-se uma categoria política. Quando as investigações sobre a
condição da mulher alcança uma dimensão expressiva nasce o conceito de gênero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">O
resultado das ações concretas das mulheres vai demonstrar que este gênero
sempre esteve excluído de seus direitos sociais e políticos. Da linguagem que
estabelece a hierarquia genérica – homens - à questão do acesso à saúde, aos
direitos reprodutivos, à sexualidade prazerosa, as mulheres passam a perceber
que estão enquadradas num nível de cidadania de segunda categoria. É-lhes
negado o direito ao corpo, o direito à escola, o direito à terra, o direito de
decidir sobre uma gravidez indesejada, o direito previdenciário (enquanto
representante de certas categorias de trabalhadoras, como as pescadoras), o
direito ao trabalho, o respeito à sua inteligência, o espaço em que circula. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Ao
investigar as práticas de violência doméstica e sexual percebe-se que toda a
noção de sujeito centra-se num processo de discriminação sobre seu gênero.
Contudo, suas formas de resistência ao processo opressor, a visibilização da
exclusão aos direitos sociais e aos meios que a discriminam, tendem a
reformular a noção de sujeito apontando para a diversidade desses sujeitos dos
Direitos Humanos. “É desta maneira que as mulheres contribuem de modo
fundamental na reformulação da noção de sujeito universal e abstrato, ao
questionar o etno e o androcentrismo que situa ao homem ocidental como
parâmetro do universal. Isto permite o reconhecimento de uma “humanidade” com
diversos rostos.”(p 17)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Por
isso, o que dizer da impunidade aos bárbaros crimes cometidos contra as
milhares de mulheres conforme denunciam as pesquisas e os dossiês sobre
violência de gênero, apesar da pressão internacional, que neste “des-governo”
brasileiro vai perdendo as garantias de tantos direitos aos quais temos lutado
para nos incluirmos nas linhas da Carta Declaratória dos Direitos Humanos? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
luta pelos direitos humanos das mulheres & demais grupos sociais não tem
tempo de descanso. Façamos dessa luta a grande bandeira de nossas resistências. <o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-33517474832241495212016-11-25T05:01:00.002-08:002016-11-25T05:01:58.705-08:00#ocupagepem# NOS 16 DIAS DE ATIVISMO: NÃO VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXlAx8HNetUChmJEO2cBJZbgU7L1xOgouwslpvM-xlOHD_BiNkBNzrEHSFnMdCpeUdcuPmTC-Bbyr_dMndwlTZhyiQaio9n1CbdGyiUAksP50P-KTATVOwopjnsmwd90Ng3mkE-kUewrbx/s1600/violencia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXlAx8HNetUChmJEO2cBJZbgU7L1xOgouwslpvM-xlOHD_BiNkBNzrEHSFnMdCpeUdcuPmTC-Bbyr_dMndwlTZhyiQaio9n1CbdGyiUAksP50P-KTATVOwopjnsmwd90Ng3mkE-kUewrbx/s320/violencia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">O
dia 25 de novembro foi denominado o Dia Internacional da Não Violência contra a
Mulher homenageando três irmãs, ativistas políticas: Pátria, Minerva e Maria
Teresa Mirabal, brutalmente assassinadas pela ditadura de Leonidas Trujillo, na
República Dominicana. O fato que culminou nesse episódio trágico originou-se de
um agravo sofrido por Minerva, assediada por Trujillo durante o “Baile do
Descobrimento”, em 12 de outubro de 1949, para o qual fora convidada toda a
família. Impulsiva, a jovem repele injuriada o ditador e, então, toda a familia
foge do baile antes do final, atitude vista pelos órgãos oficiais como afronta
dos Mirabal ao governo. A partir desse incidente as três mulheres e seus
familiares passam a sofrer forte repressão. Perdem a casa e os recursos
financeiros, contudo, num olhar pelo país percebem o abalo no sistema econômico
em geral, com o governo de Trujillo levando ao caos financeiro. Elas formam,
então, um grupo de oposição ao regime tornando-se conhecidas como Las
Mariposas. Por diversas vezes foram presas e torturadas, mas não deixaram de
lutar contra a ditadura. Decidido a eliminar essa oposição, Trujillo manda seus
homens armarem uma emboscada às três mulheres, interceptando-as no caminho da
prisão onde iam em visita aos maridos. Conduzidas a uma plantação de cana de
açucar foram apunhaladas e estranguladas em 25 de novembro de 1960. Esse fato
causou grande impacto entre os dominicanos que passaram a apoiar as idéias das
jovens, reagindo às arbitrariedades do governo e, em maio de 1961, o ditador
foi assassinado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Em
1981, durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho,
realizado em Bogotá, Colômbia, o episódio foi relembrado sendo a data proposta
pelas participantes do encontro para se tornar o Dia Latino-Americano e Caribenho
de luta contra a violência à mulher. A Assembléia Geral das Nações Unidas (em
17 de dezembro de 1999) também declarou o 25 de novembro o Dia Internacional da
Eliminação da Violência contra a Mulher, em homenagem ao sacrificio de Las
Mariposas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
tragédia que se abateu sobre as irmãs Mirabal há mais de cinquenta anos se por
um lado configura-se um ato de violência política, também pode ser visto como
violência institucional (embora esta inclua outros aspectos infringidos às
mulheres), haja vista que foi cometido por forças de um governo constituido. E
a partir dele fez eclodir entre os movimentos sociais mundiais o combate às
demais formas de violência que se abatiam contra esse gênero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
violência é um termo polissêmico e o seu uso aponta para as formas
diferenciadas de constrangimentos morais, coativos ou através da força física
explícita, aplicada por uma pessoa contra outra, num ambiente que pode ser
tanto público - no contexto social e político – como privado, no espaço
familiar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Esta
percepção levou ao reconhecimento de que certos comportamentos nas relações
sociais, embora fossem vistos como “naturais” tramavam contra a dignidade
humana. A denúncia dos movimentos de mulheres ao tratamento que muitas mulheres
recebiam nos locais de convivência, impedidas de participar de determinada
atividade, e/ou em casa, quando agredidas pelo marido, pelos filhos ou pais por
não fazerem as tarefas domésticas e/ ou por ciúmes, essas atitudes passaram a
ser denunciadas como atos de violência recebendo o tratamento devido de
entidades governamentais e ONGs ao considerarem essas condutas destrutivas da
condição humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Conferências,
convenções, acordos, cartas constitucionais e demais documentos internacionais
foram abrigando discussões e fundamentos legais para a erradicação das formas
de violência que acometiam as mulheres. A Conferencia Mundial de Direitos
Humanos de Viena (1993) criou o slogam considerando que "os direitos da
mulher também são direitos humanos". E em 9 de junho de 1994 foi assinada
pela ONU a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência Contra a Mulher, mais conhecida como Convenção de Belém do Pará
porque a Assembleia Geral desse órgão foi realizada nesta cidade. O documento
levou em consideração “o amplo processo de consulta realizado pela Comissão
Interamericana de Mulheres desde 1990 para o estudo e a elaboração de um
projeto de convenção sobre a mulher e a violência”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Os
dados sobre a violência doméstica no Brasil são muito sérios. E já são bem
visíveis entre a população. As evidências de que os/as brasileiros/as já
reconhecem diferentes formas de agressão como sendo violência doméstica são
apontadas na pesquisa do Instituto Avon-IPSOS – “Percepções Sobre A Violência
Doméstica Contra A Mulher No Brasil” – realizada de 31/01 a 10/02 de 2011, em
70 municípios das 5 regiões brasileiras, entre homens e mulheres com 16 anos ou
mais. Segundo o relatório: “entre os diversos tipos de violência doméstica
sofridos pela mulher, 80% dos entrevistados citaram violência física, como:
empurrões, tapas, socos e, em menor caso (3%), até a morte. Ou seja, a
violência física é a face mais visível do problema, mas muitas outras formas
foram apontadas. 62% reconhecem agressões verbais, xingamentos, humilhação,
ameaças e outras formas de violência psicológica como violência doméstica,
assim como a sexual e a moral”. Para a maioria, esses atos são vistos como uma
questão cultural (50%), e consideram que o homem ainda se acha “dono” da mulher
(41%) (www.institutoavon.org.br).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Presentemente
os registros dos primeiros meses de 2015 apontam 63.090 denúncias de violência
contra a mulher - correspondendo a uma denúncia a cada 7 minutos no país, dados
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
(SPM-PR), com base ne balanço dos relatos recebidos pelo Ligue 180. Quase
metade destes registros, (31.432 ou 49,82%) corresponde a denúncias de
violência física e 58,55% foram relatos de violência contra mulheres negras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Outras
formas de violência foram detectadas pelo Ligue 180 com 19.182 denúncias de
violência psicológica (30,40%), 4.627 de violência moral (7,33%), 3.064 de
violência sexual (4,86%) e 3.071 de cárcere privado (1,76%). Os atendimentos
registrados mostram ainda que 77,83% das vítimas têm filhos e que mais de 80%
destes filhos presenciaram ou também sofreram a violência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">A
violência é um termo polissêmico e o seu uso aponta para as formas
diferenciadas de constrangimentos morais, coativos ou através da força física
explícita, aplicada por uma pessoa contra outra, num ambiente que pode ser
tanto público - no contexto social e político – como privado, no espaço
familiar. Alguns autores consideram o ato violento não apenas em situações
episódicas agudas como a violência física, mas incluem também aquelas formas
evidentes de distribuição desigual de recursos em todos os seus matizes. Outro
aspecto explicativo desse ato é o da violência estrutural do Estado e o das
instituições, cujos vetores criam um sistema coordenado de medidas que geram e
reproduzem a desigualdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Esta
percepção levou ao reconhecimento de que certos comportamentos nas relações
sociais, embora fossem vistos como “naturais” tramavam contra a dignidade
humana. A denúncia dos movimentos de mulheres ao tratamento que suas congêneres
recebiam nos locais onde mantinham convivência, ao serem impedidas de
participar de determinada atividade, por exemplo, em casa, quando eram
agredidas pelo marido, pelos filhos ou pais ao deixarem de fazer determinadas tarefas
domésticas, essas atitudes passaram a ser percebidas pela sociedade como atos
de violência e, atualmente, recebem o tratamento devido de entidades
governamentais e não governamentais que consideram essas condutas destrutivas
da condição humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Segundo
a Sociedade Mundial de Vitimologia (Holanda), em pesquisa junto a 138 mil
mulheres de 54 países, o Brasil é o que mais sofre com a violência doméstica,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Neste
texto registro minha posição de lutar pelo fim da violência qualquer forma seja
ela aplicada. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">NÃO
À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL CONTRA AS MULHERES E O CONJUNTO DE PESSOAS LGBT!<o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-26955866640689054642016-11-20T05:15:00.000-08:002016-11-20T05:15:03.278-08:00 CONSCIÊNCIA NEGRA E DIREITOS HUMANOS<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rcCVMdr6sdIH1eVNfLjfilbx3VcDMMG83azTa7W2IHS0mP1wzClRWKUOMg0Lq2S7uznoqQ8ASY9xhJdrZOzn14D2Nv8Jl4tYzOZYKbDAXwFtBbQ1jkAIiOEBXjreDpGOJ7zs1heUz2Fv/s1600/Zumbi.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rcCVMdr6sdIH1eVNfLjfilbx3VcDMMG83azTa7W2IHS0mP1wzClRWKUOMg0Lq2S7uznoqQ8ASY9xhJdrZOzn14D2Nv8Jl4tYzOZYKbDAXwFtBbQ1jkAIiOEBXjreDpGOJ7zs1heUz2Fv/s400/Zumbi.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">O Dia Nacional da Consciência Negra celebrada hoje,
20 de novembro, foi criado pelo Projeto-Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro
de 2003 (Art. 79-B), estabelecendo “as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir, no currículo oficial da Rede de Ensino, a obrigatoriedade da
temática "História e Cultura Afro-Brasileira" (...)”. Nesse dia, no
ano de 1695, morrera Zumbi dos Palmares, o líder e chefe do mais famoso
quilombo da história da escravidão no Brasil. A sua morte, resistindo contra o
opressor branco, marcou a luta pela emancipação de uma etnia imposta como
escrava no Brasil desde os primórdios da colônia portuguesa na América.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A escravatura existiu desde a origem da
civilização. , Tratava-se de povos conquistados, prisioneiros de guerra,
escravizado por dívida, por pirataria ou por mau comportamento cívico, com
evidências ainda àqueles com características físicas e de língua diferente dos
conquistadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Em termos de Brasil, a escravidão iniciou-se na
primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar. Os colonizadores
portugueses capturando os negros nas suas colônias na África utilizava-os no
trabalho nos engenhos de açúcar no Nordeste. Comerciantes de escravos,
mercadoria humana, escolhas entre os sadios, condições desumanas, mortes e
submissão aos grilhões de ferro nos porões fétidos dos navios negreiros e/ ou
quando nas senzalas eram acorrentados para evitar as fugas e submetidos a
torturas físicas são evidências de um passado infausto desse povo cuja vida
marcou a sua presença desde o Brasil Colônia. A história desse período é um dos
mais cruéis momentos da humanidade e deste país. Da compra da liberdade por alguns,
no Século do Ouro (XVIII) e da resistência política de outros, esse povo
conseguiu manter sua cultura, exercitar seus rituais e falar sua própria língua
ao organizar comunidades de quilombos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Isto quer dizer que a abolição da escravatura tão
festejada não foi algo dado para eles. Eles lutaram para chegar até ela.
Historicamente se desenvolveu com a transição da Corte Portuguesa para o país e
do Tratado de Aliança e Amizade de 1810, época em que o príncipe regente se
comprometeu com a Inglaterra a abolir o tráfico negreiro. Esse tráfico só foi
extinto quarenta anos depois, com a aprovação da Lei Eusébio de Queiroz e teve
como reflexo a redução gradual da escravidão. Nessa época, o mundo conhecia as
primeiras teorias cientificas de base racista. Surgiu, por exemplo, o
“darwinismo social” e, no Brasil, começou a “preocupação com o branqueamento da
população”. Essa ideia que se desdobrava entre a radicalização da diferença
étnica, afinal um dos fatores da teoria nazista, e o estimulo à miscigenação
como um meio de “diluir a cor negra”, caminhou com seu flagrante confronto na
aceitação dos filhos de proprietários de terra com suas escravas. Segundo a
professora Mary Del Priore em um artigo denominado “Entre a Casa e a Rua”
(Revista “Aventura na História”/Ed. Abril), o conde Suzanet ,em 1825, afirmava
que “as mulheres brasileiras (...) casavam-se cedo, logo se transformando,
pelos primeiros partos, perdendo os poucos atrativos (...) e os maridos
apressavam-se em substituí-las por escravas”. Mas sabe-se que não era só assim.
Estas escravas eram estupradas, algumas mortas e a convivência com as
“matronas” brancas submetia-as a uma outra forma de opressão e castigo por
parte destas que se vingavam ao se sentirem em segundo plano na base de sedução
do marido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">O livro “A Cabana do Pai Tomás”(escrito em forma de
série, de 1850 a 1852) da escritora, filantropa e antiescravagista Harriet
Beecher-Stowe teve ampla repercussão no processo de abolição da escravatura na
América do Norte. Há versões de que esse livro ajudou na declaração da Guerra
da Secessão rebelando, naquele país, o sul escravocrata. A autora foi vista
como emblema do Partido Republicano que abraçou a causa do abolicionismo e o
livro, por ser impulsionador da liberdade étnica, foi muito lido pelos donos de
escravos, inclusive no Brasil. As mulheres desses comerciantes &
industriais, especialmente na zona rural, tinham “A Cabana...” como leitura
predileta. Isso valeu uma citação no romance “Sinhá Moça” (1950), de Maria
Dezone Pacheco Fernandes, uma visão romântica do abolicionismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas, sabe-se que não foi fácil extinguir o estigma
da escravidão a partir de um juízo de graus de etnia. O movimento abolicionista
surgiu com o Iluminismo no século XVIII. O legado brasileiro da emancipação do
negro contou com a colaboração de nomes famosos nas artes e letras. O poeta
baiano Castro Alves chegou a bradar: “Não pode ser escravo/ quem nasceu no solo
bravo/da brasileira região”. O pernambucano Joaquim Nabuco impulsionado pela
experiência na infância, com escravos, lançou a obra “O Abolicionismo”, em
1883. José do Patrocínio, filho de um padre com uma negra, fez campanha contra
a escravidão ao lado de Ruy Barbosa, Teodoro Sampaio, Aristides Lobo, André
Rebouças e outros. Mesmo assim, com tantos nomes de vulto, inclusive políticos,
dedicados ao abolicionismo, o Brasil foi o país que mais demorou em libertar
oficialmente escravos. Havia forte pressão, especialmente dos proprietários
sediados no campo. D. Pedro II temia um quadro bélico semelhante ao que
aconteceu na América do Norte do governo Lincoln. Mas a Câmara era a favor da
lei que afinal foi assinada pela filha de D. Pedro, a princesa Isabel, na sua
fase de governante provisória em 1888.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Evidenciar o processo escravo e eliminá-lo das
injunções econômicas através de leis e decretos foi um aspecto da luta pela
libertação dos negros. O outro foi e tem sido introduzir a questão como
elemento de conscientização antirracista, haja vista que desde muito, em
especial do século XVII a XIX na Europa e no Brasil houve forte presença das
teorias raciais com base cientifica demonstrativas da essencialidade do
fenótipo africano onde a negrura era uma evidencia da degeneração da raça
humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) patrocinou um conjunto de pesquisas sobre as
relações raciais no Brasil, no início da década de 1950. Esse projeto
associava-se à agenda antirracista dessa instituição internacional que desde o
final dos anos quarenta, estava impactada pela Segunda Guerra Mundial, quando o
nazismo estimulou a grave exacerbação da degenerescência da mestiçagem humana
pelo cientificismo sobre a raça ariana. Como àquela altura o Brasil apresentava
imagem positiva em termos de relações inter-raciais se comparado aos EUA e o
apartheid da África do Sul, este país se tornava um “laboratório” para
"determinar os fatores econômicos, sociais, políticos, culturais e
psicológicos favoráveis ou desfavoráveis à existência de relações harmoniosas
entre raças e grupos étnicos".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas essa questão também era política e existencial
para intelectuais negros organizados no período. Experiências mobilizadoras
traduziram o outro lado da situação vindo dos movimentos negros que se formavam
no país alguns encabeçados por esses personagens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A promulgação da Constituição de 1988 marcando o
período de redemocratização do Brasil apontou para as demandas de discussões e
de avanços nas decisões políticas reivindicadas pelos vários segmentos da
sociedade, os movimentos sociais e o Movimento Negro. Assim, “A lei de preconceito
de raça ou cor (nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989) e leis como a de cotas
raciais, no âmbito da educação superior, e, especificamente, na área da
educação básica, a lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que instituiu a
obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira, são exemplos
de legislações que preveem certa reparação aos danos sofridos pela população
negra na história do Brasil” (http://www.brasilescola.com/ ).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Hoje a luta pelas rupturas do preconceito racial
tem várias vertentes. E ainda há luta pela extinção do preconceito racial. Se
Affonso Arinos lançou a lei que considera crime o racismo, muitos outros
processos se institucionalizaram para a subversão das crime o racismo e muitos
espaços como as universidades abrem vagas para negros e negras, a inserção no
mercado de trabalho e valorização da cultura, a luta pela consciência do povo
negro por sua identidade tem sido uma forma de militância dos grupos
constituídos por agendas de demandas pelos direitos humanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiShEBsx5pldCUkBoYoisKcwKi_UnQmkcVAc0HX-hqYba3V2sJJs3cf_VkJG3Wtvgo3YgfLEI4yWfVyTbWjJGvo2rKBrtiXiry5BgFU5YzYM97BWpOv4JteKtqP50jdIxYsVzP9vfr2sPgR/s1600/Consciencia+negra+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiShEBsx5pldCUkBoYoisKcwKi_UnQmkcVAc0HX-hqYba3V2sJJs3cf_VkJG3Wtvgo3YgfLEI4yWfVyTbWjJGvo2rKBrtiXiry5BgFU5YzYM97BWpOv4JteKtqP50jdIxYsVzP9vfr2sPgR/s320/Consciencia+negra+1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-8373032527271614072016-11-18T04:08:00.001-08:002016-11-18T04:11:06.003-08:00OPINIÃO - O AMANTE PASSAGEIRO SE VAI<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxPx4onzjdCnMbxsrhYkixMYQn-UWjnxF_uMEqN2MCiI0EkLplESdpVACHa4QyklKGO9ssFYAH-twgQ4wn7wPKj6LWkq9b9Wr6mdCaIv5XYWmKcDL9Q4gYlDIL1lpG3Z2aZPkSMTyb-08F/s1600/AMORES++DESFEITOS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxPx4onzjdCnMbxsrhYkixMYQn-UWjnxF_uMEqN2MCiI0EkLplESdpVACHa4QyklKGO9ssFYAH-twgQ4wn7wPKj6LWkq9b9Wr6mdCaIv5XYWmKcDL9Q4gYlDIL1lpG3Z2aZPkSMTyb-08F/s400/AMORES++DESFEITOS.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> </span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.45pt;"> </span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">(Recebi
novo texto para publicação no blog).<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> De: Joana Dulce<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Estou na meia idade. Situação social e econômica estável, frutos de
trabalho de anos a fio... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Trago a “ferida” de um cataclismo. Já quase cicatrizada devo dizer: o
casamento de trinta e seis anos que terminou há três. Mas, no sofrimento que
seguiu, me deixei rever de mim, da espiritualidade rasa à autoestima sempre
baixa... Tive amigos que não me facilitaram a trégua da auto piedade, me
falaram duro pra buscar um lado construtivo “das voltas que a vida dá”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Hoje me acho bonita. Pra mim, uma revolução! Claro que procuro não
esquecer que beleza, saúde, disposição... tudo é graça... não mérito. De todo
modo, nessa descoberta de que tenho um estoque de encantos, a dança tem lugar
de honra. Recomendo a todo mundo! E não é que por essa via da dança, a vida me
ofereceu há alguns dias, um encontro de amor, ardor e sexo em belíssima
expressão? Em outro texto, pretendi registrar o incomensurável dessa chegada.
Se posso representa-la com imagens, foi como cachoeira caindo em riacho, maré
de lua subindo a foz, autoestrada cruzando vicinal. Mas, de preço alto! É
encontro passageiro, não dá pra segurar. E agora, vivo as “veredas do adeus” de
que falam Almir Sater e Renato Teixeira na música “O amor tem muitas
maneiras”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Hoje, portanto, é hora da descontinuidade. Mais um aprender preciso: o
saber viver a intensidade dos momentos, sem prender o que “anda a esmo”, como
diz o poeta Emanuel Matos em “Outras saudades”. Para mim, solteira, vivendo
socialmente o que a classificação da faixa etária implica, desapegar é lição
urgente, curso intensivo sem direito à segunda chamada, ou reprovação. Tenho
amigas bem mais a frente nesse curso! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 137.25pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Nesse aprender, quero registrar memórias do meu amante passageiro, quem
sabe rever em outros tempos. Também me move o desejo de dividir o tesouro que
desfrutei. Mostrar a caixa de joias que só eu tive. Então, antes de esquecer,
preciso escrever esse amor paixão... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Primeiro, foi o seu jeito de olhar. Ele mira recônditos, percorre
sinuosidades do corpo, vê charmes em gestos sobre os quais eu sequer
perguntaria: o que tem aí? Ele é dono, então, do que eu imagino ser uma
habilidade milenar dos bons amantes, que é saber revelar para o amado graças e
surpresas, a ponto de revirar o olhar do outro sobre si mesmo. Porque ele se
permite essa liberdade de ver essas coisas. E, assim, dono de uma segurança no
olhar erótico - no sentido pleno desta palavra - ele também junta conselhos.
Não há na voz indício de elogio fácil, romantismo barato... Ao invés, é
admiração genuína, surpresa quase infantil pois espontânea... Assim, da
sugestão da cor que me cai bem, ao riso por notar um meandro na perna ou o
molejo da cintura... O cheiro, o gosto, traços não escapam à sua mirada... ele
é como um escultor da amada... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Esse amante é uma alma leve. Anota fascínios. Com quantos outros o faz?
Pergunta sem juízo! Não cabe fazer. Com ele, enfim, compreendo tantas músicas
que falaram do perfume que os amantes se deixam. Senti sua presença como uma
forma de arte, maestria do encontro, sensualidade que arrebata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Contudo, como é amor passageiro, encontra seres carentes, que querem
ceder à tentação do apego e da posse. Assim, sua chegada não é para muito
frágeis. É de risco. Requer abertura de espírito e, na medida do possível,
aprendizado rápido. Esta, sem dúvida, a melhor solução. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Eis que agora pareço querer sofrer porque a estrela se foi, já virou a
maré. Uma dor se insinua. Mas, se a sabedoria das belezas me ensinar, se os
versos de muitos amantes me inspirarem, saio dessa viagem maior do que
embarquei... Porque, como aprendi com ele, demos e recebemos um do outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Ressoam de novo em mim palavras de “Quase nada”, de Zeca Baleiro, que
elegi a música de nosso <i>affair</i>: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">De você
sei quase nada, pra onde vai, ou por que veio. Nem mesmo sei qual é a parte da
tua estrada, no meu caminho. Será um atalho, ou um desvio, um rio raso, um
passo em falso, um prato fundo, pra toda fome que há no mundo. Noite alta que
revele, o passeio pela pele...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Com meu jovem amante vivi um atalho, um desvio, um prato fundo e um
passeio pela pele! Nunca um passo em falso, muito menos um rio raso. Nossa
história foi breve. Claro que eu queria mais. Mas isso também não me diz
respeito. Só viver e prosseguir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Gratidão
sempre!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-57335047658652599312016-11-15T05:18:00.000-08:002016-11-15T05:18:25.387-08:00OPINIÃO - SEXO, ARDOR E PAIXÃO NO ALVORECER DA VELHICE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN7bo51rTZ2CQhLThyPjvfAQL1Nc33Kyw3jjgyd39NretJstjfByN8ia4-SC94JqDz85fvH9XJQsR5wlOFaFEBYFKVvMwbPdHP5U8Gx_Uok9EQcoc_kk7gSdwJtadG1RmLp6qozlnBpztk/s1600/sexo-na-terceira-idade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN7bo51rTZ2CQhLThyPjvfAQL1Nc33Kyw3jjgyd39NretJstjfByN8ia4-SC94JqDz85fvH9XJQsR5wlOFaFEBYFKVvMwbPdHP5U8Gx_Uok9EQcoc_kk7gSdwJtadG1RmLp6qozlnBpztk/s400/sexo-na-terceira-idade.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<b><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="font-size: 13pt;">(Recebi este texto para publicação no blog. Achei </span><span style="font-size: 17.3333px;">importantíssimo. LA</span><span style="font-size: 13pt;">) </span></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right; text-indent: 36pt;">
<b style="text-indent: 48px;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: 13pt; line-height: 26px;">AUTORIA : Joana Dulce </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Uma das poucas certezas da vida é
a incerteza da vida. Insidiosamente, de passagens em passagens, de permutas em
permutas, o curso da vida muda. Mais
para uns, menos para outros... mas mudam sempre corpo, interioridade, paisagem,
contexto, meio, os queridos e os anônimos. Manejar o leme, exercer algum
controle na trajetória, é maestria invejável.
Sobretudo, exercer controle sobre os companheiros do caminho,
especialmente os mais caros, moradores no fundo do coração. Mas, missão
inglória. Esforço nulo. Bom que assim seja, somos todos livres, sujeitos em
buscas de ser na viagem comum, migrantes que somos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">E no entanto, é um equilíbrio precário
o que se alcança, o controlar a vida. No fundo, é desejável, necessário. Pois a
incerteza e as mudanças de curso tanto abalam, riscam a alma e as certezas, quanto
abrem rotas novas... Se o controle por acaso vem a ser bem sucedido, a vida ossifica,
passa a hora de sacodir o que nela enrijeceu e se fechou...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Digo isso a propósito de uma
dimensão sobre na qual pesam pressões seculares de controle, costume,
autocensura e censura pública. O sexo e a paixão para uma mulher só, a chegar
oficialmente na <i>velhice</i> e, portanto,
a que não desperta e nem arde de desejo. Já abrandou a memória do encontro
amoroso, do toque... Moral e comportamentos reafirmam o fora do lugar que
representa acender o que devia estar quieto ... Eu mesma vi meu casamento
encerrar em parte por isso...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Eis que descubro que desejo,
ardor e paixão não se apagaram. Mudaram, por certo, da paixão do corpo aos
vinte. Mas, menos em intensidade do que poderia pensar, e mais em qualidade. Se
expressam agora com coragem, abertura, liberdade de entrega, aquecidos pela
gratidão e pela redescoberta – quase uma primeira vez ... Eis que numa curva da
vida, chega um jovem que - loucura das loucuras – me olhou como mulher, me
desejou e, de imediato, despertou a chama. Como um presente da vida, me
convidou ao amor paixão e, pois, a saborear a infinitude do que é passageiro,
usufruir o amor e sua expressão sexual.
Seu olhar e seus gestos não me distinguiram como corpo mais velho, de
imperfeitos... e, assim, esse menino – posso assim chama-lo com afeto - me
permitiu que eu mesma me redescobrisse. Retirou de mim mesma a cortina da
convenção e do hábito, que eu tanto contribuíra a tecer. Deu-me, assim, um
presente de uma beleza que não consigo traduzir em palavras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Nada de prender, nada de futuro,
nada de reter o que é fugidio, onda, vento, chuva que renovaram uma trajetória
e lhe aqueceram quase além da medida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Nada, penso saber agora, nada
permite selar a priori a morte do desejo e da paixão para a mulher que
envelhece, seja por um decreto da cultura, por uma resolução da biologia, ou
pela sanção moral ou, simplesmente, pelo esquecimento e pelo desuso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Escrevo este texto porque quero
confia-lo a tantos homens e tantas mulheres beirando ou passando os sessenta,
os setenta... especialmente aos homens que acham que apenas nas mais novas saciarão
o desejo e que pretendem afirmar algum controle inócuo sobre o tempo. E dedico
também, para as mulheres que se conformaram e que, como eu, foram sublimando
esse lado da vida, essa capacidade de amar e desejar com que fomos agraciados
desde nossa criação... A esses homens que não olham mais para suas companheiras
de casamento com olhar renovado... A essas mulheres que se privam de reacender
o que de fato não morre, apenas abranda, e retorna grande, intenso, mágico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Ontem, dançando com o jovem
amante, eu olhava ao longe mesas com homens mais velhos, da mesma idade que eu,
a beber, e pensava o quanto nenhum deles sequer olharia para mulheres como eu.
Eu vivia o momento mágico que não sei se a sorte ou o destino me reservou. E,
compreendi: todas temos <i>fogo</i> –
desculpe, não encontro palavra menos comum –
temos ardor, temos desejo e capacidades de exprimi-los no encontro com o
outro, no encontro de amor... Olhares desassombrados, sedução, vontade de
surpreender, vontade de conhecer... tudo é possível, me ensinou ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Tive um presente da vida que me
levou a aprender uma velha lição. Relaxei os controles e me permiti me abrir ao
incerto e seus riscos, recebendo em troca muito mais do que esperava conseguir.
Obrigada companheiro de passagem que acostou em meu porto. Seja feliz! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Belém, 02 de novembro de 2016.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-27413139927764192082016-10-16T03:38:00.001-07:002016-10-16T03:38:18.862-07:00 DIA DA PROFESSORA E DO PROFESSOR <br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf0fJQ1SecyEzOTfDqcsEtx6s508YG__BnzZBKl23rmmqIEGZrCRzDZcnB4IyQQcN4MP-f8PGGsPADVAoxWOiW7Q4PS8R3uB-WaduXMMQ93FTywTTvcj8ATyxoTsrsO_tjSyx4kml5eC1R/s1600/Cora+coralina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf0fJQ1SecyEzOTfDqcsEtx6s508YG__BnzZBKl23rmmqIEGZrCRzDZcnB4IyQQcN4MP-f8PGGsPADVAoxWOiW7Q4PS8R3uB-WaduXMMQ93FTywTTvcj8ATyxoTsrsO_tjSyx4kml5eC1R/s400/Cora+coralina.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.45pt;">Se
ontem falávamos romanticamente sobre esses/as mestres e mestras dos primeiros
ensinamentos escolares hoje continuamos a tê-los na lembrança pela forma que
nos trataram e nos ensinaram as primeiras “lições de coisas” conforme um livro
que circulava na minha época de criança com o registro das principais matérias
do dia a dia escolar. Mas não era o de Carlos Drummond de Andrade, do mesmo
título, de 1962 e sim a obra “Primeiras lições de coisas – manual de ensino
elementar para uso dos paes e professores”, do professor norte-americano Norman
Alisson Calkins, publicada pela primeira vez no ano de 1861 (cf. análise do
mesmo em Gladys Mary Teive Auras, 2003, Editora UFPR e/ ou em Roseli B. Klein
(FAFIUV -UNESPAR /PR). Este livreto corria as escolas primárias dos anos 1930 a
1950 no Brasil, e nós, em Abaetetuba, da minha geração, tínhamos a obra como
formadora do método intuitivo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
perspectiva sobre essa categoria profissional tinha um forte emblema
missionário, considerando-a o ponto principal da vida da criança, visto que a
instrução escolar se agregava à educação que os pais exigiam das escolas na
formação de seus filhos e filhas. Tratava-se, sem dúvida, de uma formação
cultural no modelo da tradição conservadora, mas esse aspecto era visto como
“natural” na representação social vigente. E dessa forma fomos aprendendo
alguns diferenciais da biologia entre ser homem e ser mulher & suas nuances
nas várias fases etárias dadas pela versão patriarcal que decidia, através de
suas normas, algumas dos costumes, outras institucionais, o que cada um/a
seguiria em cada tempo ou lugar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Nesta
reflexão de aluna em tempos pretéritos vejo o que avançou nos tempos atuais,
agora como partícipe enquanto professora. Se hoje se diz que os/as alunos/as
não respeitam ao/a professor/a não podemos generalizar essa versão tão
recorrente que aponta para um quadro desalentador em que o refrão “o professor
finge que ensina e o aluno finge que aprende” desmoraliza a educação que temos
no cenário brasileiro. Há uma certa mania de menosprezar o que é nosso
favorecendo o que é de outras nações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
nossa foi aos poucos amadurecendo. Entretanto, hoje, vemos com desilusão o
quanto essas medidas do desgoverno atual quebraram nossos alicerces de
crescimento. Professores, alunos e a vida escolar de um modo geral sofreram um
baque assustador com essa onda que está vislumbrada com a PEC 241. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Dessa
forma, neste dia em homenagem ao professor e à professora, o que podemos
pleitear?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">FORA
TEMER! FORA MEDIDAS DE DESVALORIZAÇÃO DO ENSINO! <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">PROFESSORAS
E PROFESSORES! PRESENTE!<o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-18093435464945893382016-08-09T03:52:00.001-07:002016-08-09T03:52:55.975-07:00UMA VIDA ... COMEÇOS E RE-COMEÇOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaGq6VqOAN4W7jy5B4LqGvFPXITOMd7wTKnCWrCWiRRhznUHrnsLQFkbv2Nyvy2y6y9Trzl8ZTJl6-p1tnBrf4bLTLBUjJRjrVYQLh8VH23oXeZ4e_kLK0JQPxQ8t-6pSb-9r8N9iOIVJh/s1600/Pedro+e+Luzia+barco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="381" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaGq6VqOAN4W7jy5B4LqGvFPXITOMd7wTKnCWrCWiRRhznUHrnsLQFkbv2Nyvy2y6y9Trzl8ZTJl6-p1tnBrf4bLTLBUjJRjrVYQLh8VH23oXeZ4e_kLK0JQPxQ8t-6pSb-9r8N9iOIVJh/s400/Pedro+e+Luzia+barco.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Foto de março de 1961 - Um barco, os caminhos, as travessias ..</span>.</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Nada,
nada, são 80 anos. Como é chegar a essa idade? Vivendo, ora. Mas a sentença
etária define-se pelas fases da vida e a contagem já apresenta um repertório de
caracterizações que as áreas de conhecimento, de um modo geral, criam
adequações utilizando-se desses formatos para extrair as representações de cada
uma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Do
nascimento à velhice as peças de um quebra-cabeça existencial revelam a
estrutura da ambiência vivenciada por uma pessoa considerando-se hoje os
marcadores sociais da diferença com evidência nas situações de gênero, geração,
classe social, raça, orientação sexual. Que em tempos pretéritos
condicionava-se nos aportes da cultura de uma natureza humana em que o mundo
material definia a condição originária sem mostras de que as fases de vida dos
humanos sofria os impactos desses marcadores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Hoje
(09/08) o Pedro Veriano completa 80 anos. Na verdade, a reflexão que faço quer
repercutir no que essa idade exprimia para a nossa geração e para o momento
atual. Daí a referência aos marcadores sociais. Sem estes não é possível contar
hoje a história de alguém. É a História no tempo presente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Nascido
de pais já maduros, conviveu com as brincadeiras infantis de um garoto de
classe social média, estudou em casa com professor particular, só criando maior
socialização na pré-adolescência quando foi matriculado em colégio particular.
Nesse tempo encontrou amigos e conviveu com as brincadeiras próprias ao seu
gênero, mas já se iniciara em gostar de cinema, de literatura, de desenho
gráfico, de música, de leitura, de ficção científica, de criar enredos para
novelas de rádio, de escrever jornalzinho e roteiros para filmes e tirar
fotografias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">É
esse o adolescente, depois o jovem e, mais tarde, o adulto que definiu sua vida
profissional em outros moldes, nos que a família esperava fazê-lo seguir num
estudo superior. E a medicina foi o ramo escolhido, considerando que o irmão
mais velho já se fizera médico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O
Pedro que eu conheci, já estava na juventude. Na mesma geração que a minha, e embora
ele residisse na zona urbana do estado, representava, ao meu ver, aquele jovem
que estava “pronto” pra namorar. E dessa fase em diante conjuga-se outro
marcador, a heteroafetividade que àquela altura era vista como a situação
natural entre os jovens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">E
lá se vão muitos anos. No processo de convivência, se ontem a cultura condicionava
um modelo feminino à maternidade, à educação dos filhos, ao espaço privado do
lar para desenvolver as qualidades naturalizadas ditas “femininas”, e aos
meninos a condição era de se tornar o provedor do lar, conquistando o espaço
público e o trabalho, aos poucos foram se sucedendo mudanças nesse processo e o
aspecto imposto culturalmente e autoritário pela aliança de casamento foi se
desfazendo em parceria. A ideia de sujeitar-se a esses modelos masculino e
feminino estava internalizada, sendo necessário uma grande onda de novas
práticas para contrapor-se aos costumes esperados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Vimos
o tempo passar. Vimos as mudanças sociais se desenvolvendo na trilha do grande
projeto de vida sendo construído, que indicava novas personagens entrando em
cena (filhas, genros, netos/as, bisneto) daí tratar de começos e re-começos. E
se pensávamos em começos, nessas novas historinhas já criávamos processos de
re-começo. E a vida continuou e vai continuar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ontem
perguntei ao Pedro Veriano: como é chegar a essa idade? Ele me disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“Fred
Astaire morreu aos 88 e foram comunicar ao Irving Berlin, o compositor, que
chegou aos 101. Irving estava na casa dos noventa e passeando com seus
cachorros pela rua exclamou: “Mas o Astaire? Tão jovem!”. Assim eu me sinto
chegando aos 80. A cabeça vai bem e isto me parece o mais importante. E quando
todo mundo fala em idade eu penso ainda em Henry Rider Haggard (1886-1925) no
seu livro “Ela” (She, 1887) filmado duas vezes com o nome brasileiro “Ela, A
Feiticeira”. Ele escreve que o maior inimigo do homem é o relógio, que
gradativamente vai registrando seu envelhecimento e, obviamente, o caminho da
morte. Medir o tempo dá nisso. Melhor é festejar o que já se venceu. E melhor
ainda é aquilatar a qualidade do que passou, o que foi bom, útil, criativo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-9304156627840614102016-07-25T05:18:00.003-07:002016-07-25T05:18:36.304-07:00 SEM AMARRAS...<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: 13pt; line-height: 115%; text-indent: 35.45pt;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitOFgN_Ci3oKEg3rNkO7IfuzKa81seKzpG1xGfZaCLlkpx8L4fQG2MrOr55XqCRqVpY8TYvcPU6V-jUcG5ky9haXOwul5ebTNeeKH7QI07FUYvrtTN50in-jFc_-_bYwijLwNym_MGtiJB/s1600/cora%25C3%25A7%25C3%25A3o+com+asas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitOFgN_Ci3oKEg3rNkO7IfuzKa81seKzpG1xGfZaCLlkpx8L4fQG2MrOr55XqCRqVpY8TYvcPU6V-jUcG5ky9haXOwul5ebTNeeKH7QI07FUYvrtTN50in-jFc_-_bYwijLwNym_MGtiJB/s400/cora%25C3%25A7%25C3%25A3o+com+asas.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small; line-height: 14.95px; text-indent: 47.2667px;">Imagem de </span><a href="http://fang-prints.blogspot.com.br/" style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: small; line-height: 19.9333px; text-align: justify; text-indent: 47.2667px;">http://fang-prints.blogspot.com.br/</a><span style="font-size: x-small; line-height: 18.4px; text-indent: 47.2667px;"> </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Às vezes, me deparo
com algumas cobranças pessoais ao supor que não tenho feito o “dever de casa”
da antiga função de opinar sobre os filmes e/ou temáticas sociais. E sinto que
as horas do dia são as mesmas, os programas de assistir aos filmes são ainda
mais intensos, as ideias sobre o formato narrativo das produções são
cumulativos de contribuições e novos arranjos nos assuntos, e as comparações
com os tempos idos em que tudo “dava tempo” se tornam momentos de angústia
pessoal. Paro para pensar. Por que me cobro tanta coisa? Já não produzi tanto?
Já não apresentei as lições de acordo com o estabelecido? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Mas é o tempo das
amarras que impõem a culpa. Quando a idade chega e define quais prioridades
devem ser assumidas vemos que algumas funções que acumulávamos podem ser menos
tensas e, ao ariscarmos as mudanças, estas não sintonizam de imediato com a
disposição que queremos dar-lhes. E nesse confronto, um olhar mais distanciado
nos remete aos nossos ganhos e perdas, sendo um momento que devemos manter os
lucros porque já enfrentamos muitas travessias para avançar e garantir o êxito.
Se naquele momento não reconhecemos valores como a coragem, a ousadia, hoje
olhamos pra trás e pensamos: “como foi possível enfrentar essas dificuldades?
Fui eu, mesmo?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Por que forçar o
espírito das coisas quando a realidade nos oferece tantos bens que podem
reacender as motivações da vida? São tempos diferentes vividos, assumindo as
práticas da idade. Ontem a infância nos lançou em várias frentes: na família,
na sociedade, na escola, na religião, e tudo o que circulasse fora dessas
instituições era motivo de controle. Que na adolescência tomava percurso
diferente porque as ideias do “eu sou o quê?” chamuscavam certezas recebidas
dos orientadores e nos faziam criar estratégias para fugir à submissão que nem
sempre era saudável. E na juventude e idade adulta as decisões se incluíam num
jogo de coragem firmando a capacidade de resolver sem hesitação os processos de
nossas próprias escolhas. Na ancianidade, a soma de todas as vivências atinge o
seu clímax e nos oferece a oportunidade de olhar ao redor e sentir que o
empoderamento foi construído nos vários percursos que foram dados, muitos deles
por caminhos desconhecidos. Muitas dúvidas, ainda. Mas na crença que podemos
avançar sempre procurando desatrelar os nós construídos em certos (des)valores
herdados de determinados estatutos sociais antiquados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">Se na época da nossa
formação de infância e juventude se desconhecia o preconceito social, sexual,
étnico, de gênero e tantos mais impingidos como “naturais” pelas instituições
que haviam tomado a frente da pedagogia humana submetida ao sistema patriarcal
dominante, a experiência que vem com a velhice deve transgredir essas regras e
criar meios de fugir de certa cultura tradicional que oferece a estabilidade do
status quo e violenta os direitos humanos. Há tantas posições hoje aquecidas
com o ranço do ódio dizendo-se religiosas ou procurando extrair de livros
bíblicos a definição de comportamento humano que não é possível enxerga-las
como benéficas. E o aprendizado prossegue intentando subverter o que é possível
para não cair nas amarras que só fazem mal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">No blog do Geledés (<a href="http://www.geledes.org.br/">http://www.geledes.org.br/</a> ) um texto
interessantíssimo (“Por uma pedagogia antirracista desde a creche:
descolonizando as armadilhas da educação básica”) remete ao “que fazer”
quebrando vínculos com os preconceitos. Recorto um trecho para finalizar este
texto: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 115%;">“(...) É necessário
que descolonizemos os “nossos ouvidos” do adultocentrismo permitindo olhar os
meninos pequenininhos e as meninas pequenininhas como sujeitos que criam e
recriam as relações sociais, bem como resistem a inúmeros enquadramentos normativos
estabelecidos para a manutenção das desigualdades sociais.” (...) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-72612805267794460682016-04-17T03:45:00.000-07:002016-10-01T02:45:50.130-07:00 AS MULHERES NA POLÍTICA, O VOTO CONQUISTADO E AS LUTAS AINDA EM AÇÃO. AGORA CONTRA UM GOLPE.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbH8yo03r1J70Ki9RAgwa0uOre3HE_UHOPR13MpMu-jfJ-Hk7UXPYwXRE-7ow0NZJK9_0HA4Sn9Oi7xM7WehPvXDXJlpaYOqJfO5Yve20-pN3jYU6IWxn5ClLb84uotcblaRpGFHfAPRQs/s1600/00_24_de_fevereiro_voto_feminino_carlota_pereira_de_queiros_assinando_a_constituicao_16_07_1934.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><img border="0" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbH8yo03r1J70Ki9RAgwa0uOre3HE_UHOPR13MpMu-jfJ-Hk7UXPYwXRE-7ow0NZJK9_0HA4Sn9Oi7xM7WehPvXDXJlpaYOqJfO5Yve20-pN3jYU6IWxn5ClLb84uotcblaRpGFHfAPRQs/s400/00_24_de_fevereiro_voto_feminino_carlota_pereira_de_queiros_assinando_a_constituicao_16_07_1934.jpg" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Carlota Pereira de Queiroz, a primeira mulher a ser eleita ao parlamento brasileiro, assinando a Constituição de 1934.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">As mulheres brasileiras, qual as
mulheres do mundo todo, conseguiram o direito à cidadania política na ordem
democrática, ou seja, o direito ao voto, através de muitas lutas, prisões,
mortes até que as normas criadas por uma sociedade que as considerava "cidadãs
de 2a. categoria" , desprestigiando-as, lhes outorgasse esse direito. Nada
foi "de graça". Sangue, ferro e prisões têm mostrado às mulheres que
elas têm que se manter alertas para não perder direitos conseguidos nesses
moldes agressivos.<br />
Ser elegível no processo de representação política também não foi assim tão
fácil. Cargos majoritários, no Brasil, somente em 2010 uma mulher conseguiu
alcançar. Dilma Rousseff foi a primeira a galgar esse posto. Mas está sendo
agredida em nome das políticas que ela administrou num mundo que também sofre
de distúrbios econômicos. Mas as acusações resvalam para o preconceito de ser
mulher num cargo de alto poder de administração publica - uma exclusão
sociopolítica que submete a todas as mulheres do mundo.<br />
Não me calo diante desse infortúnio. De ver, há mais de 30 anos de estudos e
pesquisas que as versões da cultura sexista são as mesmas, são de âmbito
secular.<br />
Respeito as mulheres que não estão entendendo o processo, cuja mente tem sido
"lavada" pela mídia raivosa e parcial que teima em deslocar suas
versões para o âmbito político-partidário e etc. Mas não perdoo a quem se
submete, desculpem, parentes, amigos e demais, e também não me KALO.<br />
VIVI OS MOMENTOS AUTORITÁRIOS DO PAÍS , ASSIM COMO SOFRI COM OS AMIGOS QUE CAIAM
NAS MALHAS POLITICO-POLICIAIS.<br />
E hoje, 17/04, me posiciono: viva a democracia! vida a luta das mulheres! que
vença hoje a legalidade democrática.<br />
Na imagem que encima o texto relembro o momento em que Carlota Pereira de Queiroz
assinava a Constituição de 1934 (com a posição de 1932 pelo direito do voto
feminino). Veja-se: somente uma mulher. Rodeada de homens. E ai? Quem se
habilita a desconhecer que as leis e normas têm sido criadas e legisladas e
impostas pela cultura sexista que teima em se manter? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><a href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1129430593791156&set=a.128614160539476.23645.100001726793610&type=3"><span style="color: #3b5998; text-decoration: none;"><br />
</span></a></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-79909707074760077632016-03-25T02:10:00.000-07:002017-01-06T09:54:07.697-08:00 QUANDO O PODER É SOLITÁRIO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiK9M60F_Ty-SJ708WpXK2kmm6Lb6bsr97eKYyk4vsrgznIcz3JtLNCEQlPletTqQCa-BS4xC83LuosQCsh4J7x9TBE5OolxrZ8va7uBwcg-iGBHSMyUJAEhojQgdKuViCwWlIVexbYEs5/s1600/Dilma+presa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiK9M60F_Ty-SJ708WpXK2kmm6Lb6bsr97eKYyk4vsrgznIcz3JtLNCEQlPletTqQCa-BS4xC83LuosQCsh4J7x9TBE5OolxrZ8va7uBwcg-iGBHSMyUJAEhojQgdKuViCwWlIVexbYEs5/s400/Dilma+presa.jpg" width="292" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; line-height: 115%;">Dilma Rousseff diante de uma corte de julgamento. Presa, lutando pela democracia. Solitária, aquele momento. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Acompanho, tanto como eleitora como
militante social e mais ainda como cientista política as sucessivas tendências
de desgaste político a que vem sendo submetida a Presidenta Dilma Rousseff,
desde o momento em que foi eleita para o cargo pela segunda vez, em outubro de
2014, com 51,64% de 54.501.118 votos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As forças opositoras que não
conseguiram o cargo pelo direito do voto popular do sistema de representação
democrático, criaram uma agenda para desgastá-la formal e pessoalmente sendo
visível esse jogo que se tornou uma medida sistematizada das lideranças do
partido que perdeu as eleições agregando aos
demais representantes de uma elite partidária que embora estivesse integrada à base coligada para
manter a governabilidade do momento, montou seus palanques e procurou cada vez
mais contaminar as múltiplas vertentes que pudessem servir aos momentos mais
promissores para cultivar esse desgaste. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O séquito de opositores partidários e
da elite conservadora se formou nesse tempo em que o executivo federal procurou
estabelecer uma política de rearranjo econômico e social e revalidação de
políticas cambiáveis com um tempo de recessão mundial estabelecendo medidas de
combate à corrupção política em órgãos integrados às políticas de crescimento
econômico e cujas mazelas não se apresentavam com a cara atual, mas vinham de
outros governos que subsidiaram as tramas gastando os recursos de seus próprios
governos para garantir a hegemonia no poder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas foi em Dilma que recaíram as
dúvidas de que era neste momento que as “operações pró-corrupção” eram de seu
governo e não vinham de outras épocas. Sangra-se assim, até a morte moral um
governo que jamais fechou um canal de imprensa, uma rede social que emitia
opiniões ambíguas com o objetivo de criar maiores chagas no desgaste. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As denúncias de corrupção que eram
executadas pelos detratores do governo, em que pesem serem emitidas por fontes
institucionais consideradas jamais transbordaram para um noticiário de imprensa
com acesso de grande alcance. As opiniões dos jornalistas dessa imprensa sempre
ocorreram de forma ambígua , tratando o caso com evasivas e/ ou trazendo
convidados/as para emitir opinião com o foco na
tabela solitária de um “Brasil que vai pra trás”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Até o momento em que se dá a
responsabilidade de todas as políticas que se criam para fornecer acesso a um
Brasil que está forte, que segue vencendo crises mesmo com arrochos e que há
necessidade desses acertos para mostrar esse encaminhamento de responsabilidade
esse comportamento é tomado como passível de ser um dos motes de um processo de
impeachment à mandatária do País.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É aqui que fica no ar minhas questões
considerando que embora tenha meu direito de eleitora estou na posse de meus
direitos de cidadã para lançar tensão com ímpetos de receber respostas, não dos
querelistas, dos tendenciosos, dos que não estão “nem aí” para a vida política que representa o Brasil democrático porque foi eleita por mais de
50 milhões de eleitores: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">a)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde anda esse
eleitorado? Encolheu com as denúncias capciosas dos opositores partidários que
perderam as eleições em 2014 e se propuseram a “avacalhar” os representantes
eleitos até chegarem ao poder? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">b)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde andam os
movimentos sociais que não repercutem em coletivo salvo em posições de um ou
outro líder sobre a situação que está sendo vilipendiada nacionalmente? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">c)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde buscar os
filiados/as do Partido incumbente – o PT – que embora em notas aqui
ou acolá – não tomaram à frente a posição de desmontar esses incautos predadores?
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">d)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde estão os
grupos de pressão integrados ao PT que se calam e em um ou outro post nas redes
sociais acha por bem assumir uma posição às vezes ambígua para desnortear esse
arcabouço de incertezas contra a presidente? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">e)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde fica o
Ministério da Justiça que deixa as inverdades escalarem a tal ponto a linha
informativa que não acorre às leis e as posições demonstrativas de que o lado
da barganha tradicionalista está tomando a frente do poder e desmontando
falaciosamente os caminhos da busca por uma política de integração com o mundo
em recessão para sair da crise?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">f)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Onde andam os
movimentos de mulheres e feministas que deixam as pancadas masculinas (de
homens e mulheres) sangrarem até a morte o corpo político e físico da primeiro
mulher a ter a ousadia de assumir o poder de decisão nacional, procurando
articulação com as coalizões partidárias que só têm mesmo de seu o medo de
perder o poder? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">g)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aonde andam as
lideranças das coalizões partidárias do governo que não tomam a frente de uma
ofensiva mais direta nessa onda de terror político que tem deixado o país em tensão,
sem saber para onde correr?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 115%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">h)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E finalmente,
aonde anda a imprensa alternativa que não cria um coletivo para se apor contra
esse “globismo” inveterado que vem dissipando as mentes da população desde as
primeiras fases da ditadura de 1964?</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Fico pensando que temos nas mãos o
poder de reverter esse estado de coisas que está ocorrendo no Brasil, e mesmo
se forem usadas as armas dos detratores devemos estar seguros de que
vislumbramos o poder solitário da Presidenta Dilma Rousseff e não a deixaremos
só. (<o:p></o:p></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px; text-align: center; text-indent: 47.2667px;">Luzia Álvares)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br />
(Obs. Texto escrito há mais de dois meses quando as forças sociais ainda estavam muito silenciosas)</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-49498814784218636792016-03-04T02:51:00.000-08:002016-03-04T02:51:09.709-08:00ENTREVISTA - O FEMINISMO E AS VÁRIAS FORMAS DE VIVER AS RELAÇÕES DE GÊNERO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-u-udUlOKxfEGb-dG1sJ7IUWydXYeaKFd6XCuaEBBQIb9lQS5Ffqh6mUV7FJzM6zvcuiW6T2EFoDtIF3hOvnndjmaKVqBMeWaDbM25gt6I00oycoU1mf9JQKLW8zvk5wAuEIm4zlZza4m/s1600/feministas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-u-udUlOKxfEGb-dG1sJ7IUWydXYeaKFd6XCuaEBBQIb9lQS5Ffqh6mUV7FJzM6zvcuiW6T2EFoDtIF3hOvnndjmaKVqBMeWaDbM25gt6I00oycoU1mf9JQKLW8zvk5wAuEIm4zlZza4m/s320/feministas.jpg" width="247" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">Publicada no jornal "Diário do Pará" em dezembro de 2015, a entrevista considerou minha posição tanto pessoal quanto institucional sobre o feminismo. A publicação neste blog quer celebrar as comemorações do Dia Internacional da Mulher - 8 de março de 2016,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1.O que é feminismo?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
É uma ideologia formada por um conjunto de ideias estruturadas no âmbito
teórico-cultural-institucional-pessoal das sociedades, que foi incorporada
pelas mulheres na luta por seus direitos e por se fazerem reconhecidas enquanto
pessoas humanas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2. O assunto ainda é um
tabu em tempos modernos? Por quê?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
A sociedade global criou suas próprias representações sobre um modelo feminino
forjado por um sistema patriarcal que definia e defendia a valorização dos
homens como seres mais dotados cultural e de conhecimentos, em detrimento do
saber das mulheres. Esse modelo de submissão e de aceitação a um tipo de viver
social o qual sempre foi esperado socialmente dos comportamentos femininos –
desde o modo de vestir aos gestos e atitudes – cravou até hoje a imagem das
mulheres que ainda sofrem violência doméstica por não seguirem o suposto
“aparato” criado para elas. Do aspecto objetivo – demandas por certas profissões,
atividades “femininas”, comportamentos – ao subjetivo – “instinto materno”,
posição apolítica sobre o seu corpo, desconhecimento de si mesmas porque as
torna “ingênuas” (sendo esse estado que a sociedade reclama) – todas as
possibilidades de envolver novos conhecimentos e consciência política sobre o
que é ser mulher servem, muitas vezes, de processos de culpabilização contra as
mulheres. As mais ousadas – enfrentando esses tabus culturais – ferem o sistema
proposto e caminham para conquistas profissionais, pessoais, afetivas –
enquanto um número significativo de mulheres ainda acredita que “ser direita” é
não fugir às imagens tradicionais. Por que ainda vigem esses esquemas de
manutenção do poder que as submete a esse esquema hostil? É que a cultura
disseminada pelo sistema patriarcal ainda é muito forte. E as mulheres têm
ainda certo receio em ser mal faladas. Existe isso? Sim. Veja-se que há
familias que ainda seguem esses tabus em nome da tradição. Existem mudanças no
ponto de vista feminino sobre isso? Sim, creio que sim. Caso contrário hoje não
haveria tantas e tantos lutando contra a discriminação contra as mulheres, a
homofobia, a violência doméstica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3. Você é feminista?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Sim, sou feminista. À medida que fui começando a visualizar as diferenças que
eu percebia entre as mulheres – não havia um só tipo de mulher, mas havia
várias mulheres que agiam diferentemente, algumas, minhas familiares – procurei
saber a história de vida dessas mulheres e dos homens seus companheiros – essas
foram as minhas primeiras impressões sobre essa ideologia sem dela fazer
bandeira. Mas através de leituras e de novos conhecimentos sobre o que era ser
mulher, o que era “mulher no modelo” e o que era conquistar espaços, sobre as
dificuldades desse gênero, que demonstrava sua inteligência e seu saber em
qualquer área fui me inserindo na luta sobre o reconhecimento dos direitos das
mulheres. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">4. Quando e por que se
tornou uma?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Vejo hoje que a condição de “ser feminista” foi o meu processo de existência
que me identificava como uma garota diferente dos meus irmãos, mas, por isso
mesmo, eu deveria me submeter a certos padrões femininos da época que aos
poucos eu fui entendendo que eram situações que desvalorizavam as meninas e as
mulheres em relação aos meninos e homens. Conhecer o porquê uma jovem era
“malvista” na minha cidade e cujo comportamento eu não deveria seguir, fazia
parte da cultura familiar. No colégio religioso, no internato em Belém, eu me
incorporava ainda àquela tradição de “meninas bem-comportadas” e achava
estranho que outras colegas fossem vistas como “malcomportadas”. Toda essa
bagagem acumulada sobre “ser mulher” e “ser homem” se incorporava na minha
forma de ser. Já casada, com filhas, procurando seguir os estudos e alcançando
o vestibular na área das Ciências Sociais/UFPA fui abrindo minhas ideias e meu
reconhecimento sobre o eixo tradicional - “meu marido”, minha casa”, meus
filhos” - ampliando-se para o olhar
sobre as múltiplas mulheres minhas colegas e então, com o pronome possessivo
(nosso) – passei a desmontar a figura única feminina para um olhar mais
concessivo às múltiplas mulheres com seus problemas, suas vidas, e uma
infinidade de outros comportamentos. Me conscientizei da cultura sexista
acumulada e passei a lutar contra esses paradigmas clássicos da “imagem
feminina”. Investi em me tornar uma outra mulher.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt;">5. Você é uma feminista ativista? (Se
sim, explique o que faz uma e, se não, explique que feministas não precisam
necessariamente ser ativistas).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Há feministas e vejo que algumas são ativistas. Outras são ativistas, mas não
se consideram feministas. Cada pessoa tem sua opção por ter respeitada sua
forma de ser, a identidade com a qual se investe. Na verdade, a medida que
entendi o processo de socialização das relações de gênero em que as pendências
desvalorizadas tendiam sempre para as mulheres, passei a ser uma feminista
ativista. Como me faço ser? Tenho clareza que há muito os paradigmas que tratam
dos direitos humanos incorporaram a luta das mulheres por direitos e por
respeito com o fio condutor das lutas sociais. Por que essas lutas além de
abraçarem as demandas das mulheres, trazem em seu bojo a luta dos diversos
seres humanos que são discriminados socialmente. Assim, estudo, pesquiso, escrevo,
oriento, faço palestras, divulgo, integro grupos sociais e de mulheres os mais
diversos procurando avaliar o quanto é difícil uma ativista assumir a todos os
problemas do mundo e ainda viver em família, com os problemas internos desse
grupo. Mas de qualquer forma estou na luta pela justiça social e pelos direitos
humanos das mulheres, dos homens, das crianças, dos idosos, dos homossexuais,
dos transexuais, dos negros, dos indígenas e tantas e tantas categorias.
Enquanto eu tiver vida vou estar do lado dos menos favorecidos socialmente. E
vamos ganhando espaços. Ativismo é não calar diante do preconceito e da
discriminação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">6. O que defendem as
feministas?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Se antes a política pelos direitos das mulheres mostrava-as com essa única
bandeira para garantir conquistas, hoje as feministas estão em todas as frentes
em que se faz necessário lutar pelos direitos humanos. Dizer que elas estão
lutando só pelos seus problemas é estar de fora da filosofia feminista atual
que tem um leque de demandas para criar o emblema do reconhecimento da
diversidade. Lutamos pela incompetência da parcialidade dos direitos, lutamos
contra uma cultura segregacionista, lutamos pela amplitude do abraço a todos os
seres humanos que estão sem direitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">7. O feminismo é forte
hoje ou já foi mais forte em tempos passados?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Não há feminismo, mas feminismos. Sim, a ideia de ampliar a luta das mulheres
para contemplar a discussão dos problemas aos demais seres humanos é de ontem,
mas hoje se torna bastante intenso. Em cada tempo ele se fortaleceu pelas
circunstancias que demonstravam situações de exploração contra as mulheres, mas
ainda hoje se reconhece que ele jamais “cairá de estação” até quebrar algumas
das ainda persistentes desigualdades sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">8. Qual a diferença das
feministas de ontem para as feministas de hoje?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Em séculos pretéritos, a luta pelo direito político das mulheres, ou o direito
do voto feminino tornou-se um tema recorrente de discussão. Mas nessa demanda
pela cidadania política onde o voto era o elemento de inclusão política, havia
outros processos de valorização que se incluíam com o direito do voto, como o
direito a educação de qualidade, o direito ao trabalho qualificado e as
relações de trabalho condignas e as profissões de um modo geral. Se essa
política pública foi conquistada, hoje, muitas demandas ainda estão na agenda
das feministas que vão para as ruas em busca de respeito pelo que vestem, pelo
que querem, pela forma de transitar livremente nos mais variados espaços. E tal
qual essas mulheres, hoje, todos aqueles que se julgam excluídos fazem coro e
repercutem as demandas por seus direitos. A luta contra a violência doméstica e
sexual contra as mulheres é uma pauta que mexe com a cultura sexista que ainda
está presente na sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">9. A sociedade as vê de
forma diferente em tempos modernos?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Sim, ainda hoje, em todos os espaços, há discriminação contra as feministas que
são vistas de forma equivocada como querendo o espaço masculino e/ou intentando
igualar-se aos comportamentos desses seus parceiros. Na verdade, a cultura
sexista está impregnada socialmente. Meus alunos do curso de ciências sociais
relatam casos deprimentes de críticas preconceituosas quando começam a
apresentar assuntos sobre a questão da mulher. E olhe que eles estão numa
universidade e num curso que supostamente faz a crítica da sociedade...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt;">10. Temos uma presidente mulher, e
muitas mulheres hoje ocupam cargos importantes. Nós avançamos, mas ainda há
muito que mudar. Cite as principais reivindicações.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
A luta das mulheres pelo aumento do número delas na representação política é
histórica e ainda não acabou com a conquista do direito do voto, cotas
partidárias etc. Foi um avanço termos uma mulher na presidência da república,
mas nos bastidores, se há bombardeio de críticas a sua política de governo
busque o subjacente sobre a questão das “mulheres no poder”. A cultura contra
as mulheres nos espaços de decisão política vai “passar para a opinião pública”
como se fosse uma luta partidária, mas não é somente isso. Vejam-se as charges
e as críticas a Dilma não ter marido, ser gorda, vestir-se desta e não daquela
forma e etc, etc. E aos presidentes, fizeram essas mesmas charges? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
momento, as reinvindicações para a ruptura com a sub-representação política
feminina, no caso brasileiro, se inscrevem, inicialmente, com demandas
específicas na aprovação da mini-reforma da Lei 12.034/2009 a destinar 5% do
Fundo Partidário para a formação política das mulheres, tempo de propaganda
partidária fora dos anos eleitorais com vistas a difundir a participação das
mulheres, alteração no parágrafo terceiro do artigo 10 da Lei 9.504/1997, que
estabelece o número de vagas de candidaturas que cada partido ou coligação
destina para cada sexo - “lei de cotas para mulheres”. Ao invés de “deverá
reservar” 30% das vagas, a reforma estabeleceu o termo “preencherá” o mínimo de
30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas
de cada sexo”, enfatizando o caráter obrigatório do dispositivo. Na reforma
política prevista para as discussões deste ano, outros dispositivos devem
entrar na pauta como a mudança da lista aberta para a lista fechada com a
alternância de nomes de mulheres e homens entre outros pontos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt;">11. Na festa do Oscar-2015 algumas
atrizes presentes protestaram sobre a perguntas que fazem a elas sobre seus
vestidos no tapete vermelho, mas esperam tratar de sua carreira, planos,
atuação.. Da mesma forma que perguntam aos homens. Qual sua opinião sobre o
assunto?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">R.
Nos anos 1960, na chamada Segunda Onda Feminista, a teórica norte-americana
Betty Friedan revolucionou o mundo quando propôs que as mulheres não deveriam
ser vistas somente pelo seu sexo, mas por sua inteligência, seu saber. Houve
uma crítica ferrenha a esse novo discurso – com o movimento de “queima dos
sutiãs” – mas demonstrativo de que também tínhamos ideias inteligentes e
deveríamos ser reconhecidas como tal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Hoje,
quem está empenhada nas novas questões de ruptura aos estereótipos culturais ao
se sentirem mulheres profissionais da arte, mães, esposas, são as atrizes do cinema
que avaliam a forma discriminadora de serem tratadas nos papéis que representam
ou nas questões que são apresentadas nas entrevistas a que são submetidas
devido ao tipo de perguntas que a mídia lhes faz. Esse não deixa de ser o
confronto com o mundo masculino da arte cinematográfica que sempre situou o
homem com os principais papéis. Elas estão constatando também que mesmo nessa
área não são levadas a serio. É importante a conscientização dessas grandes
mulheres que circulam em múltiplos papéis além de seus próprios enquanto seres
humanos. Elas merecem respeito. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">(</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Nome: Maria Luzia Miranda Álvares, abaetetubense, doutora em Ciência Política,</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">75 anos, d</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">ocente e Pesquisadora universitária (UFPA) e jornalista com trabalho de mais de 40 anos sobre cinema e política). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-31205877307268165332016-02-24T01:46:00.000-08:002016-02-24T01:46:13.146-08:00O VOTO FEMININO, O SUFRAGISMO PARAENSE E OS NOVOS TEMPOS<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0xnpXmdn7C1S2Bkg4MfYrsQJvKCH2pSUqq1ep_GhyphenhyphenkmVrrtRp4kThNYLI4ALPUnjZPTXCwooDsryRx_RZtZU2jSwBE2uF3EdX6SLfAJ8nmlD8wlboeo97Vu3xxmVyzd18w8DVOc8lKhAG/s1600/voto_feminino_em_193275243.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0xnpXmdn7C1S2Bkg4MfYrsQJvKCH2pSUqq1ep_GhyphenhyphenkmVrrtRp4kThNYLI4ALPUnjZPTXCwooDsryRx_RZtZU2jSwBE2uF3EdX6SLfAJ8nmlD8wlboeo97Vu3xxmVyzd18w8DVOc8lKhAG/s400/voto_feminino_em_193275243.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Primeiras brasileiras a exercerem o direito do voto </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Há
84 anos, no dia 24 de fevereiro de 1932, foi promulgado o 1º Código Eleitoral
brasileiro, através do Decreto 21.076, adotando-se o voto direto, obrigatório e
secreto e o sufrágio universal, onde foi, finalmente, formalizado o direito de
voto das mulheres. Entre essa conquista e as lutas empreendidas para o alcance
desse passo na cidadania feminina, um grupo de mulheres lideradas por Bertha
Lutz e parte da sociedade brasileira se movimentaram desde os primeiros anos da
década de vinte. Sobre essas ações, considerando a presença das mulheres
paraenses em movimentos políticos instigativos extrai fragmentos da história
desse processo no Pará para a minha dissertação de mestrado tornando visível os
avanços que nossas conterrâneas impuseram no processo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Desde
a década de 1920, a sociedade paraense presenciou o debate sufragista. Em 1923,
Orminda Ribeiro Bastos, advogada e jornalista, posiciona-se através da
imprensa, desenvolvendo pontos positivos e negativos que ela considerava
essenciais nas reivindicações do movimento emancipacionista instalado no sul do
país, através da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Faz conferência
para a Liga Cooperativa das Operárias de Fábricas, enfatizando a necessidade de
instrução como ponto fundamental para a ascensão da mulher na luta pelos seus
direitos políticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
imprensa da época exala um forte anti-sufragismo nos textos que publica. A
ideologia dominante na sociedade reafirma a reprodução dos papéis sexuais,
aprisionando a mulher em nome de uma suposta fragilidade biológica, em um campo
de atividades menos valorizadas socialmente. Mostra-a "imperfeita e
frágil" para suportar a "dureza" imposta pelas condições da
política, enquanto o homem, "forte e perfeito" é "talhado"
para assumir o espaço público e político. Esse discurso reforçava ainda a
concepção sobre a ignorância cultural da mulher apta apenas a mexer
"panelas e mingaus". O confronto atinge as raias do paroxismo, quando
a prática sufragista é invocada para estabelecer dúvidas à honra da
"mulher-cidadã".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">O
direito do voto levaria a abertura de outro caminho até ali restrito aos
homens, a atividade político-partidária, concedendo às novas
"cidadãs" o direito de ombrear-se aos "varões" de igual
para igual. No discurso de alguns anti-sufragistas deste período, subjaz, de
alguma forma, a preocupação com essa provável "igualdade", pois estes
desconfiavam que a concessão do direito do voto, levaria, cedo ou tarde, à
efetiva representação parlamentar das mulheres, campo restrito da política
partidária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Em
1929 as paraenses Maria Aurora Pegado Beltrão e Corina Martins Pegado solicitam
ao Juiz Federal o alistamento eleitoral, mas o arrazoado jurídico contrário à
solicitação arvorou-se na justificativa de uma ruptura com a imagem tradicional
da mulher.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Orminda
Ribeiro Bastos é, sem dúvida, a liderança pioneira do sufragismo paraense da
década de 1920. Sua figura mantém um nível equilibrado no debate jornalístico,
apresentando suas próprias dúvidas sobre a concessão irrestrita do voto à
mulher e à filiação do movimento brasileiro ao movimento norte-americano. Seu
compromisso evidencia maior instigamento ao interesse cultural que deveria
pautar a preocupação da mulher às suas condições de desigualdade com o sexo
oposto. A "anarquia social" vivenciada pelo sistema político
brasileiro e o "mau caminho" que tomaria o voto feminino, nessas
condições, preocupam Orminda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">É
somente em meados de 1931, já instalada, portanto, a revolução de trinta, que
se organiza o núcleo feminista, no Pará. A “Folha do Norte” de 12 de junho de
1931 dá o tom da notícia referindo as principais repercussões do movimento em
nível nacional. Do registro dos nomes das sufragistas paraenses à frente da associação
feminista, identificam-se mulheres com expressão no meio das letradas. O Núcleo
Paraense pelo Progresso Feminino é instalado oficialmente em 21 de junho de
1931, constituindo-se uma diretoria provisória sendo indicada Presidente de
Honra a esposa de Justo Chermont, Izabel Justo Chermont.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">O
processo histórico da instalação do movimento sufragista paraense tem uma aura
particular e os dados levantados identificam as personalidades femininas de
mulheres letradas que organizam o movimento. Mas há um ponto dissonante: são
mulheres espíritas que seguem à frente do movimento e, com isso, o sufragismo
inicial neste estado favorece discursos inflamados contra elas do clero
católico, a exemplo, os escritos da Folha do Norte assinados pelo Padre
Florence Dubois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Deslocando
os avanços da cidadania feminina nacional para os dias atuais pergunta-se: o
que representou a conquista do voto pelas mulheres brasileiras na ascensão aos
cargos eletivos proporcionais e majoritários considerando que esse valor era o
mote da participação feminina nesses espaços de poder? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Num
processo continuo, mas incipiente de avanços, vê-se que a nova legislatura
iniciada em 2015 cresceu muito pouco em relação a anterior. No Senado, 11
mulheres representam 13,6% dos 81 senadores. E nas Assembleias Legislativas
houve o maior número de mulheres candidatas em eleições gerais, mas somente
11,33 % ou 120 parlamentares eleitas. O número de deputadas estaduais e
distritais diminuiu 14,89% ao compará-lo à bancada de 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Quanto
ao Pará, o eleitorado feminino é de 50,21%, aumentando em relação às eleições
de 2010 que era 49,92%. Sobre as candidaturas de representação parlamentar,
vê-se que de um total de 170 candidatos para a câmara federal, 31,76% eram
mulheres. Nesse caso, este estado que apresentava 5,9% proporcional ao número
de cadeiras (17) cresceu para 17,64%, uma vez que elegeu três mulheres, sendo
uma reeleita e duas novas. Para deputado estadual, de 637, havia 182 candidatas
ou 28,57% do total, contudo, em 2010 tínhamos 7 mulheres eleitas, e no pleito
de 2014 reduziu-se para 3.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
não opção das mulheres por um cargo eletivo tem muitos componentes entre os
quais a cultura sexista, falta de financiamento de campanha e outros itens da
agenda política.<o:p></o:p></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-7946354273646054142016-01-12T07:53:00.001-08:002019-01-12T07:22:07.680-08:00BELÉM, NOS 400 ANOS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnW_bckwIUilfXBkkjyUFuI8wo1joqHDTjEqxvbv8vV-tmZLbUtE1z2kf31t129tivayL-E3MNS1aNXpKOmQ9uRk1F8P76ONSwsLWMk1oyZ_VSuBGA9vRyhEgUvArstU7ymLT8NQDt6XJt/s1600/belm-antiga-3-728.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnW_bckwIUilfXBkkjyUFuI8wo1joqHDTjEqxvbv8vV-tmZLbUtE1z2kf31t129tivayL-E3MNS1aNXpKOmQ9uRk1F8P76ONSwsLWMk1oyZ_VSuBGA9vRyhEgUvArstU7ymLT8NQDt6XJt/s400/belm-antiga-3-728.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A
linha do tempo da história de Belém na minha vida tem um início bem definido:
um tempo escolar em que esta cidade acolhia pré-adolescentes em fase de
prosseguir seus estudos, haja vista que nas demais cidades interioranas só
havia o ensino elementar, ou o chamado ensino primário, uma das etapas da
educação básica no Brasil. Era praxe, como dantes (jovens que seguiam para o
exterior) e ainda agora (hoje com maiores facilidades porque há escolas de
ensino médio em todas as cidades paraenses), os pais que tinham posses,
inscreverem seus filhos e filhas nos colégios da capital. Alguns eram
hospedados em casa de parentes, outros, sem essa facilidade, tinham que arcar
com recursos próprios para que seus filhos/as ficassem internos em colégios
particulares, nesse caso, o Instituto Santa Rosa, o Santo Antonio, o Gentil
Bittencourt, o Santa Catarina, o Lar da Providência, para as meninas, e para os
meninos, o Colégio do Carmo e o Nazaré. Havia os semi-internatos, casas
familiares que recebiam jovens interioranos, como o da casa da Professora
Nídia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Desde
pré-adolescente, então, reconheci esta cidade como o espaço que me daria uma
formação aspirada pelos meus pais, e nessa trajetória, os anos se passando, a
aclimatação me deu oportunidade de convívio com a geografia do território onde
as letras do saber mais apurado iam se acumulando e o reconhecimento sobre o
cotidiano desse espaço se tornava mais um saber a dividir, em períodos de
férias, com os familiares e/ou os amigos interioranos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">É
desse tempo que suponho ter passado a amar esta cidade que mais tarde se tornou
o berço das minhas filhas e hoje, de netos/as e de um bisneto. O deslocamento
residencial circunstancial entre os bairros belenenses definiu o meu
entendimento sobre as políticas urbanas que se faziam de forma diferenciada
reconhecendo o que era centro, médio-centro, periferia e vilas-satélites. A
convivência, desde a adolescência, com essas comunidades, mostrava-me a
circunscrição habitacional revelando-se áreas de moradia, de comércio, de
feiras, de acumulação do lixo que era recolhido e levado para o forno
crematório (desativado há algum tempo), um local do Bairro da Cremação criado
na administração do Intendente Municipal Antonio Lemos como medida de
saneamento. Os lugares públicos como as praças ficavam sempre nas áreas do
centro da cidade, efeito ainda desse processo de urbanização lemista. Casas
edificadas de tipos semelhantes às imagens de residências européias mostravam o
garbo de um passado que teria sido de grande riqueza e empenhado nos emblemas
de títulos como o de “Metrópole da Amazônia" ou de "Cidade das
Mangueiras".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Deslocando
minha trajetória escolar de uma fase de reconhecimento meio superficial para
uma outra agora em nível de pós-graduação tive acesso à história regional
escrita e comentada verbalmente, à documentação sobre as políticas públicas que
foram propostas, legisladas e executadas e algumas impostas durante as várias
gestões no governo municipal de Belém do princípio do século XX. E desse
acúmulo de informações onde o centro da minha questão eram as mulheres na
política testemunhei, entre versões sobre os fatos ocorridos em ao menos dois
períodos histórico-republicanos, os litígios entre “príncipes” da política
local que se digladiaram, se arruinaram, foram depostos e expulsos da cidade. A
crise entre Antonio Lemos e Lauro Sodré e suas “entourages” que levou à
deposição e expulsão do primeiro há mais de cem anos (1912) demonstrou ser em
decorrência de modos políticos de governar. A denúncia da oposição contra o
“velho” Lemos cujo apogeu de mando se dá entre 1904-1909, mas durante 15 anos
no poder da cidade, se inclinava a considerar que sua gestão se realizava de
forma patrimonialista e dirigida às classes sociais altas, as únicas que podiam
legitimar a forma de urbanização e promoção da beleza da cidade cujo modelo ele
captava do governo Pereira Passos, do RJ, e da influência europeia na
arquitetura das edificações. Essa denúncia gerenciava a criação de movimentos
sociais chamadas de “frentes patrióticas” em forma de ligas intituladas “Liga
Moral de Resistência”, “Centro de Resistencia ao Lemismo”, “Clube Democrático
Lauro Sodré”, “Liga Feminina Lauro Sodré” que objetivavam “empreender campanhas
que solucionassem a chamada "anarquia social", supostamente
estabelecidas nacionalmente desde o período de Campos Sales, com a
centralização do poder das oligarquias estaduais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioU5KOeZbb0Ou_qhOWL9crLG_w9iNz3dgNFUjMif8qN4IBZotY83F7kYaYzRetg-C5xuR9iL6iaUVManZAegqxGXw7xSiFSZhgTXpHEwp7_oHc-ARM_ip9BY_TANSboJme6_p48hkZwli1/s1600/bele%25C2%25B4m.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioU5KOeZbb0Ou_qhOWL9crLG_w9iNz3dgNFUjMif8qN4IBZotY83F7kYaYzRetg-C5xuR9iL6iaUVManZAegqxGXw7xSiFSZhgTXpHEwp7_oHc-ARM_ip9BY_TANSboJme6_p48hkZwli1/s400/bele%25C2%25B4m.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Com
a interventoria de Magalhães Barata, em uma segunda república, a gestão da
cidade deu-se entre novos rumos onde as políticas do Programa da Aliança
Liberal promoveram medidas de cidadania fortalecendo a base de políticas
públicas para a classe operária, por exemplo, cuja situação deixou de ser
tratada como “caso de polícia” para ser favorecida como questão social. O
urbano belenense teve uma nova reconfiguração também, pois, as fábricas foram
acompanhadas pelo gestor estadual que tomava para sí os desmandos de
pauperização da população e as condições insalubres em que trabalhava o
operariado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Numa
Terceira República, pós-1945, a revalidação das questões sociais trouxeram a
reconfiguração do espaço urbano cuja “desodorização” (termo usado por Nazaré
Sarges) deixou de ser por uma estética plástica da cidade, mas de atenção por
novos espaços de sociabilidade intra-classes sociais. Praças públicas que
vinham sendo deslocadas de lugares centrais para bairros periféricos, a
territorialidade estendeu-se para pensar em outros significados ditados pelas
políticas públicas que eram exigidas então e implementadas segundo a vontade
política do gestor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Hoje,
o que pedimos como presente para festejar o aniversário de Belém, no caso esses
400 anos? Que os gestores administradores da cidade avaliem quais políticas
ainda estão nas gavetas e, conforme as possibilidades, implante-as, em torno de
áreas tão carentes como educação, saúde, saneamento, segurança e a cultura, um
dos ramos mais esquecidos ainda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Nestes
400 anos circularam na cidade muitas promessas de melhoria de vivência para a
população. Se Antônio Lemos (1897-1911) marcou o período de urbanização da
cidade concedendo partes do território urbano para o investimento com recursos
privados de um empresariado que se locupletou dessas benesses, mas deixou um
cenário simbólico da riqueza amazônica, Edmilson Rodrigues (1997- 2004) já nos
anos noventa do século XX recuperou parte do prestigio de marcos históricos e
investiu em novas imagens para levar ao apogeu alguns símbolos locais que
estavam desprestigiados. E nessa nova moldura incluiu as demandas de uma população
que definiu em assembleias populares a aplicação dos recursos a serem aplicados
no beneficiamento de demandas dos cidadãos que faziam parte da cidade. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Mesmo
que desfigurados, os documentos tradicionais e históricos desse tempo da
fundação da cidade, o belenense ama a sua terra e por isso pede que neste
momento de comemorações o poder público não esqueça que além das melhorias de
uma fachada arquitetônica não deixe de reconhecer que a cidade só é forte por
que seu povo faz dela o seu grande apoio afetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQYN8mD_jxKqASvA3W5aGG8Klj9ylNIPqckA1j0kNJg761sH_18GqtFPGIdKXtY1-8eNYMoy-q2X8HyA9QytlDNlmiT80C6MRy4DtXCVI0kiWHXBFeyIYmP_GfMOqNMibIOGVa6S0F5cGG/s1600/images+%25281%2529Bel%25C3%25A9m.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQYN8mD_jxKqASvA3W5aGG8Klj9ylNIPqckA1j0kNJg761sH_18GqtFPGIdKXtY1-8eNYMoy-q2X8HyA9QytlDNlmiT80C6MRy4DtXCVI0kiWHXBFeyIYmP_GfMOqNMibIOGVa6S0F5cGG/s400/images+%25281%2529Bel%25C3%25A9m.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8172528931670878519.post-65991376909378524172015-11-25T00:54:00.000-08:002015-11-25T00:54:03.931-08:00 CULTURA & POLÍTICA NA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7JL-KFvIRtExrtGq5RLY0Tt3cEUKE9gzrFMMHpeK4R7kOCO0dXbm3gT6TDqd5nFFvtMLPNXvuIITUWSWLTWAMk9x3JduVoWhfmG0P2SDUutW37l0LVfqFJmBPsboFfZQ_D8M1jX1fNHKD/s1600/viol%25C3%25AAncia+_Lisboa.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7JL-KFvIRtExrtGq5RLY0Tt3cEUKE9gzrFMMHpeK4R7kOCO0dXbm3gT6TDqd5nFFvtMLPNXvuIITUWSWLTWAMk9x3JduVoWhfmG0P2SDUutW37l0LVfqFJmBPsboFfZQ_D8M1jX1fNHKD/s400/viol%25C3%25AAncia+_Lisboa.jpeg" width="400" /></a></div>
<br />
<h2 style="margin: 0cm 0cm 7.5pt; text-align: center;">
<span style="color: #404040; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;"><a href="http://outrosentido.blogs.sapo.pt/428295.html"><span style="font-size: small;"><span style="color: #9b2626; text-decoration: none;">O </span><span style="color: #9b2626;">Primeiro Anúncio Contra A Violência Doméstica Publicado Na Arábia Saudita</span></span></a></span></h2>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;"> </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">As Nações
Unidas proclamaram o dia 25 de novembro o </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">Dia
Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">. Em 1991, o </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">Center for Women's Global Leadership</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">
(Centro Global para a Liderança das Mulheres) criou a </span><i style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">Campanha Internacional: 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência
Contra as Mulheres</i><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13pt; text-indent: 35.4pt;">, cuja idéia central visava uma ligação simbólica à
violação desses direitos. A ampliação da campanha de 25 de novembro a 10 de
dezembro considerou outras datas significativas no período: 1º de Dezembro – Dia
Mundial da AIDS; 6 de Dezembro - Massacre de mulheres em Montreal (inspiradora da
Campanha Mundial do Laço Branco); 10 de dezembro - Dia Internacional dos
Direitos Humanos. No Brasil, a Campanha tem sido realizada, todos os anos,
pelos movimentos de mulheres e organizações feministas.</span></div>
<div class="MsoBodyText3" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">A violência é
um termo polissêmico e aponta para as formas diferenciadas de constrangimentos
morais, coativos ou através da força física explícita, aplicada por uma pessoa
contra outra, num ambiente que pode ser tanto público no contexto social e
político, quanto privado como o familiar. Alguns autores consideram o ato
violento não apenas em situações episódicas agudas como a violência física, mas
incluem também aquelas formas evidentes de distribuição desigual de recursos em
todos os seus matizes. Este discernimento levou ao reconhecimento de que certos
comportamentos nas relações sociais, embora fossem vistos como “naturais”
tramavam contra a dignidade humana. A denúncia dos movimentos de mulheres ao
tratamento que suas congêneres recebiam em casa, no trabalho e em outros locais
de convivência, ao serem impedidas de participar de determinada atividade, ou
quando eram agredidas pelo marido, pelos filhos ou pelos pais ao transgredirem
a tradição dos afazeres domésticos, apontou-os como atos de violência doméstica
e, atualmente, recebem o tratamento especial de entidades governamentais e não
governamentais que consideram essas condutas destrutivas da condição humana,
propondo-se políticas públicas para o seu enfrentamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">A
punição aos atos de violência foi se inserindo então em resoluções, códigos e
leis, no Brasil, ganhando reforço com a</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-family: Cambria;"> Lei
11.340,</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">
Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006</span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-family: Cambria;">,
com vistas a incrementar o rigor das punições para esse tipo de crime. Uma
síntese da Lei, na Introdução do texto, compromete essa preocupação:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Mais
recentemente, em </span><span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-family: Cambria;">março de 2015 foi sancionada a Lei 13.104/2015, a
Lei do Feminicidio, “classificando-o como crime hediondo e com agravantes
quando acontece em situações específicas de vulnerabilidade (gravidez, menor de
idade, na presença de filhos, etc.).” (Mapa da Violência 2015- Homicídios de
Mulheres no Brasil). Não há unanimidade ainda nas definições dessa lei, sendo
criticada por diversos operadores da lei e pelos movimentos sociais e de
mulheres, contudo, os esclarecimentos sobre ela na pesquisa que foi realizada
por Julio Jacobo Waiselfisz (Instituto Sangari, SP) utilizou como “ponto de
partida para a caracterização de letalidade intencional violenta por condição
de sexo (....)” que há feminicidio “quando a agressão envolve violência
doméstica e familiar, ou quando evidencia menosprezo ou discriminação à condição
de mulher, caracterizando crime por razões de condição do sexo feminino. “
(idem, p. 8).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">A abrangência do termo violência
inclui formas diferenciadas de agressão à integridade física, moral e
psicológica das mulheres, implicando ainda em atos mais graves como
assassinatos pelos maridos, crime que até bem pouco tempo era acobertado pela
lei com a justificativa de que esses episódios fatais representavam “lavagem da
honra”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">O ditado
secular sexista “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, até
recentemente representava deferência à vida privada do casal, considerando que
os “entremeios” de alcova diziam respeito somente ao par, mesmo que essa briga se
tornasse geradora de uma ação de homicídio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Para Heleieth
Saffioti (1994: 44) “A violência masculina contra a mulher integra, assim, de
forma íntima, a organização social de gênero vigente na sociedade brasileira.”
Trata-se de uma cultura da hierarquia de poder que domina a estrutura social,
sendo legitimada pela ideologia que criou papéis sociais com base nas
diferenciações de sexo. As mulheres tendiam ser tomadas apenas pelo útero errante
no seu corpo, visto que sua figura era colada à maternidade. “Talvez uma das
maiores violências sofridas pelas mulheres tenha sido a própria construção de
sua suposta “essência” como algo situado no útero”, diz Margareth Rago (199l: 2). Essa organização clássica
ainda hoje se encontra instituída e é instituinte também, num contexto de
dominação, visto que o lar e a maternidade ainda representam o lugar “natural”
da mulher, e a rua e a política configuram
o espaço do homem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">A violência
contra as mulheres não escolhe idade, raça e classe social, pois em todas essas
situações já foram identificados casos graves com repercussões sociais, agravos
na saúde tanto física quanto mental e já levaram as vítimas ao caminho da
prostituição, das drogas e do suicídio. Os números mundiais são alarmantes, conhecendo-se
somente os dados extraídos dos casos denunciados nas delegacias ou em
tratamento hospitalar, pois há os fatos silenciados posto que as mulheres, sob
o domínio do medo, calam a agressão, o estupro, para não serem tratadas discriminadamente
e/ ou prevendo ameaças de morte de seus agressores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Esses fatos
são graves. Os movimentos de mulheres exigindo políticas públicas criaram
mecanismos de informação para o reconhecimento das medidas interpostas na
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher adotada pela OEA, em 6 de junho de 1994 e chamada “Convenção de
Belém/PA” (porque assinada numa reunião internacional em Belém), ratificada
pelo Brasil em 27 de novembro de 1995. Dar visibilidade a existência das
agressões que as mulheres sofrem como “atos naturalizados” constituindo-se em
violência doméstica, exige a punição aos culpados, medidas protetivas, atos de
repúdio pelos Estados-membros da OEA, estratégias para a ruptura com a política
do silencio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Há duas
questões para reflexão: a) a desinformação entre as mulheres e a sociedade em
geral sobre a hierarquização das relações de gênero motivadores dos atos de
violência contra esse gênero; b) a importância na inclusão dos homens nessas
discussões visto que a política do sistema patriarcal motivou tipos de valores
que definiram as hierarquias ainda hoje vigentes, a exemplo, a constatação do grande
índice de violência doméstica e sexual praticadas contra as mulheres na
sociedade e evidentes nos mapas que são construídos através de pesquisas nos
centros de Saúde para onde são conduzidas as vítimas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Neste registro
sobre o fenômeno da violência doméstica e sexual contra as mulheres me coloco entre
as pessoas que estão à frente dos movimentos de estímulo ao estudo da cultura
desse tipo de violência denunciando a discriminação e a homofobia como anti-valores
ancestrais que submetem secularmente o imaginário social em padrões estabelecidos
de comportamentos aspirados para os dois sexos. E quando o modelo tradicional é
perdido o grupo homofóbico se encarrega de criar outras leis para extinguir as
que já existiam e que haviam trazido benefícios exemplares à vida das mulheres.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;">Obs. Imagem extraída do endereço </span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 13.0pt;"><a href="http://outrosentido.blogs.sapo.pt/428295.html">http://outrosentido.blogs.sapo.pt/428295.html</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<h2 style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></h2>
<br />
<nav class="ink-navigation assinatura" style="border-bottom-color: rgb(204, 204, 204); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 1px; box-sizing: border-box; color: #a8a8a8; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; margin: 0px 0px 2em; overflow: visible; padding: 0px 0px 0.3em; position: relative;">
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</nav>Luzia Álvareshttp://www.blogger.com/profile/05987924836914837050noreply@blogger.com0